Vila Galé: Sabores do Douro e Alentejo

Desde 2002 que a Vila Galé produz vinhos e azeites no Alentejo com a marca Santa Vitória. É, e sempre foi, vontade da marca aumentar essa oferta, o que motivou a compra, juntamente com o empresário António Parente, do Grupo Madre, da Quinta do Val Moreira, em 2018. Desta forma, a Vila Galé conseguiu chegar à região do Douro.

A marca Val Moreira é composta por cinco vinhos DOC, vinhos do Porto e uma referência de azeite. Os vinhos DOC, brancos e tintos, são vinhos elaborados com castas típicas da região demarcada do Douro, incluindo parcelas de vinhas centenárias e obtidos através de processos de fermentações naturais, aliados a tecnologia moderna. «São vinhos complexos e persistentes, com uma notável longevidade», explica Gonçalo Rebelo de Almeida, administrador do Grupo Vila Galé.

Quanto aos vinhos do Porto, onde existem cinco referências, são obtidos através de uma selecção de castas e posterior blend de vinhos, envelhecidos em cascos de carvalho, após serem vinificados em antigos lagares de pedra com pisa a pé (respeitando, assim, uma tradição secular).

Val Moreira conta ainda com um azeite produzido a partir de diferentes variedades de azeitonas, resultando num produto descrito como frutado, maduro, com picante e amargo bastante equilibrados, bem como um excelente fim de boca.

Apesar de recente, Gonçalo Rebelo de Almeida afirma que existe um enorme potencial de crescimento desta marca, que se pretende sustentado na qualidade dos produtos.

Para comunicar a novidade, a marca tem apostado nas redes sociais, promovendo a compra através da sua loja online, e ainda através da organização de provas presenciais e online com jornalistas do sector. «A nossa adega na quinta também é um local bastante visitado e o feedback que temos recebido é muito positivo, o que nos indica que estamos no início de um bom caminho. O target é todo o consumidor que goste de apreciar bons vinhos», conta o responsável.

Fazendo um balanço desta aposta, Gonçalo Rebelo de Almeida destaca o grande reconhecimento que a marca tem obtido por parte de clientes e críticos da especialidade. Aliás, já este ano, com as primeiras colheitas engarrafadas, Val Moreira foi reconhecida na revista “Wine Enthusiast”. «Numa região onde se produz tanto vinho, e bom vinho, sentir esse feedback é muito importante para nós. Relativamente a números, nos primeiros seis meses com a marca a entrar no mercado, temos vendas na ordem dos 100 mil euros. Vamos continuar a apostar em vinhos de qualidade, sempre com um toque de inovação (esta da responsabilidade do nosso enólogo Ricardo Gomes), mas nunca fugindo à essência da região», afirma o responsável.

Este ano, a marca espera colocar cerca de 80 mil garrafas no mercado, com presença nos canais de restauração, supermercados gourmet e restaurantes de referência em todo o País. No próximo ano, após consolidação da marca em Portugal, Val Moreira começará a trabalhar com vista à exportação, onde o Brasil será um mercado prioritário, tendo já começado a estabelecer contactos e parcerias nesse país.

Até ao final do ano, Val Moreira não irá apresentar novos vinhos nem azeites. Mas, no início do próximo ano, serão divulgados os novos Colheitas (tinto e branco), Reservas (tinto e branco) e Altitude (tinto). «Podemos levantar um pouco o véu e dizer que, talvez nessa altura, poderá ser lançado um vinho muito especial da colheita de 2018», desvenda Gonçalo Rebelo de Almeida.

Um local com história

Com uma vista para o Rio Douro e para o Rio Tedo, é no coração do Douro Vinhateiro que surge o Vila Galé Douro Vineyards. Com uma forte componente de agro e enoturismo, esta unidade estende-se pela Quinta do Val Moreira, que já surgia no afamado mapa do Barão de Forrester, traçado no século XIX, que lhe valeu a reputação de cartógrafo.

Na margem sul do Douro, perto da pitoresca aldeia do Marmelal, a propriedade que acolhe o Vila Galé Douro Vineyards fica muito próxima de um dos dois marcos mandados construir pelo Marquês de Pombal em 1757. Classificados como imóveis de interesse público, serviam para demarcar a zona dos vinhos generosos do Douro, à época sob jurisdição da Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro.

«O Vila Galé Douro Vineyards distingue- se pela localização, pelo charme e pela exclusividade. Aqui é possível desfrutar da calma e do silêncio, do cenário, mas também das piscinas exteriores, da gastronomia regional do restaurante Vineyards, cuja esplanada permite admirar a envolvente. Mas também das visitas à adega e provas de vinhos do Porto e de mesa da marca Val Moreira. É possível ainda aproveitar para passear entre as vinhas (26 ha), pelo olival (2 ha) ou pelo amendoal (2 ha) – particularmente bonito durante as amendoeiras em flor», explica o administrador.

Duas décadas de sabores

A Santa Vitória, que festeja 20 anos já no próximo ano, é outra das marcas da Vila Galé, já consolidada no mercado português e internacional, com destaque para o Brasil.

No início de 2020, e apesar do contexto pandémico, a Vila Galé decidiu avançar com o rebranding da marca, uma vontade desde há já algum tempo. «Foi, e ainda é, um tempo de transição, porque os vinhos não chegam todos ao mercado ao mesmo tempo. Mas a resposta tem sido muito positiva, quer do consumidor final, quer dos nossos parceiros », explica Gonçalo Rebelo de Almeida.

Outra grande aposta desta marca tem sido nos azeites. No final de 2019, com a construção de um lagar, todo o processo, desde a campanha da azeitona até ao produto acabado em garrafa, é feito e controlado internamente. «O que já era bom, ficou ainda melhor! Com a construção da central de fruta começámos a produzir compotas (com fruta dos nossos pomares). Neste momento, a Santa Vitória tem um catálogo de produtos vasto, o que nos permite comercializar cabazes com produtos que são mesmo 100% da nossa herdade – desde o fruto (seja a uva, a azeitona ou a fruta), até às garrafas/frascos que encontram no mercado», sublinha o responsável do grupo.

Mesmo com muitos concursos nacionais e internacionais cancelados ou adiados, no último ano, a Santa Vitória foi reconhecida com o seu Seleção Rosé 2020 no Concurso Mundial de Bruxelas; o Reserva Tinto 2018 recebeu o prémio “A Escolha da Imprensa” pela revista “Grandes Escolhas”; o Grande Reserva Tinto 2018 recebeu medalha de ouro no Fórum dos Enólogos; e o monocasta de Touriga Nacional foi internacionalmente galardoado com medalha de ouro no concurso Mundus Vini.

Quanto a novidades, no campo dos vinhos, e acompanhando o rebranding da marca em 2020, a Santa Vitória lançou a Gama Reserva, com um tinto e um branco. «Criámos esta gama exactamente porque o mercado e os nossos parceiros diziam-nos que sentiam essa necessidade (os nossos vinhos passavam, em termos de PVP, dos 6 euros para os 15 euros). É uma gama intermédia, já com alguma complexidade, mas com vinhos acessíveis», conta.

Ainda durante o ano passado, a marca produziu dois vinhos (um tinto e um branco) com a assinatura do chef Vítor Sobral, que podem ser encontrados nos seus espaços.

A Santa Vitória também produz dois tipos de azeite – Gourmet e Premium – ambos virgem extra. «É uma grande preocupação nossa fazer chegar esta informação junto do consumidor final: consumam azeites de qualidade. E por isso mesmo temos apostado imenso na formação e na divulgação, nomeadamente através de provas de azeite com jornalistas», explica o administrador do Grupo Vila Galé.

Para comunicar a marca, o canal online é a principal aposta, através da loja de Portugal e do Brasil. «Mantemos um contacto muito activo com os nossos clientes, quer através de newsletters semanais, quer das nossas redes sociais. A pensar no cliente final e empresas, estamos neste momento a desenvolver novas acções através da personalização dos nossos vinhos premium. Mas também, e aqui é um projecto mais ambicioso, da compra de toda a experiência da vindima até ao resultado em barrica», afirma o administrador.

O grande objectivo deste ano para a marca Santa Vitória passa por recuperar as quedas sofridas durante a pandemia. «Mas sempre de olhos postos no futuro, pretendemos colocar no mercado cerca de um milhão de garrafas, alargando os parceiros e canais de distribuição no mercado nacional e internacional, bem como impulsionar as vendas online », vinca Gonçalo Rebelo de Almeida.

Enoturismo impulsiona a marca

Gonçalo Rebelo de Almeida afirma que a Santa Vitória atingiu um patamar de reconhecimento de grande qualidade. O trabalho na adega, desenvolvido pela enóloga Patrícia Peixoto, tem sido muito consistente e os vinhos são o resultado disso. «O mesmo podemos dizer dos nossos azeites, onde o objectivo é sempre fazer melhor», destaca.

No entanto, explica que, para esta percepção, são fundamentais os clientes que ficam no Hotel Rural Vila Galé Clube de Campo. «Num total de 1620 hectares encontram uma envolvente única em Portugal, aliando turismo rural, enoturismo e diferentes actividades ligadas ao ecoturismo. Este hotel, perto de Beja, disponibiliza 81 quartos e suítes, piscinas exteriores, campo de ténis, um restaurante de comida típica do Alentejo, um bar, spa com piscina interior, sauna, banho turco, ginásio, salas de massagem, e sistema de Wi-Fi gratuito em todas as zonas», conta o administrador do grupo.

Na vertente do enoturismo, Gonçalo Rebelo de Almeida salienta que existem visitas diárias à adega e ao lagar, prova dos vinhos e a possibilidade de participar nas vindimas. Para esta aposta importante do grupo, foram lançadas experiências Vila Galé Sazonais, cujo embaixador é o radialista e humorista Fernando Alvim, que conta com experiências como a pisa da uva, apanha da azeitona ou programa das vindimas.

«Também temos os nossos programas de enoturismo, cujo embaixador anunciaremos em breve. Tivemos um cuidado particular em escolher os embaixadores, que sejam fãs do grupo e dos vinhos, e que são já parte da “família” Vila Galé», finaliza.

Este artigo faz parte do Caderno Especial “Vinhos e Azeites”, publicado na edição de Julho (n.º 300) da Marketeer.

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