Generis: «Os nossos medicamentos são os que mais doentes tratam»
Estar na vanguarda dos lançamentos que o mercado de genéricos disponibiliza anualmente ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) é o grande objectivo da Generis. E tem-no conseguido, como atesta o facto de liderar em número de doentes tratados em Portugal. «Os nossos medicamentos são os que mais doentes tratam anualmente, quer em meio ambulatório, quer em meio hospitalar », sublinha Luís Abrantes, CEO e administrador delegado da Generis Grupo Aurobindo, em entrevista à Marketeer.
Líder nacional no mercado dos medicamentos genéricos, o sucesso da Generis deve- se a diversos factores. Um dos principais é a capacidade de produção instalada na sua fábrica, na Amadora, que lhe tem permitido implementar uma estratégia de crescimento sólida e sustentada, bem como criar um portefólio abrangente que vai ao encontro das necessidades dos pacientes e do SNS.
Contudo, a companhia tem vindo também a afirmar a sua importância no mercado internacional. Pertencente ao Grupo Aurobindo, que está presente directamente em mais de 20 geografias e exporta para mais de 150 mercados, a Generis funciona hoje como o hub europeu do grupo, fornecendo diversas empresas no “Velho Continente”, mas também nos PALOP, Ásia e Médio Oriente.
Em que contexto e com que objectivos é que surge a Generis, em 2002?
A Generis nasce no seio de uma organização pioneira na oferta de produtos farmacêuticos com total qualidade, eficácia e segurança para o mercado hospitalar, que era a Farma APS. Fruto de alterações legislativas determinantes para a regulação dos genéricos em Portugal, que só foram aprovadas em 2002, vários foram os players que se posicionaram no sentido de alargar o acesso ao medicamento a toda a população e ao próprio Serviço Nacional de Saúde (SNS).
De todos estes players, a Generis foi o principal, não só por ter uma base industrial local, já vocacionada e dimensionada para este desafio, mas também pelo facto de usufruir de um know-how acumulado na área hospitalar, mercado concorrencial bastante desafiante e que permitiu criar as bases para o negócio ambulatório que se lhe seguiu.
Qual o posicionamento da Generis e o que a distingue da concorrência?
A Generis caracteriza-se por uma grande abrangência do seu portefólio, distribuído por quatro marcas, que na prática resultaram da consolidação de outras tantas entidades jurídicas/organizações que hoje se encontram fusionadas no seu seio. Procuramos sempre responder às necessidades dos nossos pacientes e do SNS, numa lógica de parceria sustentável, tanto na identificação das necessidades/oportunidades como no valor das soluções que por nós são disponibilizadas ao mercado.
O que distingue a Generis das demais empresas do sector, para além da sua latitude de portefólio, é o seu ADN industrial que está na sua génese e se traduz na sua oferta. A largura do nosso portefólio pretende ir ao encontro das necessidades do paciente, não obedecendo a meros critérios de notoriedade. O sector das farmácias também nos reconhece como um parceiro com uma abordagem consistente no tempo e, por isso mesmo, tido como preferencial quando se trata de avaliar opções para o presente e para o futuro.
No fundo, trazemos soluções ajustadas ao mercado e que vão ao encontro das necessidades do SNS e do paciente.
Desde 2017 que a Generis pertence ao Grupo Aurobindo. Em que medida é que esta operação permitiu à empresa escalar o seu negócio nos últimos anos? E que sinergias têm sido potenciadas?
A aquisição por parte do Grupo Aurobindo correspondeu a uma estratégia de expansão no mercado local, através da aquisição de um player de grande dimensão e notoriedade, com capacidade industrial, mas ao mesmo tempo desenvolvendo um hub europeu num país de referência.
A Generis é igualmente fornecedor de empresas do Grupo Aurobindo espalhadas pelo espaço europeu, o que eleva o grau de responsabilidade e capacidade de resposta a que estamos obrigados. A criação de sinergias foi, desde logo, um factor de desenvolvimento privilegiado, pois o alargar de horizontes em matéria de portefólio, capacidade de produção e cost effectiveness estiveram na primeira linha do plano estratégico.
Esta aquisição tem dotado igualmente a organização de know-how que, de outra forma, implicaria um maior esforço em termos de recursos no sentido lato do termo – humanos, técnicos e financeiros.
O potencial, não sendo ilimitado, é hoje muito superior ao que tínhamos até 2016.
Como é composto o portefólio da Generis? E quais as principais áreas terapêuticas e canais de venda em foco?
A Generis está presente em praticamente todas as áreas terapêuticas e canais. A área de ambulatório é naturalmente a preponderante, até pelas parcerias que desenvolvemos com as farmácias. Contudo, somos igualmente líderes de medicamentos em meio hospitalar.
Refira-se que ocupamos o lugar cimeiro quando se avalia o impacto do nosso portefólio no número de doentes tratados em Portugal. Os nossos medicamentos são os que mais doentes tratam anualmente, quer em meio ambulatório, quer em meio hospitalar.
E fora de Portugal?
A exportação é outro motor do nosso negócio. Os PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa) continuam a ser um eixo importante de desenvolvimento, que tem representado igualmente uma parceria com as autoridades de saúde dos países em questão.
No último ano, prestamos um apoio muito importante para suprir as necessidades da população do Líbano, por força da tragédia que sobre eles se abateu. Além disso, outras geografias fora da Europa têm a Generis como uma referência no suprir das suas necessidades de medicamentos, desde a Ásia ao Médio Oriente.
Quais as inovações que estão em pipeline para os próximos anos?
Os medicamentos biossimilares serão um eixo estratégico de desenvolvimento para os anos mais próximos. Também aqui se farão sentir as sinergias proporcionadas pelo Grupo Aurobindo, cujo pipeline é significativo nesta área.
Qual a quota de mercado da empresa no segmento dos medicamentos genéricos e como tem vindo a evoluir?
A Generis tem uma quota de mercado de cerca de 20% em unidades e de 17% em valor, no mercado dos genéricos. Esta é uma posição que continua em consolidação e crescimento, e que corresponde a uma posição de liderança de mercado (em unidades) no mês de Abril.
Quais os principais eixos da estratégia de expansão da Generis?
O mercado de genéricos tem a sua expansão definida anualmente pelos lançamentos dos produtos off-patent. Esse é o investimento que a Generis pretende manter e será o seu compromisso com os profissionais de saúde e com os pacientes: estar na vanguarda dos lançamentos que o mercado de genéricos disponibiliza anualmente ao SNS.
Os pacientes portugueses têm confiança nos genéricos? Como é que a Generis tem trabalhado este atributo?
Os pacientes portugueses têm total confiança na qualidade, segurança e eficácia dos genéricos, e muito particularmente na Generis. Isto mesmo tem sido demonstrado pelos últimos inquéritos efectuados a nível sectorial. O mesmo acontece com a generalidade dos profissionais de saúde, com os quais também interagimos, no sentido de que as nossas soluções terapêuticas possam ser conhecidas e disponibilizadas de forma mais efectiva.
A confiança nos genéricos é cada vez menos um tema latente, devendo a abordagem ser cada vez mais o encontrar de soluções para que o acesso ao medicamento genérico se faça de forma transversal, independentemente do nível de literacia dos pacientes e do seu estatuto social ou capacidade financeira. A opção pelo medicamento genérico é uma questão de bom senso.
Este artigo faz parte do Caderno Especial “Marketing de Saúde”, publicado na edição de Maio (n.º 298) da Marketeer.