Fidelidade: Agir para impactar
Mais despertos do que há alguns anos, mais cientes da força e do impacto da nossa acção no ambiente e no planeta; conscientes da inevitabilidade das alterações climáticas e das suas consequências, não apenas na biodiversidade e nos ecossistemas, mas também na vida de muitas populações; obrigatoriamente mais atentos à importância da prevenção, da gestão cuidada dos riscos, sobretudo globais, sabemos que a urgência de pensar e preparar o futuro transporta hoje consigo o imperativo da acção, da necessária adaptação a um mundo que exige uma verdadeira mudança.
É tempo de agir para impactar.
As alterações climáticas têm causado um aumento na frequência e intensidade de eventos climáticos extremos, como tempestades, inundações e incêndios florestais. O aquecimento global, resultante das emissões de gases de efeito de estufa, intensifica o ciclo hidrológico, provocando chuvas mais intensas em algumas regiões e secas severas em muitas outras. Esse desequilíbrio contribui para inundações e incêndios devastadores, agravando a perda de vidas, de propriedades e a degradação ambiental. As tempestades, cada vez mais violentas, são também um reflexo das mudanças nos padrões climáticos, mostrando a urgência de acções para mitigar os seus efeitos e proteger as comunidades vulneráveis.
Neste contexto, os seguros desempenham um papel crucial na protecção das pessoas, empresas e sociedade. E a actividade seguradora deve, pela sua génese, potenciar e promover simultaneamente a partilha de conhecimento e a literacia sobre as alterações climáticas e necessárias práticas de mitigação, facilitando a cooperação entre Órgãos Governamentais, Instituições Públicas e Privadas, Ensino, Organizações Internacionais e Empresas e incentivando o investimento em resiliência climática e adaptação a riscos ambientais, para garantir, não apenas uma recuperação mais rápida após eventos extremos, mas também uma gestão mais responsável dos riscos futuros associados às mudanças climáticas.
ICCC – IMPACT CENTER FOR CLIMATE CHANGE
A Fidelidade lançou, no dia 7 de Outubro, o ICCC – Impact Center for Climate Change, um Centro de Conhecimento dedicado ao estudo aprofundado das alterações climáticas, que pretende mitigar riscos e propor adaptações eficazes para a protecção do planeta, pessoas e recursos.
Aliando as competências e recursos internos da Fidelidade à investigação científica e a parcerias com entidades externas, incluindo universidades, centros de investigação, entidades públicas, resseguradores e consórcios internacionais, o ICCC pretende desenvolver conhecimento científico rigoroso relacionado com as alterações climáticas e o seu impacto na sociedade, em particular no sector segurador.
Com o ICCC, a Fidelidade reforça o seu compromisso em enfrentar os desafios emergentes das alterações climáticas, contribuindo para uma sociedade mais justa e resiliente. O programa de actuação está alinhado com as melhores práticas nacionais e internacionais e tem como objectivos enriquecer o ecossistema de conhecimento da sociedade e da Fidelidade sobre as alterações climáticas e os riscos relacionados com as mesmas; contribuir para minimizar as emissões de gases com efeito de estufa; desenvolver acções para a redução da vulnerabilidade e promover parcerias estratégicas de colaboração com entidades externas nestas matérias.
Além disso, o programa visa contribuir com respostas adequadas aos desafios das alterações climáticas que a sociedade enfrenta; posicionar a Fidelidade como um player relevante nas questões relacionadas com o clima e sensibilizar a sociedade e os decisores sobre os riscos, a sua materialidade e as consequências das alterações climáticas.
O ICCC conta com uma equipa multidisciplinar e um Conselho Consultivo, constituído por especialistas de referência nacional e internacional, que asseguram a orientação estratégica e a qualidade do conhecimento produzido. As áreas prioritárias de investigação incluem incêndios, vulnerabilidades das habitações e inundações, abordando os riscos específicos das alterações climáticas em Portugal.
PROTECTION GAP
Na verdade, apesar das consequências das catástrofes naturais se fazerem sentir a um nível cada vez mais global, existe um grande défice de protecção de pessoas e empresas, ou seja, muitos continuam sem seguro, o que aumenta a sua vulnerabilidade.
O défice de protecção refere-se à diferença entre as perdas seguradas e não seguradas e demonstra até que ponto as sociedades e as economias são resistentes às catástrofes. Assim, um grande défice de protecção reduz a capacidade financeira das economias para recuperarem destes eventos.
A EIOPA, entidade supervisora de seguros na União Europeia, criou um dashboard para acompanhar os níveis de protection gap de seguros dos países europeus em relação às catástrofes naturais (tempestades, inundações, inundações costeiras, sismos e incêndios florestais).
Portugal está entre os países mais desprotegidos face a estes riscos, ocupando o sétimo lugar entre os 30 países estudados, porque, para além de ter níveis de risco especialmente elevados em relação aos incêndios florestais e aos sismos, tem muito baixa penetração de seguros: apenas cerca de 5% em relação a todos os riscos. Na análise da situação em Portugal ressalta a preocupação com o risco sísmico.
No dia 26 de Agosto, o sismo ocorrido em Portugal, com magnitude de 5,3 na escala de Richter, foi um aviso sério que nos leva a reflectir sobre o que poderia ter sucedido caso a magnitude deste tivesse sido superior.
A Associação Portuguesa de Seguradores (APS) relembrou que é necessário “acelerar a decisão de criação de um mecanismo que ajude os cidadãos a enfrentar e mitigar as perdas que um sismo de grande intensidade pode causar” no País.
Neste âmbito, a Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) está a preparar um regulamento para a criação de um Fundo Sísmico em Portugal e a Fidelidade está, como sempre, a trabalhar junto destas entidades para que os mecanismos de protecção dos nossos clientes possam ser constituídos e efectivados e actuaremos sempre na defesa desta matéria junto dos órgãos governamentais, mas a verdade é que a protecção actual dos clientes é baixa.
Em Portugal, 47% das habitações não tem qualquer seguro e 34% tem seguro de incêndio ou multirriscos, mas sem cobertura de risco sísmico, cuja contratação é facultativa. E este é o panorama da protecção para o património habitacional, porque, se considerarmos as empresas, o panorama agrava-se, pensando também noutros riscos associados como perdas de exploração, por exemplo, e riscos como colheitas, agropecuários e tantos outros.
Os nossos compromissos em matéria de ESG são hoje claros, mas, para além destas metas, é essencial uma acção concertada a nível de organizações mundiais, governos, sociedades, que permita investir numa gestão de riscos mais abrangente, numa visão 360º e na consciencialização do papel de todos, quer na preservação do ambiente, quer na protecção individual, porque isso implica a sustentabilidade futura de todos.
Este artigo faz parte do Caderno Especial “Seguros”, publicado na edição de Novembro (n.º 340) da Marketeer.