Vila Galé: Do Alentejo ao Minho são duas décadas de distância

No final da década de 90, o Grupo Vila Galé começou a desenvolver a sua presença na agricultura, com a compra de algumas propriedades no Alentejo, perto de Beja, onde viria depois a ter também o hotel rural Vila Galé Clube de Campo. Em 2002, é lançada a marca Santa Vitória, associada à produção de vinhos e azeites regionais alentejanos, aproveitando o potencial agrícola da herdade de 1620 hectares (130 hectares de vinha e 200 hectares de olival), com vinhas, olival e pomares. A entrada nesta nova área de negócio teve como objectivo diversificar as actividades do grupo, mas também complementar a oferta hoteleira da Vila Galé, já que permitiu o desenvolvimento de um novo produto turístico: o enoturismo. «Naquela altura, foi uma estratégia pioneira em Portugal, já que não havia muitos projectos que juntassem hotelaria, gastronomia e vinhos, num ambiente rural. E contribuiu para também criar um factor diferenciador da marca Vila Galé e da sua oferta de vinhos», conta Gonçalo Rebelo de Almeida, administrador do Grupo Vila Galé. Desde então, o grupo tem vindo a trabalhar para aumentar o potencial desta marca, não só junto do consumidor nacional, mas também internacional, bem como para valorizar a imagem dos vinhos e azeites portugueses.

Hoje, a Santa Vitória tem uma gama de vinhos vasta, com perfis e preços para todos os gostos e bolsos. A marca de entrada de gama – Versátil – disponível em tinto, branco e rosé, tem um preço recomendado de 3,5 euros. Depois tem a gama Seleção (6 euros), a gama Reserva (10 euros), gama Grande Reserva (15 euros) e o Inevitável (32 euros), que apenas é produzido nos anos em que a equipa de enologia, liderada por Patrícia Peixoto, considera que a qualidade máxima das uvas foi atingida. Tem também produção de monocastas e nos últimos anos tem apostado na Touriga Nacional (18 euros).

Começam com uma oferta de vinhos jovens, leves e frutados, mas, à medida que vão avançando nas gamas, aumentam a estrutura e complexidade dos vinhos, cujo expoente máximo é o Inevitável. «Este é um vinho surpreendente e diferenciador que se destaca pela sua irreverência e expressão máxima do puro terroir alentejano», descreve o administrador. E acrescenta: «Orgulhamo-nos de apresentar uma gama de vinhos que é, na sua essência, muito diferente entre si, tirando partido do facto de termos nas nossas vinhas dez castas tintas e seis castas brancas e de combinarmos as diferentes técnicas de vinificação. » Em breve terão novidades, com as novas colheitas e o lançamento do Espumante Santa Vitória, que estagiou 24 meses, um blanc de noir brut nature que promete surpreender.

«Na nossa adega temos as condições que acreditamos serem as ideais para trabalhar as uvas, respeitando a sua qualidade e fazer os vinhos que idealizamos. Temos várias formas de trabalhar as uvas, ou seja, usamos diferentes métodos e tecnologia em função do vinho que estamos a desenhar», conta Gonçalo Rebelo de Almeida. Recorrem à tecnologia moderna e aos métodos tradicionais com o objectivo de criar vinhos diferenciados. «Quando comparamos a pisa a pé com a pisa feita com o robot ou de outra forma, verificamos que há diferenças nos vinhos e, dessa forma, acabamos por aproveitar as vantagens que cada metodologia nos oferece. A apanha manual relativamente à apanha mecânica, assim como a pisa a pé relativamente à utilização do robot mecânico, são exemplos de técnicas diferentes. A conjugação de todas permite-nos criar vinhos especiais e facilitar o trabalho do enólogo, respondendo também às preferências dos consumidores.»

Em 2018, a Vila Galé expandiu a sua presença neste segmento à região do Douro, através da aquisição da Quinta do Val Moreira (26 hectares de vinha e dois de olival), entretanto requalificada para enoturismo com a designação Vila Galé Douro Vineyards. Gonçalo Rebelo de Almeida lembra que há já alguns anos que havia a vontade de investir nesta região vinícola.

O lançamento dos vinhos Val Moreira resulta da realização de um sonho de dois amigos de longa data, o presidente da Vila Galé, Jorge Rebelo de Almeida, e o empresário António Parente, ambos já ligados ao enoturismo e à produção de vinhos, mas com raízes noutras regiões do País. Com o lançamento deste projecto em 2019, a ideia foi criar um produto de charme e diferenciador na região do Douro, com a fusão entre a produção de vinhos irreverentes e oferta de enoturismo e de experiências únicas, por exemplo, permitindo aos turistas não só fazer provas, mas também participar nas vindimas e acompanhar todo o processo de vinificação de forma próxima e intimista. O balanço, segundo o administrador, tem sido bastante positivo. «Temos cada vez mais pessoas que visitam a Quinta Val Moreira, que ficam para fazer a prova dos vinhos e que querem participar nos programas que vamos desenvolvendo.» Nos meses de Agosto e Setembro, o programa de vindimas foi um sucesso. «No início deste ano começámos a distribuição dos nossos vinhos no mercado nacional e a aceitação dos clientes tem sido muito boa», garante Gonçalo Rebelo de Almeida.

As principais características da marca Val Moreira estão associadas aos métodos de produção e vinificação dos vinhos, onde se destaca o recurso a fermentações naturais e o respeito máximo pelo que a região do Douro tem para oferecer em termos vitícolas.

A marca Val Moreira conta, para já, com duas gamas de colheitas DOC Douro (Val Moreira Branco 2019 e Val Moreira Tinto 2018), duas gamas de Reservas DOC Douro (Val Moreira Reserva Branco 2019 e Val Moreira Reserva Tinto 2018 – este último acabou de ser distinguido com a medalha de ouro no concurso Asia Wine Trophy) e o topo de gama DOC Douro Tinto (Val Moreira Altitude 2018). Tem ainda cinco vinhos do Porto (Val Moreira Porto Branco X-Dry, Val Moreira Porto Ruby, Val Moreira Porto Tawny Reserva, Val Moreira Porto Tawny 10 Anos e Val Moreira Porto Tawny 20 Anos) e um Azeite (Val Moreira Azeite Virgem Extra). Por agora o foco principal da marca está na divulgação e consolidação dos vinhos DOC Douro. Em breve haverá novidades no mercado, como o lançamento do primeiro vinho rosé Val Moreira.

A estratégia para estes produtos tem sido “o tempo”. «Queremos que Val Moreira seja uma marca com um cunho próprio, de elevada qualidade, que deixa um legado. E isso só se consegue com trabalho, dedicação e tempo. Tempo nosso, tempo dos nossos clientes e tempo dos nossos parceiros, para que o mercado vá conhecendo e ganhando confiança nos nossos produtos», salienta o mesmo responsável.

E sendo um projecto de pequena dimensão – com uma produção de cerca de 60 mil garrafas por ano –, localizado numa região diferente do País, alargou a oferta do Grupo Vila Galé no segmento do vinho, juntando-se à marca Santa Vitória, do Alentejo. A Santa Vitória exporta cerca de 25% da sua produção para diversos mercados, como Brasil, Suíça, Alemanha, Luxemburgo e Costa Rica. Quanto a Val Moreira, por ser uma produção mais pequena, está sobretudo no mercado nacional (tem loja online e está à venda em canais especializados).

Depois do Alentejo e Douro, o Grupo Vila Galé estuda a hipótese de desenvolver um novo produto de enoturismo e produção de vinhos na região do Minho, ligado aos vinhos verdes. Poderá haver novidades sobre este projecto no início de 2022.

AZEITES VILA GALÉ

A Santa Vitória produz duas qualidades de azeite extra virgem: Azeite Santa Vitória Gourmet e Azeite Santa Vitória Premium. O azeite gourmet é extraído da primeira pressão a frio num surpreendente blend das melhores variedades de azeitonas, ideal para aperitivo com pão, mas também excelente a cru para temperar saladas, peixe, massas e comida tradicional. O Premium é feito apenas com dois tipos de azeitona – cobrançosa e cordovil. É um azeite frutado verde, com picante e amargo, muito equilibrado, harmonioso e persistente. Em Val Moreira há também uma referência de azeite, produzido em menor quantidade. Dadas as suas características, são azeites que se adequam a todos os targets e que satisfazem os consumidores que apreciem bons azeites. Podem ser adquiridos na loja online, nos hotéis da Vila Galé e em superfícies comerciais.

Este artigo faz parte do Caderno Especial “Vinhos, Azeites e Vinagres”, publicado na edição de Dezembro (n.º 305) da Marketeer.

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