Quinta do Casal Branco: Há mais de 200 anos a fazer vinho no Tejo

Para ganhar um lugar de destaque no mercado dos vinhos, não basta estar presente nos lineares ou nos menus dos restaurantes. Importa também continuar a inovar e procurar acrescentar conhecimento e valor a cada passo em frente. É isso mesmo que a Quinta do Casal Branco se propõe fazer ao dedicar grande parte do investimento à investigação na área da viticultura.

«Procuramos conhecer cientificamente os diferentes sub-terroirs que existem na quinta e saber quais as castas que estão mais adaptadas a cada local, de acordo com o perfil de vinhos que definimos. Esta investigação antecede sempre as novas plantações», explicam o CEO José Lobo de Vasconcelos e a enóloga Joana Silva Lopes, acrescentando que o compromisso com a gestão sustentável é outro grande pilar da estratégia da Quinta do Casal Branco. É neste contexto que surge, por exemplo, o Quinta do Casal Branco Merlot, que se estreia no mercado como um vinho elegante e sedoso, com um óptimo equilíbrio, muito especiado, fresco e com notas balsâmicas, com base numa das castas mais emblemáticas e conhecidas do mundo.

A par das novidades que vão surgindo, resultado deste investimento em investigação, a marca conta com uma gama permanente composta por Terra de Lobos (gama de entrada), Quinta do Casal Branco (gama premium, linha de monocastas) e Falcoaria (gama icon). Paralelamente, surge ainda o Lobo e Falcão (gama de vinhos meio secos), «estrategicamente importante para a empresa», por se tratar de uma proposta que «não é “tradicional” e representativa do terroir da Quinta do Casal Branco, mas que assume uma importância comercial grande».

Seja qual for a referência escolhida, todas têm em comum o facto de terem origem num produtor que se encontra a apenas alguns quilómetros de Almeirim e cuja quinta se estende por uma tradicional charneca ribatejana. O terroir da Quinta do Casal Branco distingue-se por ter um solo maioritariamente arenoso, pobre em nutrientes e com baixos teores de matéria orgânica, que gera aquilo que José Lobo de Vasconcelos e Joana Silva Lopes descrevem como uma “competição saudável” com a própria videira. Este aparente obstáculo faz com que as produções sejam controladas e que as uvas tenham, naturalmente, uma maior concentração, resultando em vinhos tintos de grande qualidade, complexidade e com um óptimo potencial de envelhecimento. Os vinhos brancos, por seu turno, afirmam-se pela sua mineralidade e frescura natural.

NOVAS TENDÊNCIAS

Com o avançar dos anos, também a própria Quinta do Casal Branco tem avançado para novas aventuras. Consciente da importância de acompanhar novas tendências e de responder a mudanças de comportamentos e necessidades dos consumidores, a empresa lançou uma loja online há cerca de três anos. «Inicialmente teve uma boa aceitação por parte dos clientes, tendo-se verificado um crescimento exponencial das vendas quando surgiu a pandemia», adianta o CEO da Quinta do Casal Branco, explicando que aquilo que começou por ser um complemento das vendas da loja da adega acabou por se transformar num canal com clientes regulares que preferem comprar online.

José Lobo de Vasconcelos espera que a loja online «venha a ganhar maior visibilidade e a ter um crescimento ainda mais notório com o aumento das vendas deste canal para a Europa e, posteriormente, para o resto do mundo». A Quinta do Casal Branco também está presente com algumas referências em marketplaces de terceiros, que ajudam a levar os seus vinhos a vários pontos do País e além-fronteiras.

No ano passado, a Quinta do Casal Branco vendeu um milhão de garrafas. Este ano, a previsão aponta para 1,3 milhões até ao final de Dezembro, naquele que deverá ser o melhor ano de sempre para este produtor ribatejano.

Olhando para as contas da empresa, o mercado internacional assume um peso muito relevante na operação: actualmente, a Quinta do Casal Branco exporta para 28 geografias e, para cada uma delas, adapta a sua abordagem tendo em conta as características do consumidor, seguindo uma lógica de “pensar global e agir local”. Tudo para ir ao encontro das necessidades de cada público.

Segundo o responsável da empresa e Luís Marques, National Sales manager da Quinta do Casal Branco, em tempo de pandemia de Covid-19, os mercados muito dependentes do tradicional, do on-trade, «ressentiram-se naturalmente mais, afectando o volume global de vendas». Por outro lado, os mercados mais dependentes do canal off-trade e em que as vendas online, através de diversas plataformas digitais e com entregas na casa do consumidor, são um dos principais pilares, foram aqueles que «garantiram o equilíbrio da balança comercial», tendo até crescido substancialmente.

«Portanto, a pandemia teve um grande impacto para nós no mercado nacional e nos mercados mais tradicionais, mas exponenciou as vendas nos mercados mais virados para as novas tecnologias (que souberem aplicá-las, no tempo certo, ao negócio do vinho)», assegura. Neste momento, as exportações representam 90% do volume total de negócio, sendo que os mercados dos Estados Unidos da América, Reino Unido, Dinamarca, Brasil e Canadá são os que evidenciam maior taxa de crescimento (alguns deles a dois dígitos).

Para o futuro próximo, a estratégia está bem definida e as exportações não podiam ficar de fora. Crescer nos mercados de maior potencial, tanto a nível económico como geográfico, e chegar a dois ou três novos mercados por ano são dois dos eixos de actuação definidos para os próximos três anos.

Juntam-se ainda outros dois: «Aumentar o preço médio dos nossos vinhos, conquistar maior presença e posicionamento no mercado nacional», revelam José Lobo de Vasconcelos e Filipe Miranda, Export Sales manager da Quinta do Casal Branco. «Vender mais mas, sobretudo, a melhor preço. A Quinta do Casal Branco, como referência dos Vinhos do Tejo e porta-estandarte dos vinhos de qualidade da região, tem no seu ADN de apresentar o que melhor o terroir da região oferece. As nossas vinhas centenárias, o trabalho sério e coerente da nossa equipa de enologia, e a aposta em oferecer “o melhor a um preço justo”, levam-nos a acreditar que estamos no bom caminho.»

Num horizonte mais próximo, o CEO e Filipe Miranda adiantam que, nos mercados de exportação, «não existe sazonalidade nas vendas, nomeadamente na época natalícia». Comparando as vendas de Natal (tanto na loja física como online) de 2019, no período pré-crise sanitária, com as de 2020, já em pandemia, verifica-se que houve até um aumento de 28% durante a quadra festiva.

Por isso mesmo, apesar de não se notarem grandes discrepâncias além-fronteiras, o Natal é um momento muito importante para o produtor. «Na altura do Natal, as vendas crescem sempre mais. Na loja da adega, temos todos os anos clientes/empresas que escolhem os nossos vinhos para compor os conjuntos de Natal para oferta aos seus parceiros, funcionários e/ou clientes», conta. Já na plataforma de comércio online, a Quinta do Casal Branco oferece a possibilidade de cada pessoa criar um presente à medida, com entrega na morada desejada – seja de um amigo, familiar ou até de uma empresa.

CRESCER TAMBÉM NAS EXPERIÊNCIAS

A Quinta do Casal Branco propõe um olhar abrangente sobre o universo do vinho e isso significa ir além das garrafas e abraçar também o lado mais experiencial. É aqui que entra o enoturismo, com um papel fundamental na expansão da marca para novos territórios. «É a partir do vinho que os visitantes experimentam uma visão mais alargada sobre as múltiplas dimensões que o vinho toca. Cada casta, cada colheita, cada vinho, permitem partilhar a autenticidade desta região, do nosso terroir e da história da família», sublinha Filomena Justo, encarregada de Enoturismo da Quinta do Casal Branco.

A mesma responsável não tem dúvidas de que o legado da marca aliado à aposta no futuro são aquilo que têm de mais genuíno para partilhar. Quem passa os portões pode explorar os jardins e o torreão-pombal do século XVI, seguindo depois para a coudelaria de cavalos puro-sangue lusitano e para as vinhas, algumas delas centenárias. A experiência é complementada pela visita à adega de 1817 e pela prova de vinhos. Nesse momento, o visitante já deverá estar com todos os sentidos despertos.


Este artigo faz parte do Caderno Especial “Vinhos, Azeites e Vinagres”, publicado na edição de Dezembro (n.º 305) da Marketeer.

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