Na Caudalie, o plástico é para reciclar

Desde 2020, assumimos o compromisso de recolher e reciclar tantos resíduos de plástico quantos são produzidos na Caudalie», declaram Mathilde e Bertrand Thomas, o casal fundador da marca. Mas este é só mais um passo, ou statement, daquela que desde a sua génese tem o valor da sustentabilidade incorporado.

Para a marca de cosmética natural, estes são princípios básicos! Por isso se percebe a sua integração no projecto 100% Plastic Collect, com sede na Tailândia, um país que ocupa o 6.º lugar na tabela da poluição marinha, a nível mundial, e cujo objectivo é estabelecer a ligação entre empresas do mundo inteiro e as comunidades locais das zonas poluídas, para fazerem a recolha dos resíduos transformando-os em recursos. Ou seja, todo o plástico recolhido é reciclado e é entregue à população local, que faz a reciclagem em grânulos reutilizáveis para produzir novos produtos em plástico, ou em tijolos ou, ainda, para pavimentos urbanos.

Logo no primeiro ano da sua declaração de ambições a este nível, em 2020, a Caudalie conseguiu responder pela recolha e pela reciclagem de 600 toneladas de plástico, sendo que o seu objectivo declarado é obter a certificação “plástico neutro” no próximo ano.

Mais ainda, acreditam os fundadores da marca que o plano 100% Plastic Collect pode incentivar outras empresas a abraçarem-no. Até porque no futuro previsto está ainda a limpeza de praias ou a triagem dos resíduos plásticos.

VIRAR DE PÁGINA NAS PRÓPRIAS ESTRUTURAS

Foi em Gidy, no coração da Cosmetic Valley, que a Caudalie, marca pioneira na indústria da cosmética natural obtida da videira e da uva, inaugurou os seus laboratórios de Investigação e de Formulação Natural, na sua nova área logística. Um virar de página decisivo para a marca, tanto pelo investimento como pelo conceito em si.

Se o investimento da Caudalie em favor da reflorestação não necessita de ser comprovado – é já a primeira a contribuir na Europa com 1% for the Planet, revertendo 1% da sua facturação em benefício de associações ambientais –, o espaço de Gidy reforça mais ainda o seu compromisso sustentável, ao ser uma zona menos consumidora de energia e um projecto paisagístico de destaque. Uma estrutura simples e ecológica, imaginada pelo gabinete de arquitectura Collet & Muller, que aproveita a luz natural e de onde resulta uma iluminação e uma ventilação optimizadas para limitar os gastos energéticos. «Entrámos em pleno no “futuro climático” e as mudanças de paradigma em matéria de ecologia reflectem-se na nossa forma de produzir», declarou Bertrand Thomas.

Em paralelo, foi instalado um sistema de geotermia nos edifícios que permite, a partir de uma bomba de calor ligada à napa freática, aquecer ou arrefecer os edifícios de acordo com as necessidades sazonais. Painéis fotovoltaicos instalados no telhado vão permitir recarregar os veículos eléctricos dos colaboradores. Prova derradeira do compromisso da marca em favor do ambiente é a de um projecto paisagístico de grande amplitude. Mais de 60 mil m2 vão ser arborizados e transformados em área verde, apresentando diferentes formas: elementos florestais nobres, pomar com 30 árvores de fruto, manutenção exclusiva através da pastagem animal, plantação de flores de corte, plantas aromáticas, hortas e canteiros que servirão para florir os escritórios. Finalmente, para contribuir para um ecossistema vivo e perene, a empresa decidiu instalar abrigos para borboletas, joaninhas, insectos e pássaros, indispensáveis ao equilíbrio da biodiversidade local.

LABORATÓRIOS DE BIOLOGIA MOLECULAR E FORMULAÇÃO NATURAL

«A criação do nosso Laboratório de Investigação e de Formulação Natural é o resultado de um trabalho incessante em prol da naturalidade em colaboração com os grandes especialistas da luta contra o envelhecimento», informa Mathilde Thomas, fundadora da Caudalie que, com o novo laboratório, tem como ambição incrementar ainda mais a utilização de matérias-primas naturais e vegetais para se chegar a um mínimo de 95% de ingredientes de origem natural nas suas fórmulas, no horizonte de 2021 (excepto gama solar).

Para isso, uma biblioteca de matérias-primas naturais procurará inventariar mais de 1000 ingredientes e activos obtidos da natureza e das mais recentes biotecnologias, os quais serão armazenados, analisados e estudados para alimentar o domínio da cosmética e responder às exigências de transparência e de rastreabilidade dos consumidores. Esta exigência estará em sintonia com um Controlo de Qualidade cada vez mais exigente e apoiar-se-á num laboratório de transposição industrial com duas cubas consequentes de 10 kg e 50 kg. Instalado numa zona ecoconcebida, o novo laboratório, todo em vidro, encerra as ambições e o empenhamento da fundadora para uma cosmética mais verde e transparente na vanguarda da Investigação e da Inovação. De recordar que a naturalidade das fórmulas é uma aposta primordial para Mathilde Thomas, que estabeleceu desde 2005 a sua “Cosmética”, uma regulamentação rigorosa e vinculativa. Com este novo Laboratório de Formulação Natural, Mathilde Thomas faz da investigação dos activos verdes de amanhã uma prioridade, conforme já partilhou.

A Caudalie exporta hoje dois terços dos seus produtos para os mercados externos, contra 10% em 2006, quando se instalou em Saint-Jean-de-Braye, depois de se ter expandido pela Ásia e pela América do Norte.

ALGUNS MOMENTOS

• 1995 | A Caudalie é criada em Bordéus, por Mathilde & Bertrand Thomas;
• 2012 | Primeiro contribuidor cosmético mundial; compensação potencial de 4x a pegada de carbono; 8 milhões de árvores plantadas;
• 2018 | Novo Laboratório de Formulação Natural; instalação neutra de carbono; equipa de engenheiros; “embalagens sustentáveis”;
• 2019 | Programa de reciclagem nas lojas da marca;
• 2020 | Co-fundadores de 100% Plastic Collect com o objectivo de recolher e de reciclar a mesma quantidade de plástico que é utilizado pela Caudalie; 600 toneladas de plástico recolhidas logo no primeiro ano;
• 2021 | Fórmulas compostas com mais de 95% de ingredientes de origem natural, excepto solares e eaux fraîches;
• 2022 | Utilização unicamente de embalagens recicláveis, reutilizáveis ou que contenham materiais reciclados.

Este artigo faz parte do Caderno Especial “Sustentabilidade e Responsabilidade Social”, publicado na edição de Dezembro (n.º 305) da Marketeer.