Fundação Ageas: Negócios com impacto por um amanhã melhor

Empreendedorismo e inovação social têm sido palavras de ordem no trabalho desenvolvido pela Fundação Ageas. Exemplo disso mesmo é a iniciativa Relança-te, promovida pela Escola de Impacto – programa que resulta de uma parceria entre a Fundação Ageas e o Impact Hub Lisbon. Já com a sua terceira edição a decorrer, o Relança-te apresenta-se como um programa de aceleração que é dirigido a pessoas, cujos rendimentos foram afectados pela pandemia de Covid-19. Podem candidatar-se cidadãos em situação de desemprego ou emprego precário e que tenham mais de 25 anos.

«Foi com satisfação que lançámos a 3.ª edição do programa Relança-te da Escola de Impacto. Considerando o sucesso das edições anteriores e enquanto o seu modelo nos parecer pertinente, continuaremos a apoiar um projecto que visa dar ferramentas e competências de empreendedorismo a quem estiver em situação de desemprego ou, então, de suspensão de rendimentos, mas que ao mesmo tempo acredite no seu potencial para criar um negócio próprio com foco no impacto», afirma João Machado, presidente do Conselho de Administração da Fundação Ageas.

De acordo com o responsável, preparar o negócio para uma nova economia – a economia do impacto – é outro dos objectivos deste programa, «que já provou que muda vidas e que tem um papel crucial para a constituição de novas comunidades de empreendedores».

O Relança-te procura ideias e negócios disruptivos, que assentem em modelos de negócio sustentáveis e que se foquem nas áreas da responsabilidade social, ambiental e económica.

Para determinar os participantes de cada edição, a Escola de Impacto desenhou um processo composto por três fases de selecção. À primeira, o bootcamp, chegam cerca de 60 projectos, que vão, depois, reduzindo à medida que se avança para as etapas de aceleração e incubação. Em todas elas, os participantes podem contar com formação e mentoria em áreas como gestão, comunicação e marketing, angariação de fundos ou avaliação de impacto.

No fim, apenas 10 projectos recebem o título de finalistas e a todos eles a Fundação Ageas oferece uma bolsa de 1.500 euros para que possam desenvolver as respectivas ideias.

Francesco Rocca, director-geral do Impact Hub Lisbon, acredita que, «para construir um futuro melhor, que seja bom para as pessoas e para o planeta», são precisos negócios melhores. «Com o Relança-te, queremos apoiar empreendedores a desafiarem o status quo e a criarem negócios que mantenham a sustentabilidade e a circularidade no centro do que fazem. Acreditamos que o empreendedorismo de impacto seja uma oportunidade única para uma reactivação económica mais verde e inclusiva», adianta o responsável.

As primeiras turmas da Escola de Impacto foram criadas em 2017 e 2018, de forma presencial, seguindo-se, já em 2020, um salto para o mundo digital, de forma a responder aos novos desafios decorrentes da crise sanitária. Em 2021, com o rebranding da Escola de Impacto e a possibilidade de regressar ao formato presencial, o Inspira-te teve a sua 3.ª edição. Tanto o Relança-te como o Inspira-te têm como objectivo a inclusão social através da empregabilidade. Porém, apresentam formatos, metodologias e públicos-alvo diferentes.

 

INSPIRAR ATRAVÉS DO CONTACTO PRESENCIAL

Ao contrário do Relança-te, que decorre em formato online, o Inspira-te aposta numa abordagem presencial e muito prática, em linha com o mercado actual. Também promovido pela Fundação Ageas e pelo Impact Hub Lisbon, através da Escola de Impacto, consiste num programa de capacitação dedicado ao desenvolvimento de capacidades pessoais, com a intenção de potenciar a inclusão social, através de empregabilidade.

Co-financiado pela Fundação Ageas e pela Portugal Inovação Social, o Inspira-te distingue-se também por estar pensado para pessoas com mais de 30 anos, em situação de desemprego ou emprego precário, que sejam acompanhadas por uma entidade social na área metropolitana de Lisboa e que queiram desenvolver competências técnicas e pessoais, para que possam voltar ao mercado de trabalho com todas as ferramentas necessárias de acordo com o seu propósito pessoal.

A missão do Inspira-te é transformar os saberes e experiências dos cidadãos em negócios próprios, ajudando-os a tirar partido do conhecimento que foram reunindo ao longo dos anos e que poderá representar uma fonte de rendimento. Em paralelo, o programa visa também potenciar a empregabilidade, assegurando que os participantes conseguem adaptar-se a um mercado de trabalho em constante evolução e mudança.

«É com esperança que relançamos o Inspira-te, curso da Escola de Impacto, um projecto que quer contribuir para a criação de histórias de sucesso pessoal e profissional. Esperamos que os sonhos sejam cumpridos e que o programa faça a diferença na vida de todos os envolvidos», acrescenta João Machado. O presidente do Conselho de Administração da Fundação Ageas não tem dúvidas de que «este é, acima de tudo, um programa de capacitação que procura incentivar e inspirar quem se encontre numa situação desafiante a ser a sua melhor versão», contando para isso com um total de três fases.

Na primeira, com 30 participantes, o foco vai para o desenvolvimento de capacidades pessoais. Seguem-se etapas dedicadas à elaboração de um objectivo de empregabilidade e ao desenvolvimento de capacidades técnicas, bem como à preparação de uma apresentação tendo em vista o demoday final. Os 10 finalistas têm também acesso a um período de incubação de quatro meses no espaço do Impact Hub Lisbon, com mentoria pessoal e profissional.

Francesco Rocca explica que, através desta iniciativa, é possível «colocar em prática os próprios sonhos», bem como trabalhar competências que, por vezes, podem ficar esquecidas, como é o caso da criatividade, da colaboração ou da comunicação. Competências «que lhes facilitarão a própria empregabilidade » e que, além disso, irão contribuir para aumentar a «resiliência para um percurso profissional futuro», tal como sublinha o director-geral do Impact Hub Lisbon.

Dados do Banco Central Europeu mostram que a queda do emprego na Zona Euro, durante o ano de 2020, foi maior junto dos trabalhadores com vínculos mais precários, bem como nos grupos correspondentes aos mais jovens e menos instruídos. Só em Portugal, estima-se que mais de 136 mil trabalhadores precários tenham perdido o seu posto de emprego no ano passado, fruto da pandemia.

Filipe Almeida, presidente da Portugal Inovação Social e um dos convidados presentes no evento de lançamento do curso Inspira-te, que teve lugar no final do mês de Setembro, acrescenta que «uma boa parte dos problemas sociais que nos afectam têm origem nas desigualdades estruturais que geram pobreza e iliteracia», e que também dão origem a «situações como desemprego ou exclusão social». Segundo o mesmo responsável, este novo projecto «vai ajudar a quebrar essas desigualdades, uma vez que está adaptado às novas gerações» e à realidade actual. Também deverá contribuir para a preparação das profissões do futuro, através da valorização das competências de empreendedorismo social, que se mostram cada vez mais esenciais.

O Inspira-te faz parte do leque de projectos apoiados pela iniciativa “Portugal Inovação Social”, através do “Parcerias Para o Impacto”. Trata-se de um instrumento público que tem como principal propósito financiar a criação, desenvolvimento ou crescimento de projectos de inovação social em formato de co-financiamento com outros investidores.

 

ESTÁGIOS QUE FLORESCEM

Além dos programas Relança-te e Inspira-te, a Fundação Ageas está envolvida também noutras iniciativas que têm a procura pela criação de impacto social positivo como principal ingrediente. É o caso do programa de Estágios com Impacto criado pela Nova SBE e que conta com a Fundação Ageas como parceira. Em 2021 foram realizadas duas edições, tendo a primeira terminado em Fevereiro deste ano com resultados positivos, tanto para os estudantes, como para as empresas, IPSS e colaboradores do Grupo Ageas Portugal, que foram envolvidos de uma forma única.

Através deste programa-piloto, foram atribuídas bolsas de estágio e mentoria com o objectivo de mobilizar jovens universitários no sentido de criarem projectos com impacto na sustentabilidade de organizações do terceiro sector, parceiras da Fundação Ageas e da Nova SBE. Cada edição tem uma duração de três meses. Neste momento, o programa vai na sua 3.ª edição, que iniciou no dia 2 de Novembro e finda no dia 31 de Janeiro de 2022.

 

DAR COR AO MUNDO (TODO)

Outro dos parceiros da Fundação Ageas na construção de um mundo melhor e mais inclusivo é a ColorAdd, que se dedica ao desenvolvimento de soluções para pessoas daltónicas. Tendo em conta que 90% da comunicação é feita através da cor e que há estimativas que apontam para 350 milhões de daltónicos, verifica- se que uma grande fatia da população é vítima de exclusão e discriminação. Segundo a Fundação Ageas, são inúmeros os desafios e os constrangimentos do dia-a-dia, com 41% dos daltónicos a apresentar dificuldades de integração social.

Para tentar minimizar estes obstáculos, a ColorAdd juntou- se à Fundação Ageas para lançar uma app que permite ao utilizador identificar as cores dos objectos através da câmara de um dispositivo móvel. Esta solução vem complementar o código ColorAdd que já existia e que marca presença num alargado leque de produtos em diversos países e sectores de actividade.

Para usar esta app, basta apontar a câmara do equipamento em direcção a uma superfície e esperar que apareça o nome da cor no ecrã. É também apresentado o símbolo ColorAdd correspondente. Em alternativa, a aplicação permite identificar cores em imagens guardadas no telemóvel, por exemplo.

«É de elevada importância apoiar projectos disruptivos que tenham potencial para incluir segmentos da população que vivem em situações de vulnerabilidade real ou em potência e que, em última instância, contribuam para a melhoria de qualidade de vida dessas pessoas. Na verdade, a sinergia criada entre as várias entidades é para nós um motivo de satisfação e estamos confiantes de que temos um projecto que irá facilitar o dia-a-dia de um grande número de pessoas», frisa João Machado, presidente do Conselho de Administração da Fundação Ageas.

 

ENSINAR PARA A EMPREGABILIDADE

A partir de um desafio lançado pela Fundação Ageas ao Impact Hub Lisbon, nasceu a Escola de Impacto, um programa de empreendedorismo e inovação social que tem como objectivo promover a inclusão através da empregabilidade. Para isso, são criadas iniciativas que apoiam a criação de um negócio próprio ou o desenvolvimento de novas competências essenciais à conquista de uma vaga de emprego. A reinserção no mercado de trabalho é o objectivo último deste projecto.

 

DO DESEMPREGO PARA UMA ESCOLA DA FLORESTA

Inês Costa Lima é jurista, mas viu-se desempregada e com uma ideia nas mãos que precisava apenas de um empurrão para se tornar realidade: a EcoEduca, uma alternativa ao ensino tradicional que surge sob a forma de escola da floresta, com aprendizagem em comunidade e educação ao ar livre. Graças ao Relança-te, já está a trabalhar com o Ministério da Educação para criar um jardim-de-infância em 2022, preenchendo uma lacuna que tinha detectado na região do Algarve.

 

IMPACTO CRIATIVO

Aos 41 anos e com quatro filhos, José Neves Esteves sentiu que estava na altura de ligar pessoas e ideias numa lógica de co-criação e com foco no bem-estar colectivo. Como? Através de soluções criativas de impacto social e ambiental que ganham vida na Associação beCause, criada através da participação no Relança-te. Um dos projectos mais recentes é o movimento “Escrita no coração”, lançado em 2020, que desafia voluntários a escreverem cartas dirigidas a profissionais de saúde na linha da frente do combate à Covid-19.

O lema do trabalho que desenvolve é “Cuidar de quem cuida é cuidar de todos, é cuidar de nós!”, uma vez que, em 2008, e durante cinco anos, José e a sua mulher decidiram pegar nas duas filhas mais velhas (na altura com um e três anos) e viver em centros de recuperação para toxicodependentes e alcoólicos para fazer trabalho voluntário. Depois desta experiência, ficaram exaustos e sentiram que já não conseguiam ajudar o outro sem eles próprios receberem ajuda, por isso ficou claro que é fundamental cuidar daqueles que cuidam.

 

Este artigo faz parte do Caderno Especial “Sustentabilidade e Responsabilidade Social”, publicado na edição de Dezembro (n.º 305) da Marketeer.

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