Capgemini: Architects of Positive Futures
Criar mudanças positivas é o grande objectivo da Capgemini, que tem na base da sua estratégia de sustentabilidade e responsabilidade social a acção em três pilares fundamentais: ambiente, inclusão digital e diversidade & inclusão. Daí que o programa tenha sido designado de “Architects of Positive Futures”. Manuela Gomes, head of Marketing & Communications e CSR da Capgemini Portugal, explica em detalhe os trabalhos que têm vindo a ser feitos pela empresa no País.
Em que consiste a política de sustentabilidade e responsabilidade social da Capgemini?
Na Capgemini, visionamos um mundo onde a sustentabilidade figura em todas as propostas de valor no mercado, qualquer que seja a indústria e o negócio, tal como o digital faz actualmente. Antevemos um mundo em que a pegada ambiental será o novo código de barras de cada produto e serviço, detalhando todos os recursos utilizados. Onde não haverá mais desperdício ou processos complexos de reciclagem. Onde a sustentabilidade é incorporada em modelos de negócio circulares, e os produtos e serviços são concebidos tendo em consideração o seu ciclo de vida. Um mundo onde todas as operações funcionam com energia renovável, e onde as fontes de energia limpa são predominantes. E onde a compensação de carbono é absolutamente o último recurso.
A necessidade de acção é urgente. Adaptar a forma como produzimos globalmente, para satisfazer as reduções de carbono necessárias para limitar as alterações climáticas a um nível seguro, é o maior e mais urgente desafio de transformação que a humanidade enfrenta actualmente e é por isso que o nosso programa actua em três pilares fundamentais: ambiente, inclusão digital e diversidade & inclusão.
Quais os principais drivers em cada um dos pilares?
Actuamos em cada um dos pilares com o objectivo de criarmos mudanças positivas e é por isso que o programa de responsabilidade social se designa “Architects of Positive Futures”.
No pilar da Diversidade e Inclusão, ambicionamos recrutar os melhores talentos, criar ambientes de trabalho inclusivos e colaborar com clientes, com parceiros e com os nossos pares, para a diversidade, equidade e inclusão. No pilar da Inclusão Digital ambicionamos fechar o gap digital, garantindo que a tecnologia é uma oportunidade para todos e que lhes permite alcançar um futuro também ele mais inclusivo. Por fim, no pilar do Ambiente, ambicionamos alcançar a neutralidade carbónica já em 2025, o que significa que temos de acelerar a nossa jornada e actuar nas principais áreas de impacto.
Que acções foram desenvolvidas em 2020 e 2021 e com que resultados?
2020 foi um ano em tudo atípico, como já sabemos, e claro que a pandemia nos obrigou a parar. Parar de ir para o escritório, parar de viajar (trabalho ou lazer), o que teve impactos muito positivos no meio ambiente. Ainda assim, e mesmo obrigatoriamente distantes, continuámos a apostar na sensibilização dos nossos colaboradores para as medidas a adoptar e ter em conta em casa. A reciclagem, as compras online, as fontes de energia, as (poucas) deslocações, etc., foram alvo da nossa atenção. Lançámos medidas como a plantação de árvores de forma virtual para que, mesmo que obrigatoriamente em casa, pudéssemos desenvolver iniciativas que permitissem produzir impactos positivos.
Em que medida é que os colaboradores da Capgemini são envolvidos nos projectos de sustentabilidade e responsabilidade social?
Fazemos questão que o nosso programa de responsabilidade social e corporativa envolva todos os colaboradores e, preferencialmente, desejamos que tenham um papel activo nas acções que lançamos. Podem ser voluntários e ajudar na recuperação de espaços exteriores, interiores, de instituições sociais, muitas vezes com poucos recursos financeiros para o poderem fazer. Podem ser formadores em sessões, presenciais ou virtuais, sobre inteligência artificial, robótica ou criação de aplicações móveis. Podem ainda ser embaixadores do meio ambiente e voluntariarem- se para limpezas de praias, ou, tão simplesmente, ajudarem a contribuir para apoiar causas ou instituições com doações de bens como livros, brinquedos, roupa de criança, filmes, artigos de higiene, cobertores ou leite. Tentamos ainda diversificar actividades, horários e localizações, para assim lhes permitirmos esta participação.
De que forma é que estas acções têm sido comunicadas junto dos diversos públicos?
A grande maioria da comunicação é interna e abrange todo o nosso universo de colaboradores dentro do Grupo Capgemini. Habitualmente trabalhamos com instituições que acolhem crianças em situações sobre as quais não pode haver qualquer tipo de comunicação, principalmente externa. Também recorremos ao uso das redes sociais para a partilha de informação sobre algumas das acções.
Quando foi introduzida e em que consiste a matriz de materialidade da Capgemini?
2018 foi o 1.º ano em que publicámos o nosso 1.º relatório de sustentabilidade e que continha os dados agregados dos vários países de 2017/2018. A matriz de materialidade é uma ferramenta que ajuda todas as organizações preocupadas com o tema do desenvolvimento sustentável e os seus três pilares (economia, ambiente e social), a identificarem quais as áreas e prioridades estratégicas dos temas socioambientais com impacto no negócio e nos seus principais stakeholders.
Como tem a Capgemini procurado reduzir a sua pegada ecológica e com que resultados práticos?
A natureza da nossa actividade já nos permite ter uma pegada mais reduzida do que muitas outras empresas de outros sectores. No entanto, mantemo-nos atentos ao que fazemos, aos impactos que daí derivam e, principalmente, sempre na procura e pesquisa de formas de os podermos reduzir. Temos algumas actividades em curso, como a revisão da nossa frota automóvel para passar a ser totalmente eléctrica ou híbrida, alterámos os nossos contratos de energia para fontes 100% renováveis. Na abertura do nosso escritório de Évora, em 2018, tivemos o cuidado de escolher fornecedores de materiais locais e naturais precisamente para diminuirmos os impactos decorrentes da obra e ajudarmos a estimular a economia local e continuamos, desde há 11 anos, a sensibilizar diariamente os nossos colaboradores para os nossos impactos colectivos e individuais, alertando, sensibilizando e apelando à mudança de comportamentos.
De que forma é que esta preocupação crescente com a sustentabilidade do planeta tem transformado o negócio da Capgemini?
Acreditamos que a preocupação com a sustentabilidade não é somente das empresas ou do mundo corporativo. Todos nós, individualmente, temos um papel muito importante de mudança de atitudes e de comportamentos no nosso quotidiano. Em 2011 implementámos o nosso sistema de Gestão Ambiental e uma das principais tarefas que temos, para além da medição e do controlo dos nossos impactos, é a influência que conseguimos exercer sobre os nossos stakeholders. Em toda a formação de onboarding (formação dada a todos os novos colaboradores para melhor conhecerem a organização que acabam de integrar) estes princípios, regras e valores são comunicados. Fazemos reforço da informação e sensibilização através da comunicação dos resultados do sistema ambiental, eliminámos todo o plástico descartável, comunicando sobre as razões e os objectivos de o fazermos, e procuramos exercer influência no nosso ecossistema de fornecedores, seja procurando fornecedores com soluções mais ecológicas (merchandising), seja pela sua própria pegada e acções de redução e mitigação dos seus impactos.
E junto dos vossos clientes, de que forma têm ajudado a incluir estes princípios nos seus negócios?
Os nossos clientes são um dos nossos mais importantes stakeholders, sem dúvida, e eles próprios também já demonstram grande preocupação com a sustentabilidade dos seus negócios, nos quais a transformação digital é de extrema importância. Apresentamos-lhes soluções e tecnologias mais verdes, desenvolvemos o conceito de experiência e design “verde”, e começámos também a medir a pegada de cada um dos nossos projectos/serviços através de uma ferramenta desenvolvida pelo Grupo Capgemini. No entanto, este é um trabalho contínuo e em constante evolução, tal como a própria tecnologia, e é importante estarmos atentos às mudanças e às necessidades para podermos apresentar a melhor solução e a mais eficaz.
Em que consiste a Net Zero Strategy?
O nosso propósito, enquanto organização, afirma claramente o nosso empenho em “libertar a energia humana através da tecnologia para um futuro inclusivo e sustentável” e sublinha por isso a nossa determinação em impulsionar a sustentabilidade e envolvimento interno e externo. Esta estratégia assenta no pilar externo: os nossos clientes, ajudando-nos a desenvolver novos modelos de negócio, com recurso à tecnologia e à identificação clara de riscos e oportunidades no que diz respeito à transição e à descarbonização dos seus negócios. Internamente, também temos de fazer a nossa parte, pelo que definimos uma estratégia para alcançarmos a neutralidade carbónica até 2025.
Quais os objectivos internos e externos que pretendem alcançar com a Net Zero Strategy?
No início desta jornada definimos cinco áreas de redução de carbono (energia, viagens, cadeia de fornecedores, offset de carbono, modelo global de colaboração), através das nossas áreas de maior impacto operacional, estando alinhados com o nível de redução necessário para ajudar a limitar o aquecimento global em 1,5 ºC. Desde há cerca de 10 anos que: colaboramos com clientes e parceiros, incentivamos os nossos colaboradores a criarem o futuro sustentável que desejam, reduzimos o carbono da nossa cadeia de compras, transitámos para fontes 100% renováveis de electricidade; aumentámos a sustentabilidade e a performance dos nossos data centres e escritórios; reduzimos as emissões das viagens optando por opções com baixas emissões de carbono ou entrega digital, estamos a fazer a transição para a frota eléctrica e reduzimos os impactos das deslocações dos nossos colaboradores pela adopção do modelo de trabalho remoto, até antes da pandemia.
Que valores saem reforçados com estas estratégias da Capgemini?
O Grupo Capgemini tem na sua génese sete valores: Honestidade, Audácia, Confiança, Liberdade, Espírito de Equipa, Modéstia e Fun, que para nós se traduz no orgulho em pertencer a esta organização. Apesar de considerarmos que todos saem de alguma forma reforçados, creio que os que mais se destacam são o fun e o espírito de equipa.
Que iniciativas/projectos têm agendados para 2022 nestas áreas?
Em 2022, a realidade do Grupo Capgemini vai alterar-se significativamente em Portugal, porque passaremos a ter um universo de mais de três mil colaboradores e um total de quatro localizações em Portugal: Lisboa, Évora, Fundão e Porto. Um dos objectivos é conseguirmos criar a sensibilização e o envolvimento de todos, realizando acções e iniciativas em todas as localizações e reforçando todos os valores do Grupo Capgemini
Que budget para a responsabilidade social e sustentabilidade?
Habitualmente não trabalhamos nesta área com um budget fechado, e por isso não organizamos acções em função do mesmo. O nosso principal objectivo é criar o máximo de impacto e envolver os nossos colaboradores, pelo que o número de acções e pessoas envolvidas cresceu significativamente face a anos anteriores. 2021 não foi um ano melhor que, por exemplo, 2019, porque ainda existem muitas restrições na organização de eventos (com limitação de capacidade) e distanciamento social, e as próprias instituições limitam o contacto.
Como é que a Capgemini mede o retorno das suas acções nestas áreas?
A Capgemini Portugal é uma prestadora de serviços de TI e como tal não trabalhamos com um consumidor final, no entanto, o principal retorno vem dos nossos colaboradores e do entusiasmo com que participam em cada actividade. E temos feito várias, desde ajudarmos instituições, na recuperação de espaços interiores, exteriores, passando pela doação de equipamentos, por exemplo. A forma como envolvemos um ecossistema de parceiros e o resultado que obtemos permitem-nos saber que o retorno é sempre largamente superior ao investimento. O principal retorno vê-se na forma como os nossos colegas se empenham e realizam todas as actividades. Não apenas com entusiasmo e de sorriso nos lábios, mas com todo o empenho e esforço porque, às vezes, temos actividades um pouco exigentes.
Este artigo faz parte do Caderno Especial “Sustentabilidade e Responsabilidade Social”, publicado na edição de Dezembro (n.º 305) da Marketeer.