ISAG: Dê um, leve 10: o digital nas empresas portuguesas

Bruno Miguel Vieira, coordenador da Pós-Graduação em Digital Marketing Strategy do ISAG – Business School

É oficial e irreversível: o futuro é agora, todo ele é marcado pelo digital e quem ainda oferece resistência à mudança arrisca-se a ficar, irremediavelmente, para trás. Isto é válido não apenas para empresários e negócios, em todos os sectores de actividade, sem excepção, mas também para nós, consumidores independentes. O encerramento de espaços físicos encaminhou-nos para o confortável e prático e-Commerce, que conquistou a nossa confiança e de onde, provavelmente, não voltaremos a sair.

O processo não foi simples e implicou uma profunda adaptação das empresas, que em tempo recorde foram forçadas a criar uma nova morada, a sugerir novos produtos e/ou serviços, a melhorar todos os procedimentos e a abrir novos canais de contacto com os seus actuais e potenciais clientes. Como em qualquer cenário de crise, as dificuldades aguçaram o engenho e rapidamente surgiram novas ideias de negócios e oportunidades. Em destaque, está a introdução de métodos facilitadores do processo de compra, como a adopção de formas de pagamento mais práticas e seguras (MB WAY), o atendimento virtual (Chatbots ou WhatsApp Business), a flexibilização do processo de troca e devolução, ou mesmo a utilização da inteligência artificial para responder melhor às necessidades dos consumidores.

Tudo isto fez crescer significativamente os números do e-Commerce, que alargou em idade e em localização a sua base de consumidores. Em 2020, um estudo do ISAG – European Business School e do Centro de Investigação de Ciências Empresariais e de Turismo da Fundação Consuelo Vieira da Costa (CICET-FCVC) confirmou que cerca de 7% dos inquiridos admitiram que, antes da pandemia, nunca tinham feito uma compra online, mas 37% afirmaram ter comprado mais durante o confinamento e 38% previam fazê-lo com mais frequência no futuro.

É importante, mais de um ano depois, olharmos em retrospectiva e percebermos o valor do que foi alcançado: um passo que pode ter valido por 10. Por outras palavras, sem a pandemia (que naturalmente preferíamos não ter conhecido), demoraríamos mais cinco ou 10 anos a alcançar este nível de imersão no digital, quer por parte dos consumidores, quer das empresas.

Se, logo a partir de Março de 2020, os pequenos empresários procuraram recursos imediatos, fazendo uso, muitas vezes, de soluções autodidactas, de ajuda não qualificada e de plataformas externas, como os marketplaces, que permitissem começar rapidamente a vender à distância e a chegar aos já habituais clientes, agora, o trabalho é outro. Numa perspectiva de longo prazo, as empresas – mesmo as mais pequenas – estão a mostrar- se mais ambiciosas, desejando chegar a novos públicos, sem fronteiras e com maior notoriedade, diferenciação e profissionalização. Para isso, têm procurado profissionais qualificados na área do Marketing Digital, que apoiem a implementação de estratégias digitais mais eficazes e direccionadas, que vejam todos os canais disponíveis de forma integrada e coerente.

Este artigo faz parte do Caderno Especial “Empresas 100% Portuguesas”, publicado na edição de Abril (n.º 297) da Marketeer.

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