Bluetooth: A história da tecnologia com raízes nórdicas que uniu o mundo
Se recuarmos aos anos 2000, lembrar-nos-emos de como os auscultadores com fios dominavam o mercado, enquanto os nostálgicos ainda usavam os modelos clássicos dos anos 80 (hoje novamente na moda). Contudo, poucos sabem que a possibilidade de ouvir música através de dispositivos sem fios já existia desde 1999, ano em que o primeiro dispositivo Bluetooth foi lançado no mercado.
A estreia desta tecnologia revolucionária veio pelas mãos da empresa Vosi Technology, que apresentou um auricular mãos-livres para conectar telemóveis ao sistema de áudio de um automóvel. O produto não passou despercebido: ganhou o prestigiado prémio de Melhor Tecnologia no COMDEX, o principal evento anual de tecnologia da época. Embora o alcance inicial do Bluetooth fosse de apenas 50 centímetros, o tempo e o desenvolvimento permitiram que se expandisse significativamente, alcançando até quase 100 metros, mesmo que o uso diário normalmente se limite a cerca de 10 metros.
Mas qual é a história desta tecnologia imprescindível nos dias de hoje?
Origem tecnológica e… nórdica
A criação do Bluetooth nasceu da necessidade de criar redes sem fios para trocar dados e áudio entre dispositivos inteligentes. Contudo, a origem desta tecnologia vai além do campo técnico, mergulhando nas tradições escandinavas. O nome “Bluetooth” é uma homenagem ao rei dinamarquês Harald Blatand (ou Harald “Dente Azul”), que governou no século X e é conhecido por unir a Dinamarca e a Noruega e introduzir o cristianismo na região.
A escolha do nome foi feita por Jim Kardach, engenheiro da Intel, inspirado no romance The Long Ships, que narrava a história deste rei viking. A analogia entre Harald, que uniu dois reinos, e o objetivo da tecnologia Bluetooth, que pretendia conectar dispositivos de diferentes fabricantes, fez do nome a escolha perfeita.
Um logótipo com raízes vikings
O logótipo do Bluetooth também reflete esta herança cultural nórdica. É uma fusão de duas runas vikings: Hagall (a letra “H”) e Berkana (a letra “B”), que correspondem às iniciais de Harald Blatand. Assim, cada vez que vemos o icónico símbolo nos nossos dispositivos, estamos a olhar para um pedaço de história viking adaptado à era digital.
O crescimento do Bluetooth no mercado global
Desde que Örjan Johansson, em 1997, impulsionou o lançamento oficial do Bluetooth, a tecnologia não parou de crescer. De acordo com o portal de estatísticas Statista, em 2023 existiam cerca de 5 mil milhões de ligações Bluetooth no mundo, e espera-se que este número ultrapasse os 7 mil milhões até 2028.
Hoje, quase todos os dispositivos inteligentes — dos telemóveis aos computadores, passando por televisões e tablets — estão equipados com esta tecnologia. Contudo, no início do século XXI, foi a Motorola, em parceria com a Ericsson, uma das primeiras marcas a integrar o Bluetooth nos seus telemóveis, marcando um ponto de viragem na conectividade móvel.
Embora o Bluetooth já faça parte do nosso quotidiano, a sua história lembra-nos que, por trás de muitas inovações tecnológicas, há um toque de criatividade e inspiração cultural. No caso do Bluetooth, a ligação entre o passado viking e a modernidade tecnológica é um exemplo de como a tradição e a inovação podem andar de mãos dadas.