Bloqueio de anúncios mobile é bom para a criatividade

O novo sistema operativo da Apple vai permitir aos utilizadores instalarem ad blockers, programas de bloqueio de anúncios, no Safari, o browser da tecnológica, notícia que não foi bem recebida pela maioria dos anunciantes. No entanto, nem tudo são más notícias, segundo Tom Goodwin, vice-presidente senior de Estratégia e Inovação na Havas Medias de Nova Iorque, num artigo que escreveu para a AdAge.

O executivo lembra que, apesar de a Apple não ser líder em inovação, o mercado apenas muda realmente quando a marca lança a sua versão do produto. Aconteceu com os leitores de MP3, aconteceu com os pagamentos móveis e é provável que aconteça com os bloqueadores de anúncios. A justificação está na base massiva de fãs da marca da maçã e no modo como consegue tornar aquilo que antes era complexo e direccionado apenas para profissionais da área em algo mainstream.

Tom Goodwin acredita, contudo, que boas consequências surgiram desta massificação dos softwares de bloqueio de anúncios nos dispositivos móveis. Numa altura em que os anunciantes começavam a ficar confortáveis com o desenvolvimento de anúncios mobile, eis que são retirados novamente da sua zona de conforto e obrigados a exercitar a criatividade.

«As agências de publicidade têm de ser mais imaginativas, as publicações e grupos de comunicação social têm de começar a respeitar mais os consumidores e as marcas têm de produzir mensagens com mais qualidade e aprender a atrair e entreter», afirma.

O objectivo pode ser atingido de, pelo menos três formas. A primeira implica a adopção de publicidade mobile premium, uma vez que, muitas vezes, os anúncios para smartphones ou tablets são menos cuidados do que aqueles criados para televisão, por exemplo. É preciso ter em conta que os consumidores gostam de publicidade mas gostam somente da que é interessante e rica em conteúdo.

A segunda estratégia passa por criar anúncios que não pareçam anúncios, já que, assim, os programas de bloqueio não perceberão de que trata aquele conteúdo e deixarão passar. Aqui, entra, a criatividade das agências e das marcas. De acordo com Tom Goodwin, as novas opções poderão passar por conteúdos patrocinados e pala colocação de produto através de parcerias editoriais.

A terceira forma proposta pelo executivo está relacionada com a utilidade da marca para os consumidores. Se o anúncio for mais do que a promoção de um produto ou serviço, a probabilidade de estabelecer relação aumenta. Isto é, se a marca oferecer algo útil e prático como um guia de viagem ou uma aplicação que conta quilómetros.

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