Black Friday: ainda funciona para as marcas e consumidores?
Por Carla Pereira, Marketing & Communication manager da DPD Portugal
Nos últimos anos, temos verificado uma alteração no padrão e preferência de compra dos consumidores portugueses. Muitos começaram a comprar online. Preocupam-se, cada vez mais, com a qualidade. Evitam o consumismo. Vendem e compram em segunda mão. E tornaram a sustentabilidade um imperativo para todas as marcas e produtos.
Esta mudança trouxe para as marcas o desafio constante de se reinventarem e, sobretudo, de transformarem a forma como interagem com o consumidor, de perfil cada vez mais digital, sustentável e cada vez mais consciente na hora de comprar. Prova disso são os dados do último Barómetro e-Shopper da DPD, que demonstra que os consumidores online em Portugal são, face à restante Europa, os mais sensíveis ao preço, sendo este um factor determinante nas suas decisões de compra.
Tendo em conta este cenário, e sobretudo pelo impacto da inflação na carteira dos portugueses, reflectiu-se sobre o impacto para as marcas que uma possível contracção no consumo poderia fazer em datas como a Black Friday. Mas, na verdade, o que verificamos é que os portugueses aderem cada vez mais à iniciativa, com a facturação dos negócios a aumentar 13% face a 2022 durante o Black Month, segundo dados da Unicre. Já no que respeita a entregas, o período da Black Friday e Ciber Monday representou igualmente um crescimento perto dos 10% para a DPD, com cerca de 350 mil encomendas entregues.
Mas então, como fazem as marcas para continuar a atrair os clientes e aumentar o seu volume de compras, quando os consumidores estão cada vez mais conscientes e cautelosos com o que compram? Promovem cada vez mais promoções, oferecem pagamentos em várias modalidades, amplificam a comunicação, alargam os períodos de devolução pós-compra para depois do Natal, aumentam o período promocional e algumas ainda disponibilizam vantagens para quem compra online, como, por exemplo, dando acesso em primeira-mão aos artigos que entrarão em promoção para que os consumidores possam preparar o carrinho de compras antecipadamente.
No que toca às entregas, são cada vez mais as marcas que optam por diversificar a sua oferta de entregas, acompanhando o surgimento de novos perfis de consumo que vão além da entrega ao domicílio. São cada vez mais os consumidores que valorizam a liberdade de poder escolher o local de entrega, fora de casa, seja ele uma loja, seja um locker – 24% das encomendas é feita fora de casa, segundo o Barómetro e-Shopper da DPD.
E, por mais que possa parecer uma data muito competitiva, tendo em conta o número de marcas a aderir à Black Friday, a verdade é que as marcas integram cada vez mais produtos nas promoções e até criam estratégias para dinamizar e amplificar a Black Friday, especialmente online, com extras apelativos, tais como entregas grátis, especialmente em pontos de proximidade, para que os consumidores possam contribuir directamente para a redução da pegada carbónica quando levantam a sua encomenda.
E, tendo em conta que os compradores portugueses têm vindo a aderir ao digital, não é de estranhar que estes tenham representado perto de um quarto (24%) do valor gasto nesta Black Friday (dados SIBS).
Assim, por mais competitiva e estimulante que a Black Friday possa ser e que o comportamento do consumidor esteja em constante mudança, o segredo estará sempre em acrescentar valor à oferta base disponibilizada no dia-a-dia, tendo em conta uma comunicação transparente para que, além da venda, as marcas também consigam reforçar a proximidade com os seus clientes e garantirem uma relação contínua, sendo esta tão importante para o consumidor actual.