Berdi quer fazer a ponte entre marcas e influenciadores autênticos
Recusa o título de agência de influenciadores, preferindo apresentar-se como uma plataforma de gestão de campanhas de Influencer Marketing. A Berdi chegou ao mercado apenas em Fevereiro deste ano e conta já com mais de 400 criadores de conteúdos prontos a fazerem parcerias com marcas. O objectivo da plataforma é fazer a ponte entre os dois lados, tornando a colaboração mais eficiente tanto ao nível da produção como da publicação.
«Consideramos que utilizar a tecnologia ao serviço da criatividade é uma oportunidade fantástica para melhorar o processo de colaboração, permitindo aos gestores de marketing focarem-se apenas em tarefas que realmente criam valor, ou seja decisões estratégicas e criativas», explica Bernardo Moisão, co-fundador do Berdi. Em entrevista à Marketeer, conta que também querem dar aos criadores a oportunidade de recomendarem produtos dos quais gostam e serem recompensados por isso, independentemente de quem são, do que gostam ou do que fazem.
No Berdi há espaço para todo o tipo de influenciadores, sendo que a plataforma não estabelece contratos de exclusividade com nenhum deles. Funciona apenas como ferramenta tecnológica para a optimização das diferentes fases do processo criativo.
Segundo Bernardo Moisão, as marcas que lancem briefings via Berdi podem receber propostas em menos de 24 horas, acompanhadas pelas métricas de desempenho de cada criador interessado. Estas propostas incluem também o preço do trabalho em questão, sendo que a definição do valor cabe sempre ao criador. Todos os pagamentos decorrentes de colaborações conquistadas via Berdi são efectuados directamente para a conta bancária do criador, que tem à sua disposição duas modalidades: pode receber por cada peça de conteúdo até 48 horas após a sua aprovação ou acumular o valor recebido por várias peças.
Ao preço sugerido pelo criador é acrescentada uma comissão fixa que é cobrada às marcas se escolherem aprovar o conteúdo em causa. É essa a fonte de receita da plataforma, o que significa que para os criadores não existe nenhum custo envolvido. As marcas, por seu turno, também podem submeter briefings gratuitamente, pagando apenas no caso de avançarem com uma das propostas.
«É importante para o nosso modelo que o criador receba 100% do valor que definiu e que a nossa comissão seja justificada pelo valor que a nossa plataforma acrescenta a todo o processo de colaboração, assim como a partilha de performance do conteúdo publicado», sublinha o co-fundador do Berdi. O responsável adianta ainda que, durante este mês e o próximo, o valor da comissão será cortado pela metade, de modo a apoiar a recuperação económica do País e a permitir que as marcas continuem a comunicar os seus produtos junto dos consumidores.
Campanhas em menos de cinco minutos
«Qualquer campanha no Berdi pode ser criada em menos de cinco minutos e o processo é totalmente digital», conta Bernardo Moisão. Tudo começa com o briefing, elemento crucial para que as parcerias sejam de sucesso. Por isso mesmo, o Berdi criou um template que «combina as necessidades do gestor da marca e dos criadores» e que promete clarificar o que é pretendido.
A partir do momento em que é lançado o briefing, basta esperar pelas propostas dos criadores de conteúdos, sendo que, habitualmente, começam a surgir logo algumas horas depois. As campanhas que daí resultam podem ser de dois tipos: Influencer Marketing ou Conteúdo Miltiformato.
De acordo com Bernardo Moisão, a primeira tem sido a grande aposta do Berdi na fase de lançamento. Trata-se de um conteúdo desenvolvido pelos criadores e que é publicado pelo próprio influenciador nas suas redes sociais, após aprovação da marca. Neste tipo de campanha, a propriedade intelectual do conteúdo pertence ao criador, embora a marca possa republicar o mesmo na sua página, identificando o influenciador.
As campanhas de Conteúdo Multiformato, por outro lado, têm como ponto de partida marcas que procuram conteúdos para usar nos seus diversos canais. Neste caso, a propriedade intelectual passa para as mãos das insígnias, após aprovação e pagamento, e os influenciadores não fazem qualquer publicação nas suas redes.
Nos primeiros dois meses de funcionamento, o Berdi lançou seis campanhas de marcas de diferentes indústrias. A startup Molas para Meias, por exemplo, está entre as que recorreram ao serviço desta plataforma.
A busca pela autenticidade
Bernardo Moisão acredita que o Berdi poderá ter também uma palavra a dizer na busca pela autenticidade. Segundo o responsável, existe uma falta de autenticidade que estará a afectar o potencial e a forma como os conteúdos são consumidos pelo público. «Hoje, começa a haver uma percepção negativa do que significa ser um influencer», algo que a plataforma Berdi pode ajudar a resolver através de uma aposta em relações e recomendações baseadas em transparência e honestidade.
«Achamos que um dos grandes factores que contribuíram para esta situação é decorrente da relação que muitas celebridades portuguesas têm com marcas, em que pressupõe, na maior parte dos casos, uma oferta de produto», indica o co-fundador. Na sua opinião, um influenciador que não usa já o produto ou que não está disposto a comprá-lo não deverá fazer recomendações sobre o mesmo.
Com o número de criadores registados a crescer 15% a cada semana, o Berdi não sente que a pandemia de COVID-19 tenha vindo abalar o negócio. Numa fase inicial, notaram que algumas marcas preferiram suspender o seu investimento em comunicação e reavaliar a sua estratégia. Confusão e medo foram sentimentos comuns durante as primeiras semanas, mas agora já parecem ter dado lugar à confiança.
«Sentimos que agora as marcas estão bastante mais confiantes e dispostas a comunicar, assim como também temos criadores que querem continuar a trabalhar com as suas marcas preferidas», conta Bernardo Moisão.
Texto de Filipa Almeida