Bacalhôa: Um vinho com 100 anos de história

No final dos anos 70, a empresa deu início a uma nova fase da sua história, marcada pela aposta na vinha e nas marcas próprias e, sobretudo, pelo extraordinário dinamismo e pioneirismo, com a produção de vinhos assentes em conceitos, perfis e técnicas nunca antes experimentados no nosso país. Assim nasceram marcas de grande singularidade e notoriedade, como Quinta da Bacalhôa, Catarina, Cova da Ursa Chardonnay (hoje Bacalhôa Chardonnay, inserido numa gama de monocastas da marca) ou JP, entre muitas outras.

Um novo ciclo de crescimento e consolidação teve lugar a partir de 1998, com a compra da empresa por parte da família Berardo e, nos anos seguintes, a aquisição das emblemáticas Quinta da Bacalhôa, em Azeitão, Quinta do Carmo, em Estremoz, e Aliança, em Sangalhos, integradas depois no Grupo Bacalhôa – Vinhos de Portugal, assim designado a partir de 2005.

Este ciclo ficou igualmente marcado por uma aposta no enoturismo. O Bacalhôa Buddha Eden, no Bombarral, o Aliança Underground Museum, em Sangalhos, o Palácio da Bacalhôa e a Adega Museu, em Azeitão, a Quinta do Carmo e o Museu Berardo Estremoz, nesta cidade alentejana, e o Museu B-MAD, situado em Alcântara, são referências absolutas no que respeita à ligação entre vinho e turismo.

No ano em que a marca celebra o seu centenário e se inicia um novo ciclo, o principal desafio da empresa é a implementação e consolidação do Projecto de Produção Sustentável do Grupo Bacalhôa, iniciado em 2020. A Bacalhôa ‒ Vinhos de Portugal acredita firmemente na enorme mais-valia da sustentabilidade, de forma transversal à sua actividade.

Tendo iniciado a sua actividade em 1922, com a venda de vinho a granel, face aos marcos acima já referenciados e empregando o grupo, actualmente, cerca de 300 colaboradores não faltam, por isso, motivos para comemorar 100 anos de uma vida empresarial associada a uma história riquíssima, repleta de pioneirismo, criatividade, dinamismo e sucesso comercial.

Para assinalar a data, a marca preparou várias iniciativas ao longo do ano, junto de parceiros, clientes e colaboradores. Foram implementadas melhorias de processos internos com a introdução de novos softwares para o desenvolvimento de novos produtos, foi renovada a imagem de marcas como o Terra Boa, foi lançado um novo Catarina Rosé, uma gama de vinhos em lata com a marca Casal Mendes e foi apresentado um vinho único e exclusivo, o Quinta da Bacalhôa Centenarium.

Este vinho foi apresentado previamente em privado, de forma exclusiva, a parceiros de décadas, num evento de três dias, onde a marca recebeu em Azeitão um grupo de 50 importadores das mais variadas partes do globo, desde os parceiros do mercado europeu, aos do Brasil, Estados Unidos e Canadá, entre outros para onde maioritariamente exportam.

Seguiu-se uma série de jantares vínicos em vários pontos de Portugal continental e na ilha da Madeira, com a equipa comercial, para apresentação do vinho em território nacional, que ainda decorrem. Realizou-se também um evento de apresentação do vinho em Angola.

Logo após o lançamento exclusivo do vinho Quinta da Bacalhôa Centenarium, a marca lançou um novo website, completamente renovado, em parceria com a M&A Digital.

DESAFIOS

Gerir uma marca com 100 anos, principalmente num sector como o dos vinhos, em que a tradição e a herança cultural são essenciais, é um desafio constante, mas apaixonante, que abracei desde 2018, conta Fábio Vieira, Marketing manager da Bacalhôa – Vinhos de Portugal. «Temos que saber conciliar o nosso querer e espírito de inovação sem nunca esquecer as raízes da empresa e, mais importante, que o que dá origem a tudo vem da terra, e é por isso que o projecto de sustentabilidade é tão importante para nós. Com boas uvas se fazem bons vinhos e com isso fica mais fácil construir boas marcas.»

O crescimento do sector vem introduzir novos players numa base constante no mercado, pelo que o responsável acredita que «não podemos tomar a herança de valor da marca como factor de garantia de sucesso. Há que trabalhar diariamente em equipa para o sucesso».

SUSTENTABILIDADE

A implementação de programas sustentáveis tem sido o principal foco deste grupo, mantendo também o mesmo desempenho e produtividade. Desta forma, a empresa está empenhada em agir de forma ética, transparente e responsável, valorizando os parceiros que se esforçam para fazer o mesmo.

A aposta na inovação e na sustentabilidade são os grandes objectivos que a empresa segue, «assegurando o futuro de modo sustentável e satisfazendo as necessidades dos seus consumidores, possibilitando a rentabilidade dos activos e mantendo o nível de empregabilidade», explica Fábio Vieira.

Um dos objectivos da marca nas suas quintas é a diminuição/remoção de energias não renováveis. «Além dos problemas de ordem ambiental causados pela utilização deste tipo de energia, é cada vez mais insustentável podermos operar condicionados pela volatilidade dos custos de energia. Procuramos reduzir ao máximo os resíduos que possam afectar a pegada ambiental, aumentando a reciclabilidade presente nas nossas quintas e em todos os nossos pontos de enoturismo.»

Neste momento, a empresa está a desenvolver projectos que procurem diminuir ao máximo, ou até mesmo anular, as principais pegadas ambientais. Um deles é a cooperação com a Comissão Vitivinícola Regional Alentejana, no Programa de Sustentabilidade dos Vinhos do Alentejo (PSVA), que tem como objectivo tornar o Alentejo uma região sustentável na produção de uva e vinho. A diminuição de água nas quintas é vital.

Outro ponto é a realização de estudos fotovoltaicos, com a aplicação de diversos painéis solares em torno da sede da empresa, destinados a acabar com a utilização de energias não renováveis, utilizando a luz solar para o desenvolvimento de diversas das actividades industriais. «Actualmente já conseguimos suprir cerca de 20% das nossas necessidades energéticas com energia solar proveniente dos painéis instalados nas nossas propriedades, tendo como objectivo chegar aos 30% nos próximos três anos», diz Fábio Vieira.

OBJECTIVOS PARA 2023

Relativamente à gestão das marcas e produtos, o Grupo Bacalhôa deu continuidade ao processo de racionalização de modo a descontinuar linhas com desempenho menos satisfatório, focalizar investimentos comerciais e de marketing em produtos com maior potencial e desenvolver outros que correspondam a reais necessidades do mercado. «Realça-se a contínua afirmação da linha Bacalhôa varietais, que está a contribuir decisivamente para uma oferta qualitativa no mercado on-trade. Em 2023 pretendemos lançar novas referências, como um novo monovarietal Bacalhôa Bical da Bairrada de vinhas velhas, um monovarietal Sauvignon Blanc, um moscatel de Setúbal 40 anos e temos preparadas outras surpresas que divulgaremos a seu tempo, nomeadamente de novas imagens dos nossos produtos», conclui.

Este artigo faz parte do Caderno Especial “Marketing de Vinhos, Azeites e Espirituosas”, publicado na edição de Dezembro (n.º 317) da Marketeer.

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