Opinião de Nuno Mendonça, diretor-Geral da Audi Portugal
Durante décadas, o conceito de luxo no setor automóvel foi associado ao desempenho, à exclusividade e ao requinte dos materiais. Mas, no mundo em que vivemos, essa definição está a transformar-se profundamente. O consumidor premium de hoje não procura apenas prestígio – exige responsabilidade. Quer saber de onde vêm os materiais, como são produzidos os veículos e que pegada deixam no planeta. E é precisamente aqui que marcas premium têm de se afirmar com clareza: mostrando que o verdadeiro luxo é ser parte ativa desta mudança.
Face ao atual contexto, a sustentabilidade não pode ser apenas uma tendência, tem de ser uma obrigação. Assim, mais do que cumprir metas ambientais, as marcas têm que ter uma visão onde tecnologia, inovação e circularidade trabalhem lado a lado para garantir um futuro mais equilibrado e justo. É um caminho exigente, mas absolutamente necessário.
Um dos pilares dessa transformação é a reutilização de materiais de veículos em fim de vida. O que antes era considerado resíduo, deve agora ser considerado um recurso estratégico e assim reaproveitar materiais em fim de vida em matéria-prima reciclada de elevada qualidade, apta a ser reintegrada nos processos produtivos. Esta nova abordagem de gestão da cadeia de valor a economia circular contribui, igualmente, para reduzir a exposição às flutuações do mercado de matérias-primas num mundo cada vez mais imprevisível, reforçando a resiliência das cadeias de abastecimento.
Mas uma nova visão realmente sustentável tem de considerar também as variáveis associadas à transição energética, nomeadamente na integração no processo produtivo de energia 100% renovável, na gestão do armazenamento dessa mesma energia e na otimização da sua utilização por forma a reduzirmos o consumo energético.
Mas este compromisso também se estende à forma como as marcas e os seus produtos interagem com os consumidores. É fundamental que os clientes saibam que conduzem um veículo que reflete escolhas responsáveis – não apenas ao nível do design ou da performance, mas na sua génese, na sua produção e no seu ciclo de vida. O luxo moderno é transparente, consciente e colaborativo. E isso traduz-se também na utilização de interiores com tecidos de base reciclada, couro produzido com menos impacto ambiental e soluções de conectividade que promovem uma condução mais eficiente.
Sabemos que nenhuma transformação acontece isoladamente. Por isso, colaboramos com parceiros industriais, académicos e tecnológicos para acelerar a inovação. Trabalhamos lado a lado com fornecedores para elevar os padrões ambientais e sociais em toda a cadeia de valor. E desafiamo-nos diariamente a fazer mais, a fazer melhor.
O compromisso com a sustentabilidade não é um adorno para o universo premium – é o novo pilar sobre o qual este se deve construir. Acredito que ser premium, hoje, é ter coragem para agir. É investir na mudança. É garantir que o futuro da mobilidade continua a ser sinónimo de liberdade, mas também de responsabilidade.
E esse futuro começa agora.













