Aumento das vendas no grande consumo deve-se à subida de preços

O sector dos bens de consumo beneficiou de um ano de enorme crescimento, com o valor das vendas no retalho para a indústria a aumentar globalmente cerca de 10% anualmente em 2023.

De acordo com o Consumer Products Report 2024 da Bain & Company, três quartos (75%) desse valor deve-se provavelmente a aumentos de preços e não a ganhos em volume. Nos EUA e na Europa, as subidas nos preços foram responsáveis por 95% do crescimento do valor das vendas no retalho.

«À medida que a inflação abranda, começa a emergir um paradoxo para as empresas de consumo. Embora, por um lado, os preços tenham subido demasiado para manter os gastos dos consumidores, por outro, não subiram o suficiente para acompanhar o aumento dos custos e as crescentes pressões sentidas pelos retalhistas. O crescimento futuro vai exigir uma reformulação fundamental das propostas de valor, portefólios e modelos de negócio», diz, em comunicado, Clara Albuquerque, sócia da Bain & Company.

Obrigados a pagar mais sem obter quaisquer benefícios adicionais em troca, os consumidores estão a mudar para marcas próprias mais acessíveis ou para marcas insurgentes premium que oferecem maior valor ao consumidor. Estão ainda à espera de promoções ou apenas a comprar menos. E, de facto, mais de metade dos executivos inquiridos afirma que foi significativamente afectado pela redução dos gastos dos consumidores em 2023.

Neste momente, metade dos consumidores globais afirma que a sustentabilidade é uma das quatro principais considerações quando compra e que estaria disposto a pagar cerca de 10% a mais por produtos sustentáveis.

E os retalhistas procuram fornecedores que os possam ajudar a reduzir as suas próprias emissões directas e indirectas, à medida que as divulgações relacionadas com o clima passam para uma base mais regulamentada e obrigatória em muitos países. Apesar deste amplo impulso, apenas cerca de um terço das empresas de bens de consumo embalados estão no caminho certo para cumprir os seus compromissos de descarbonização.

«Os vencedores em 2024 serão as empresas que tomarem medidas ousadas para redefinir as suas agendas de crescimento, ao mesmo tempo que aumentam a produtividade e capitalizam as oportunidades apresentadas pela digitalização. Embora esta seja, inegavelmente, a principal prioridade para os bens de consumo este ano, esse imperativo de curto prazo ainda deve levar a um crescimento sustentado a longo prazo. Uma abordagem equilibrada para servir todas as partes interessadas – consumidores, clientes, funcionários e o planeta – é uma forma poderosa de alcançar este duplo objectivo», salienta João Valadares, sócio da Bain & Company.

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