Aumenta a pressão sobre o Facebook: boicote publicitário torna-se global

Unilever, Coca-Cola ou Starbucks. Estes são apenas alguns dos gigantes que nos últimos dias aderiram ao boicote ao Facebook, que envolve a suspensão de qualquer actividade publicitária nas plataformas de Mark Zuckerberg (incluindo também o Instagram). Em alguns casos, também o Twitter é abrangido, mas o alcance geográfico não tem ido além dos Estados Unidos da América, onde o movimento teve origem. Agora, porém, a ambição passa a ser global.

A Reuters avança que os organizadores do boicote publicitário se estão a preparar para alargar a iniciativa a todo o Mundo, de forma a aumentar a pressão sobre a empresa de social media para que adopte políticas mais rígidas no que ao discurso de ódio e a à desinformação diz respeito. “Stop Hate for Profit” é o nome escolhido para o boicoite, criado na sequência da morte de George Floyd – afro-americano que perdeu a vida depois de ser sufocado durante quase nove minutos por um polícia nos EUA.

Desde que foi lançado, no início deste mês, o boicote já juntou mais de 160 empresas, que aceitaram suspender a publicidade paga nestas redes sociais pelo menos durante o mês de Julho. Em alguns casos, a pausa vai mesmo até ao final do ano.

«A próxima fronteira é a pressão global», garante Jim Steyer, chief executive da Common Sense Media e um dos responsáveis pelo boicote. Em entrevista à Reuters, explica que o objectivo no Velho Continente passa por encorajar os reguladores europeus a tomarem uma posição mais dura em relação ao Facebook.

O Facebook já reagiu ao boicote, tendo reconhecido que ainda tem muito trabalho pela frente e que irá colaborar com grupos de direitos civis e especialistas para desenvolvider novas ferramentas de combate ao discurso de ódio. A empresa garante ainda que o investimento realizado em inteligência artificial já permitiu encontrar 90% do discurso de ódio antes de os utilizadores terem oportunidade de reportá-lo.

Além disso, na passada sexa-feira, o Facebook anunciou novas medidas no sentido de banir anúncios e identificar discurso de ódio por parte de políticos. Contudo, a novidade soube a pouco aos manifestantes, que têm uma lista de exigências mais longa: um processo de moderação distinto para utilizadores que são alvos com base na sua raça; mais transparência relativamente à forma como os incidentes de discurso de ódio são reportados; e um ponto final à receita gerada com base em conteúdos prejudiciais, entre outros.

A publicidade representa 70 mil milhões de dólares (cerca de 62 mil milhões de euros) em receita para o Facebook anualmente, sendo que aproximadamente um quarto deste total chega de algumas das multinacionais que se juntaram ao boicote. Ainda assim, se a suspensão acontecer apenas durante o mês de Julho, o impacto nas contas não deverá ser significativo.

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