Assédio moral, conflitos éticos e precariedade levam jornalistas portugueses a níveis elevados de esgotamento

Um estudo realizado pelo Sindicato dos Jornalistas (SJ), em parceria com a Casa da Imprensa e a Associação Portuguesa de Imprensa (API) revela que 48% dos jornalistas portugueses enfrenta níveis elevados de esgotamento, enquanto 18% sente exaustão emocional a um “nível alarmante”.

Realizado entre abril e maio de 2022, o estudo reúne dados de 866 jornalistas activos e aposentados em 119 concelhos de Portugal. Os resultados apontam para condições de trabalho precárias, sobrecarga laboral, conflitos éticos, degradação da qualidade do trabalho e dificuldades na conciliação entre a vida profissional e familiar como principais causas do esgotamento profissional.

De acordo com as conclusões apresentadas, os jornalistas portugueses estão sob pressão constante devido a metas irrealistas e prazos apertados, que não coincidem com suas disponibilidades, qualidade e formação. O assédio moral (15%), principalmente por parte de chefias e/ou patrões (93%), também foi identificado como uma preocupação, em particular para as mulheres na profissão.

Os dados apontam para uma média de filhos por jornalista de apenas 1,04, abaixo da média nacional de 1,38. Esta baixa taxa de natalidade entre os jornalistas é atribuída a dificuldades na conciliação entre trabalho e vida familiar, agravadas pela instabilidade financeira e pela insegurança no emprego. Além disso, 40% não tem filhos, 26% tem um filho e 27% tem dois filhos.

O estudo permite perceber que quem recebe menos está mais desgastado, cenário que piora quando há ameaça de desemprego. Também o assédio moral contribui significativamente para a situação de desgaste, que se agrava com os conflitos com a hierarquia que é mais evidente nas mulheres. O salário médio líquido mensal dos jornalistas respondentes no activo é de 1225 euros.

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