As relações que temos com as marcas são iguais às que temos com as pessoas?

Por Pedro Miguel Garcia, head of Marketing da bet.pt

Indo directo ao assunto, são! Todas as relações funcionam da mesma forma. Baseiam-se nos mesmos pontos. Seja uma relação entre pessoas, seja a relação que temos com as marcas. Para manter uma relação precisamos de conhecer a pessoa. Precisamos de ser interessantes. Precisamos de ser consistentes. E sobretudo precisamos de ser nós próprios. Ora, com as marcas é igual. No final do dia, tudo se resume a duas coisas, e ambas imperativas para qualquer relacionamento de sucesso:

  • Manter o interesse da outra pessoa.
  • Ganhar o respeito da outra pessoa.

E é bem mais fácil dizer do que fazer. Conseguir ganhar e depois reter o interesse das pessoas é o grande desafio que enfrentamos como indústria. E isto antes mesmo de considerar que vivemos numa constante guerra de atenção. As marcas competem com produtores de conteúdos, competem com os media, competem com outras pessoas. A prová-lo está que o tempo médio de atenção diminuiu para oito segundos. E como se não fosse já uma tarefa difícil, neste momento a desconfiança em marcas e instituições está em níveis altíssimos. Por isso é bom que todos na indústria comecemos a perguntar o que simbolizam as nossas marcas, quais os traços de identidade que as caracterizam, e qual a ideia ou proposição que motiva as nossas marcas e como a temos sempre presente no nosso dia-a-dia.

Depois de um ano louco como o de 2020, com uma pandemia e onde o ecommerce ganhou um peso fortíssimo, se é que já não o tinha, é fundamental que não deixemos as marcas caírem num vazio sem alma, sem posicionamento e sem que simbolizem algo. E do meio de toda esta confusão existem marcas que o souberam fazer. Existem marcas que sabem onde estão, para onde vão e que o segredo das relações passa por tornar tudo mais pessoal.

É por isso que a consistência é tão importante.

Mais do que dizer aquilo que uma marca simboliza, ela deve realmente vivê-lo. Uma marca é muito mais que uma campanha, muito mais que um post de social media, ou o seu produto/serviço. Uma marca é aquilo que os seus trabalhadores representam e fazem no dia-a-dia.

Sejamos capazes de em 2021 trabalhar as relações com as pessoas, sendo consistentes no que fazemos, sabendo onde estamos e para onde queremos ir. Consigamos ganhar o respeito dos nossos clientes. Casos como o da Volvo que mantém o seu posicionamento sobre segurança, mesmo com o passar dos anos, ou da Guinness, que continua a celebrar casos de superação, são exemplos a seguir. Que em 2021 sejamos capazes de ser coerentes, consistentes, tratar os clientes como pessoas que são, com necessidades específicas. Só assim nos vão respeitar.

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