António Guterres apela à proibição da publicidade dos combustíveis fósseis
António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, fez um apelo aos executivos da indústria de combustíveis fósseis, desafiando-os a liderar a transição energética global. Guterres sublinhou que os lucros astronómicos das empresas de combustíveis fósseis proporcionam uma oportunidade única para uma mudança significativa. «Os vossos enormes lucros dão-vos a oportunidade de liderar a transição energética. Não a percam», afirmou.
Mas o líder da ONU foi mais além ao criticar o poder económico destas empresas e incitou as empresas de publicidade a cessarem a promoção de produtos prejudiciais ao ambiente. «Deixem de aceitar novos clientes de combustíveis fósseis e estabeleçam planos para abandonar os existentes. Estão a envenenar o nosso planeta e são tóxicos para a vossa marca.»
O secretário-geral também alertou para a urgência de reduzir as emissões globais, que, segundo ele, devem cair 9% por ano até 2030 para manter o limite de aquecimento global em 1,5 graus Celsius. No entanto, em 2023, as emissões aumentaram 1%. «Precisamos de uma rampa de saída para sair da auto-estrada que leva ao inferno climático.»
Guterres apelou não só às empresas de publicidade e tecnológicas, mas também aos governos, instando-os a proibir a publicidade de produtos prejudiciais ao ambiente, assim como acontece com o tabaco em muitos países.
Como os países estão a proibir a publicidade
Em Março deste ano, a EU aprovou uma directiva que proíbe campanhas publicitárias que façam os consumidores acreditar que determinados produtos não têm impacto ambiental. Termos como “climaticamente neutro” ou “zero emissões líquidas” estão agora proibidos.
A nível local, cidades como Amesterdão, na Holanda, implementaram restrições à publicidade em espaços de transporte público, seguindo recomendações de um relatório científico de 2023 encomendado pelo Ministério do Clima e Energia. O relatório defende que tais restrições são necessárias para cumprir compromissos climáticos e proteger a saúde pública.
Edimburgo, na Escócia, destacou-se por proibir anúncios de veículos movidos a combustíveis fósseis em espaços públicos. Esta política, promovida pelos Verdes escoceses, estende-se também à proibição de anúncios de voos comerciais, SUVs (incluindo os eléctricos) e cruzeiros.
Sheffield, no Reino Unido, seguiu o exemplo, proibindo a publicidade e o patrocínio de produtos e marcas que contribuam para a emergência climática. Cartazes publicitários municipais não poderão promover automóveis híbridos e a combustíveis fósseis, companhias aéreas, aeroportos e empresas de combustíveis fósseis.
We need an exit ramp off the highway to climate hell.
We have control of the wheel.
The 1.5 degree limit of global warming is still just about possible.
But we need to fight harder. Now. pic.twitter.com/UBS6WsXYpa
— António Guterres (@antonioguterres) June 6, 2024