ANA – Aeroportos de Portugal: Reforçar a conectividade aérea
No ano passado, os 10 aeroportos que compõem a rede da ANA – Aeroportos de Portugal receberam um recorde de mais de 66 milhões de passageiros. Os números consolidam a recuperação do sector aeroportuário face à pandemia de Covid-19 – o tráfego cresceu 12% em relação a 2019 –, mas traduzem ainda o aumento da conectividade aérea em destinos como os EUA ou Canadá.
Este ano, várias infra-estruturas aeroportuárias contam com novidades, não só ao nível de novas rotas, como de novas companhias aéreas que passam assim a ligar o País a outros pontos do mundo. Para Francisco Pita, Chief Comercial Officer e administrador da ANA – Aeroportos de Portugal, esta tem sido uma das prioridades da gestora aeroportuária, contribuindo assim para o reforço da competitividade de Portugal enquanto destino turístico. Em entrevista à Marketeer, o responsável aborda ainda temas como o aeroporto de Lisboa, a sustentabilidade e a experiência do consumidor.
Qual o balanço da operação no ano passado?
Nos 10 aeroportos da rede da ANA recebemos, em 2023, mais de 66 milhões de passageiros, o que corresponde a cerca de 456,7 mil movimentos de aeronaves. O aeroporto de Lisboa processou aproximadamente 51% do tráfego da rede, seguido do Porto (23%), Faro (15%), Madeira (7%) e Açores (4%). No Verão, os nossos aeroportos estiveram ligados com serviços aéreos regulares a 178 cidades, num total de 196 aeroportos.
A recuperação da conectividade no pós-Covid-19 tem sido extraordinária em todos os aeroportos e o tráfego cresceu 12% em relação a 2019. Os aeroportos de Lisboa (+7,9% vs 2019), Porto (+16%) e Madeira (+44%) foram mesmo reconhecidos pelo ACI – Airports Council Internacional entre os aeroportos europeus com o crescimento mais rápido no pós-pandemia.
Qual a importância da actividade da ANA – Aeroportos de Portugal para o desenvolvimento do sector do Turismo?
Portugal é um bom exemplo de como as melhorias na conectividade aeroportuária têm vindo a impulsionar o desenvolvimento do Turismo e vice-versa. O maior crescimento pós-Covid veio de mercados onde a conectividade foi mais desenvolvida, por exemplo, no longo curso, os EUA (+64% de passageiros em 2023 vs 2019) e o Canadá (+52%) e, no médio curso, o Reino Unido (+6%), Itália (+9%), Suíça (+18%) e Lituânia (+54%).
Como gestores aeroportuários, o nosso papel é promover o desenvolvimento da conectividade aérea. As nossas equipas de desenvolvimento de rotas na ANA e na VINCI Airports trabalham com as companhias aéreas e com os parceiros do Turismo no desenvolvimento de novas ligações aéreas e no reforço das ligações existentes. É um trabalho continuado de análise, avaliação e proposta às companhias aéreas de novas oportunidades cujos resultados positivos são bem visíveis.
Em 2024, que novidades ao nível da conectividade aérea?
Ao compararmos as novidades na conectividade entre o Verão de 2023 e o de 2024, conseguimos identificar o dinamismo que este ano trouxe em alguns mercados:
O Canadá e os EUA têm novas rotas e crescimento de capacidade em todos os aeroportos internacionais da ANA;
Em Lisboa, salientamos o regresso da Qatar Airways e a chegada de duas novas companhias – Pegasus Airlines da capital turca Ankara e do destino de praia Izmir, e a Korean Air, numa operação charter a Seul entre Setembro e Outubro;
Em Faro, destacamos a inauguração de nove rotas e uma nova companhia aérea – a Azores Airlines ligará de forma regular Faro e Ponta Delgada. De referir ainda o desenvolvimento dos mercados da Europa de Leste com a Ryanair e recuperação do mercado alemão (nova rota da Eurowings);
Na Madeira, teremos 10 rotas novas, incluindo duas rotas transatlânticas com a Azores Airlines e uma para a Venezuela com a TAP Air Portugal. Destaco ainda o forte desenvolvimento da easyJet e o anúncio de duas novas companhias que terão voos para a Madeira no Inverno: a islandesa Play para Reiquiavique e a Air Baltic para Riga;
O Porto conta com 14 novas rotas e teve um significativo aumento de capacidade nos voos da United Airlines. A Air Serbia manteve no Verão o voo que tinha inaugurado no Inverno para Belgrado;
No Aeroporto de Ponta Delgada, registaremos cinco novas rotas, com destaque para os primeiros voos para Itália (Milão – Azores Airlines) e República Checa (Praga – Smartwings).
Que perspectivas para o futuro do aeroporto de Lisboa?
São bem conhecidas as limitações de capacidade aeroportuária na região de Lisboa e o impacto negativo no desenvolvimento económico do País, desde logo pela não realização de operações aéreas por falta de slots. A recém-anunciada decisão do Governo prevê o aumento da capacidade do actual Aeroporto Humberto Delgado até à entrada em funcionamento da nova infra-estrutura em Alcochete, permitindo assim continuar a desenvolver a conectividade aérea de Lisboa. A ANA demonstrou a sua total disponibilidade para trabalhar com o Governo nas soluções apresentadas.
Quais as principais medidas na área da sustentabilidade? E com que resultados?
A VINCI Airports e a ANA têm uma máxima: uma visão sustentável implica compromissos fortes, determinação e investimento. Nesse sentido, temos vindo a implementar um ambicioso plano de acção que se desenvolve nos eixos das energias e alterações climáticas – em que assumimos o objectivo de ser net zero até 2030 em todos os aeroportos –, da economia circular e gestão de resíduos e da protecção dos recursos naturais.
Este plano apresenta já resultados importantes, entre 2022 e 2023: -6% de emissões residuais de carbono; -25% de consumos de energia; -7% de consumos de água; 86% taxa de valorização de resíduos; os aeroportos do Porto e Madeira tornaram- se os primeiros da rede ANA com zero resíduos directos para aterro; aplicação de zero fitossanitários em cinco aeroportos (Faro, Porto, Ponta Delgada, Beja e Flores); mais de 7000 árvores plantadas; a central fotovoltaica no Aeroporto de Faro produz mais de 30% de electricidade para autoconsumo, sendo a primeira de várias a instalar.
Quais as melhorias recentes ou em curso nos aeroportos que terão impacto na experiência do consumidor?
O projecto com maior impacto na experiência do passageiro será, sem dúvida, a Biometric Experience by VINCI Airports. Trata-se de um projecto de inovação, apoiado pela União Europeia, através do programa NextGenerationEU, que está na vanguarda dos mais inovadores procedimentos de embarque.
O lançamento deste projecto ocorreu no início do ano nos aeroportos de Lisboa e Porto e ficou disponível esta semana no Aeroporto da Madeira. O processo simplifica a viagem do passageiro, tornando a viagem paperless & contactless, com total garantia de confidencialidade, já que os dados são apagados após a partida do voo.
A experiência biométrica consiste no registo único dos documentos de identificação e de viagem no início da jornada (que pode ser feito numa app antes de chegar ao aeroporto ou num quiosque mesmo à entrada) e que permitirá que o passageiro passe, em total segurança e conforto, pelo processo de check-in, controlo de segurança, fronteira e porta de embarque apenas através do controlo biométrico. Em cada touchpoint, o sistema reconhece os dados registados no início da viagem e transforma todos os processos daí para a frente em digitais, com os passageiros a completar o percurso no aeroporto, sem recurso sequer ao telemóvel.
Quando implementado na totalidade, este sistema garantirá processos mais rápidos e seguros, optimização de recursos, aumento da qualidade de serviço, do conforto e do tempo.
Na oferta comercial, também temos melhorias importantes que vão ter impacto na experiência dos nossos passageiros. Concluímos recentemente um plano de remodelação dos nossos espaços de moda, transportando para os aeroportos os últimos concept designs de marcas como a Parfois, Sunglasshut, Swarovski, Springfield, Women’secret e Rituals.
Em simultâneo, temos vindo a inaugurar novas lojas de grandes marcas internacionais, como a LongChamp ou a Preloved, e reabrimos lojas renovadas da Calvin Klein, Montblanc, Hugo Boss e Ralph Lauren. Brevemente, a marca de beleza portuguesa Benamôr abrirá o seu primeiro espaço em aeroporto, no Porto.
Além disso, a remodelação das lojas Duty Free aproxima-se da sua conclusão, passando a proporcionar aos nossos passageiros uma experiência única em espaços repletos de singularidade de cada região, combinando a oferta local com produtos internacionais das principais marcas de renome internacional de perfumaria, cosmética ou bebidas.
Este artigo faz parte do Caderno Especial “Turismo”, publicado na edição de Maio (n.º 334) da Marketeer.