ANA – Aeroportos de Portugal: Abrir as asas ao mundo

O tráfego nos aeroportos nacionais está a crescer a dois dígitos face ao período pré-pandemia. Os resultados confirmam o novo boom do sector do turismo, mas reflectem também o trabalho que tem sido feito ao nível da criação de novas rotas aéreas e da captação de companhias aéreas. Só este Verão há 92 novas rotas directas nos aeroportos geridos pela ANA – Aeroportos de Portugal.

Em entrevista à Marketeer, Francisco Pita, Chief Commercial Officer (CCO) da gestora aeroportuária, aborda a estratégia em curso para reduzir a sazonalidade, consolidar os mercados existentes e diversificar destinos, nomeadamente para mercados de longo curso, como os EUA, Canadá, Médio Oriente e Ásia.

O tráfego nos aeroportos nacionais atingiu 30 milhões de passageiros no primeiro semestre do ano, uma subida de 12% em relação a 2019. Que balanço faz destes números?

O balanço é objectivamente muito positivo. Estes resultados beneficiam da atractividade de Portugal enquanto destino turístico e do aumento da notoriedade do País. Ref lectem o resultado do trabalho das nossas equipas de marketing e desenvolvimento de rotas para construir uma conectividade sustentável, assente num mix bem ajustado entre rotas e companhias aéreas, com componentes equilibradas entre tráfegos emissores, receptores, visiting family relatives (VFR), business e turístico.

Que aeroportos tiveram melhor performance neste período?

O tráfego no segundo trimestre foi significativamente superior ao de 2019 em todos os aeroportos, particularmente nos do Porto, Ponta Delgada e Madeira. O tráfego doméstico e as ligações às grandes cidades europeias representam a maior percentagem deste aumento.

Que mercados emissores e destinos são estratégicos?

O desenvolvimento de mercados turísticos emissores para Portugal, face à posição geográfica do nosso País, depende muito do desenvolvimento da conectividade aérea. 2023 será um ano principalmente marcado pela recuperação nos nossos mercados turísticos tradicionais, com alguma contribuição de novos mercados que se começam a destacar, como é o caso do norte-americano.

A estratégia que estamos a trabalhar para os próximos anos passa por consolidar os mercados existentes para cada região, trabalhando principalmente o tema da sazonalidade, que ainda é grande em muitos dos nossos aeroportos, e diversificar, nomeadamente para mercados de longo curso – EUA, Canadá, Médio Oriente e Ásia.

Nesse sentido, que novas rotas e parcerias com companhias aéreas se destacam?

O Verão de 2023 é muito particular, pois fica marcado pela abertura de novas rotas em todos os nossos aeroportos. Um total de 92 novas rotas directas, que não eram operadas no Verão de 2022, foram abertas.

Em Faro, com 24 novas rotas, conseguimos diversificar a rede de destinos para mercados em rápido crescimento, como a Escandinávia (novas rotas da Ryanair para Aarhus e Copenhaga e da Eurowings para Estocolmo), Espanha (em especial Bilbau com a Vueling e a Volotea) e Itália (Roma com a Ryanair). A Alemanha, o segundo maior mercado de Faro, mantém-se dinâmica com a chegada da Condor a quatro novos destinos (Munique, Dusseldorf, Hamburgo e Leipzig) e o desenvolvimento da Ryanair para Nuremberga. A Ryanair, o principal parceiro de Faro, continua a expandir-se com 14 novas rotas no Verão de 2023.

Lisboa não fica atrás, com 30 novas rotas em comparação com o Verão de 2022. O desenvolvimento da easyJet, com três. aviões adicionais baseados em Lisboa, continua este Verão. Mas o aeroporto de Lisboa está também a contar com a chegada de três novas companhias aéreas: Etihad para Abu Dhabi, Belgrado com a Air Serbia (um destino também operado pela primeira vez pela Wizz Air) e Oviedo e Nantes com a Volotea, bem como a Air Malta para Malta.

A Madeira também continua a desenvolver-se, após o lançamento da base da Ryanair em 2022. O Funchal está a abrir-se ainda mais a outros mercados, graças, nomeadamente, à Eurowings (Praga), à easyJet (Lyon, Paris e Milão) e à Wizz Air (Varsóvia, Roma e Viena).

Com duas novas rotas internacionais abertas este ano pelo principal parceiro do aeroporto SATA/Azores International (Bilbau e Montreal), Ponta Delgada continua o seu desenvolvimento acelerado durante o período da Covid-19 com o lançamento de várias novas companhias aéreas, como a Iberia, British Airways, Lufthansa, Transavia France, Transavia Netherlands e United Airlines.

Por último, o aeroporto do Porto, com 27 novas rotas abertas no Verão de 2023, está a diversificar a sua rede de destinos e companhias aéreas, como é o caso de Telavive com a Sun d’Or, Luanda com a TAP, Reiquiavique com Play, Riga com a Air Baltic, Cancun com a Iberojet, Oslo com a Norwegian (que também abre uma ligação para Copenhaga), entre outras. Novas companhias aéreas para o aeroporto do Porto em 2023, a Austrian Airlines e a Scandinavian Airlines, também aumentam a conectividade internacional do Porto com novas rotas para os hubs europeus de Viena e Copenhaga.

Qual o plano para o aeroporto de Beja?

A estratégia de desenvolvimento da ANA para o Aeroporto de Beja foi pensada atendendo às características da região, designadamente em termos de pólos de atracção turística, capacidade hoteleira da região, tecido económico e acessibilidades. Assim, o nosso eixo principal de desenvolvimento centra-se nas actividades aero-industriais, como, por exemplo, a manutenção e reparação de aeronaves e o estacionamento de longa duração.

Complementarmente, temos vindo a trabalhar no segmento de passageiros ao nível da aviação executiva e privada (que mostra sinais de crescimento, particularmente este último segmento, com uma procura crescente de passageiros com destino final na costa alentejana) e com a tour operação para operações turísticas de outboud.

Que melhorias têm sido introduzidas nos aeroportos geridos pela empresa para melhorar a experiência dos visitantes?

A incerteza e as grandes variações de tráfego nos aeroportos da rede ANA, decorrentes de uma crise pandémica extremamente impactante e de uma retoma bem-sucedida, colocaram uma forte pressão nos aeroportos e na qualidade de serviço.

Neste contexto, foram criados Planos de Melhoria da Qualidade de Serviço, com enfoque no Aeroporto de Lisboa, que aguarda a definição pelas autoridades da solução da proposta de expansão. Neste aeroporto estão a ser realizadas, desde o final do ano passado, intervenções em várias áreas dos terminais com o objectivo de aumentar o conforto, disponibilizar mais serviços e incrementar o desempenho sustentável da infra-estrutura. Estas obras decorrem no Terminal 1 ao longo do ano de 2023 e no Terminal 2 a partir do segundo semestre.

Já estão concluídas as intervenções junto ao check-in, no espaço de acesso ao Parque das Partidas (P1), nas zonas de embarque Schengen e também no grande hall de entrada, de acesso ao metro. Entre várias melhorias, destacamos as novas áreas reservadas a passageiros que viajam com crianças e bebés, a colocação de novo mobiliário (cadeiras), mais sustentável e que aumentou o número de lugares sentados, com carregadores para telemóveis e outros dispositivos e a remodelação de pavimentos e instalações sanitárias.

No Terminal 1 estão em curso obras de renovação na zona de embarque das partidas (porta 14-21), na zona das chegadas não-Schengen e na sala de recolha de bagagens, com intervenção em várias áreas, como o pavimento, cadeiras, iluminação, instalações sanitárias e colocação de novos serviços de apoio (workstations, pontos de carregamento).

Refira-se também a aposta na implementação de soluções tecnológicas, como, por exemplo, a biometria, que trarão não só maior fluidez aos procedimentos e ao percurso do passageiro, como naturalmente contribuirão para a qualidade de serviço.

Quais os principais objectivos da ANA – Aeroportos de Portugal para 2023?

Crescer de uma forma sustentável e com qualidade, e ser um catalisador do crescimento económico do País, é efectivamente o que nos move. Queremos continuar a desenvolver a conectividade das várias regiões do País, com novas rotas e companhias aéreas, ligando Portugal ao mundo.

Este artigo faz parte do Caderno Especial “Turismo”, publicado na edição de Agosto (n.º 325) da Marketeer.

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