Algumas perguntas a… Chris Blandy

MARKETEER CONTENTS

O que levou a que a única família fundadora do comércio de vinhos da Madeira Wine Association, que ainda possui e administra a sua empresa original, optasse por uma abordagem inovadora e irreverente?

A família, através da Madeira Wine Company, sempre tentou equilibrar a sua responsabilidade para com o legado do passado, com a necessidade de inovar para responder à realidade do presente. A marca de vinhos Blandy’s Madeira é reconhecida pelo seu posicionamento no mercado e esta nova gama de 10 anos permite reforçar a sua posição.

Enquanto a principal mudança destes novos vinhos está ligada à evolução de envelhecimento de cada casta, aproveitamos o momento para dar maior visibilidade ao vinho em si, mostrando a beleza da cor do vinho e as diferenças entre as cores das quatro castas brancas. Cada casta, uma doçura, cada doçura, um pairing totalmente distinto.

Quando se iniciou o investimento em investigação, que agora se traduziu nesta combinação entre técnicas centenárias e conhecimentos modernos, de que resultam estes novos vinhos?

O nosso enólogo, Francisco Albuquerque, é por natureza uma pessoa que está sempre à procura de formas para melhor perceber a evolução do vinho durante o processo de envelhecimento. A mudança da nossa adega de produção para o Caniçal, em 2014, obrigou-nos a estudar o impacto das novas condições de envelhecimento, sendo que a zona mais Este da Madeira apresenta-se com níveis de temperatura mais baixos e de humidade mais altos, quando comparado com a Blandy’s Wine Lodge, no Funchal. Além da avaliação das condições de armazenagem e do seu impacto no vinho, houve um estudo geral da qualidade química e enológica dos vinhos armazenados, uma caracterização físico-química e organoléptica da qualidade dos vinhos e finalmente uma compilação e tratamento de dados com o modelo de decisão, resultando na produção dos lotes finais.

Porquê a escolha das quatro principais castas brancas, que representam os quatro estilos clássicos do vinho Madeira?

Sou apologista que o vinho da Madeira é um dos vinhos mais versáteis do mundo em termos da sua ligação à comida. Sendo que a nossa gama de 10 anos da Blandy’s tem as quatro castas brancas, a representar os quatro principais estilos do vinho (Sercial – seco, Verdelho – meio seco, Bual – meio doce, Malvasia – doce), e o facto de que, com uma idade média de dez anos em canteiro permite encontrar alguma complexidade nos sabores e aromas, foi uma escolha natural para podermos desenvolver vinhos para este projecto.

Além de uma garrafa transparente, pioneira nos vinhos Madeira, os rótulos coloridos pretendem tornar a identificação dos níveis de doçura e das variedades mais intuitiva. Existe algum objectivo sobre a quantidade de novos públicos que pretendem conquistar com este rejuvenescimento da marca?

Acreditamos que o vinho da Madeira passa por uma fase de rejuvenescimento, e que ainda existe muito mercado por explorar. Temos consciência que a comunicação sobre este “microssegmento”, que é o vinho Madeira, é um trabalho árduo, o que nos obriga a ser persistentes e consistentes na nossa mensagem.

Despertar a curiosidade, ajudar o consumidor a escolher o vinho certo, relembrar o consumidor sobre a versatilidade do vinho Madeira – tanto pode ser aperitivo, como digestivo –, são objectivos que pretendemos atingir com esta mudança de vinho e imagem. Queremos apresentar um vinho mais apelativo ao consumidor, que deseja provar algo com qualidade comprovada, mas que também seja unconventional.

Este artigo faz parte da edição de Novembro (n.º 340) da Marketeer.

Artigos relacionados