Alexandre Monteiro, da Saatchi & Saatchi, sobre o papel da IA nas Campanhas de Natal: “Será o futuro da publicidade?”

Chegados à véspera de Natal, chega também o último artigo sobre as campanhas de Natal que marcaram esta quadra aos olhos dos criativos. Gonçalo Martinho, Catarina Pestana, Américo Vizer e Cláudia Ribeiro elegeram os seus favoritos e o porquê de considerarem estas campanhas vencedoras. Hoje, a fechar esta série, é a vez de Alexandre Rodrigues, diretor criativo, muito ligado à Inteligência Artificial (IA), na Saatchi & Saatchi.

Neste artigo, há um tema central além do Natal. A IA e de que forma pode ou não moldar a publicidade no futuro.

“O Natal é um momento de partilha, de encontros e reencontros, onde celebramos com família e amigos. É também a altura do ano em que as marcas procuram conectar-se com os consumidores através de campanhas emocionais e inspiradoras. O Natal é a definição do que é ser-se humano”, começa por afirmar Alexandre Rodrigues.

“Quando pensamos em Natal, uma marca que vem imediatamente à mente é a Coca-Cola. Por isso, destaco a icónica campanha ‘Holidays Are Coming‘, recriada em 2024 com o uso de inteligência artificial. Esta campanha desperta em mim um misto de ansiedade e esperança”, destaca para logo lançar algumas questões e fazê-lo, a si, leitor, refletir.

“Como é que uma marca pode optar por uma ferramenta tão controversa e impessoal no seu momento mais significativo do ano? Estaremos a testemunhar o futuro da publicidade, onde a eficiência e a rapidez de produção prevalecem sobre as conexões genuínas e o propósito da marca?”, questiona o diretor criativo.

“Por outro lado, percebemos que, ao tentar replicar um dos anúncios mais memoráveis de sempre, a inteligência artificial não conseguiu tocar as nossas emoções. Faltou algo essencial. Seria a alma? Acredito que a resposta é mais simples. Uma boa história é, e será sempre, o resultado de talento, qualidade, trabalho árduo e uma obsessão pelos detalhes. Com ou sem IA.
É fundamental procurar a faísca criativa que desperta emoções verdadeiras, em vez de seguir tendências ‘só porque sim'”, elabora.

A terminar, Alexandre Rodrigues foca “as campanhas pensadas e desenvolvidas localmente, por pessoas que realmente fazem parte da comunidade e do país, [que] terão sempre mais relevância”.

Assim sendo: “Este ano, a campanha de Natal da Missão Continente exemplifica isso. Aborda um problema comum em todo o mundo, mas a partir de uma perspectiva local. E essa abordagem faz toda a diferença.”

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