Agosto, para que te quero?

Por Letícia Suher, CEO da Sr. Jorge Digital & Creative

Julho e Agosto são meses de descanso para a grande maioria dos portugueses. Seja quem trabalha na indústria, nos serviços, em empresas mais ou menos tecnológicas, o Verão é sempre visto com um enorme sopro de alívio, porque significa uma paragem na rotina frenética a que nos habituamos todos os dias.

Mas a grande questão que coloco é: por que é que sentimos uma necessidade tão grande de parar por um grande intervalo de tempo no Verão, quase como se carregássemos o resto do ano às costas e descarregássemos tudo nesta altura?

Não havendo uma resposta concreta para esta questão, porque depende de inúmeros factores, é inegável que os modelos de trabalho com que convivemos nos dias de hoje têm um impacto significativo na hora de “desligar”.

Num mundo em que a flexibilidade é cada vez mais importante para atrair e reter talentos, os novos modelos de trabalho, como o regime híbrido ou mesmo o teletrabalho, trazem um conjunto de benefícios aos colaboradores e às organizações, algo particularmente notório no Verão. E porque é que, com regimes mais adaptativos, os índices de produtividade não caem como nos modelos tradicionais? São fundamentalmente duas as razões que explicam esse factor:

  1. O local de trabalho é secundário. Particularmente no mundo do marketing e da comunicação, a ideia fundamental é que o colaborador possa corresponder com determinação e foco. O sítio de onde o faz acaba por ser irrelevante, desde que haja resultados. Seja em casa, numa praia ou numa cafetaria, as pessoas valorizam muito (cada vez mais) a flexibilidade de trabalharem de onde querem.
  2. Adaptabilidade ao colaborador gera produtividade. Nas organizações haverá sempre um período de partilha comum, o que significa que há horários em que as pessoas devem estar conectadas ao mesmo tempo. Isso não significa que não possamos permitir uma flexibilidade dos horários. Se a produtividade de um colaborador é maior ao final da tarde em vez de manhã, vou tentar proporcionar-lhe isso porque, no fim, é a organização que vai beneficiar.

Os ventos de mudança chegaram também às agências de marketing e de comunicação. Num mundo onde dominam (ou deviam dominar) os criativos, temos de responder aos anseios dessas pessoas. Os líderes que perceberem que ganham com isso vão estar sempre à frente dos que optam por gerir pessoas e projectos com premissas do século passado.

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