Acção, já!

Dada a nossa localização geográfica, em conjunto com os dois arquipélagos atlânticos, o Mar sempre representou para Portugal uma das suas grandes janelas de oportunidade e diferenciação. A nossa maior proximidade a outros continentes dá-se pela história, pelo nosso passado, mas sempre com uma fortíssima ligação ao Mar.

Temos mais de 800 km de costa em Portugal Continental, 250 km de costa na Madeira e mais de 650 nos Açores. Temos mesmo uma das maiores extensões de zona económica exclusiva marítima euro­peia com 1.630.000 km2.

Assisti com entusiasmo ao desafio lançado à SAER para a elaboração de um estudo aprofundado sobre o Mar enquanto potencial estratégico de desenvolvimento de Portugal. E, assim, em princípios de 2009, o professor Ernâni Lopes apresentou o “Hypercluster da Economia do Mar”.

Num documento longo, mas extremamente interessante, são apresentadas as diversas valências e oportunidades que se nos deparam para maximizarmos, trabalharmos (e estou ostensivamente a evitar a expressão “explorar” para evitar mal-entendidos), o Mar como nosso factor de diferenciação e de­senvolvimento. Da área ambiente à produção de energia, passando pela construção e reparação naval, náutica de recreio e turismo náutico, são ao todo definidas e defendidas 13 grandes áreas de objectivos.

Estava convencido que a acção era imediata. Por ser tão óbvio, o passar à execução, através de planos operacionais consistentes, deveria ter sido o movimento seguinte. Estão a ser desenvolvidos alguns projectos, mas não com a amplitude que o tema e a matéria merecem.

Dirão alguns que o estudo tem apenas um ano e meio, e assim temos tempo para o aprofundar e im­plementar. Não concordo de todo. Estamos a ser ultrapassados em diversas áreas por outros países, outras zonas, que, não tendo as condições físicas naturais que nos couberam, têm vindo a trabalhar no sentido de as colmatar, desenvolvendo alternativas que permitam sobrepor ou ultrapassar essas situações. E em áreas tão diversas como produção de energia, turismo, transportes marítimos e portos.

Temos de passar à acção desde já. Não somos propriamente um País que possa ignorar as oportuni­dades que se nos deparam.

Temos de pensar Grande. Não em megalomanias, não em sonhos impossíveis, não em absurdos, mas em Grande. Pois só assim poderemos competir num mercado internacional.

Por Ricardo Florêncio

Director editorial da marketeer

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