A Vida Portuguesa abre mostra temporária em Nova Iorque: ‘Quisemos mostrar o melhor do saber-fazer português’

A Vida Portuguesa chegou a Nova Iorque pela primeira vez. Até 10 de março vai estar em destaque nas lojas físicas MoMA Design Store, no SoHo e em Midtown, bem como no site da loja do MoMA, Museu de Arte Moderna de Nova Iorque.

Hoje, a partir das 18h00, na loja do SoHo em Spring Street, haverá um evento que incluirá uma conversa sobre design e cultura portuguesa com Catarina Portas, fundadora d’A Vida Portuguesa, o ilustrador Jorge Colombo e Emmanuel Plat, diretor de Merchandising da MoMA Design Store.

A Vida Portuguesa nasceu há 18 anos pelas mãos de Catarina Portas com a missão de preservar as tradições artesanais de Portugal, propondo, ao mesmo tempo, uma perspectiva contemporânea sobre o design. Através desta mostra, a MoMA Design Store traz a Nova Iorque uma variedade exclusiva de cerâmica artesanal, tecidos e produtos alimentares gourmet representados pel’A Vida Portuguesa.

Catarina Portas revela, em entrevista, à Marketeer  todos os pormenores deste novo ciclo d’A vida Portuguesa num dos maiores “palcos” do mundo.

O que significa para si, como fundadora d’A Vida Portuguesa, ver a marca representar o design e a cultura portuguesa numa plataforma tão prestigiada como a MoMA Design Store?

Foi um desafio que nos surpreendeu e é um convite que nos orgulha: no ano em que A Vida Portuguesa faz 18 anos, atravessar o oceano para abrir um espaço temporário em Nova Iorque é algo de absolutamente extraordinário, com o qual nem sequer sonhámos. A MoMA Design Store procura artistas, designers e fabricantes de todo o mundo, para escolher objetos que correspondam a critérios de design cuidadosamente considerados, sendo o único lugar no mundo onde tudo é aprovado pelos curadores do MoMA – os mesmos especialistas responsáveis ​​pelo que está em exposição no Museu.

Quais foram os maiores desafios ao longo do percurso da marca até alcançar uma presença tão marcante no mercado internacional, nomeadamente nos Estados Unidos?

Logo no início, foi preciso convencer os portugueses que os nossos produtos eram mesmo bons. Mas isso aconteceu e ao longo dos anos fomos abrindo várias lojas, sempre diferentes umas das outras, sempre que possível ocupando espaços antigos. Fomos também vendo os turistas chegarem e entusiasmarem-se com os produtos porque viam neles uma certa forma de identidade nacional. Sem dúvida que o período mais difícil foi a pandemia pois, para salvar o negócio e os empregos, fomos obrigados a fechar duas das nossas cinco lojas. Mas preservámos, como sempre.

Outro momento muito difícil aconteceu quando perdemos o arrendamento da nossa primeira loja no Chiado, na Rua Anchieta em 2024. Por milagre, conseguimos mudar-nos para outra loja antiga no Chiado, a antiga Livraria Férin, onde agora estamos num espaço maior e mais central. O importante é nunca desistir e acreditar, como nós acreditamos, naquilo que vendemos e como o fazemos.

Como foi o processo de seleção dos produtos apresentados nesta mostra exclusiva na MoMA Design Store? Houve alguma linha ou item que considerou essencial destacar?

A seleção de produtos foi feita inteiramente em conjunto com a equipa da MoMA Design Store, liderada por Emmanuel Plat, Director de Merchandising. Tal como nas nossas lojas em Portugal e na loja online, quisemos mostrar o melhor do saber-fazer português, tanto a nível da indústria como do artesanal, pelo que é ingrato destacar algum produto em particular, mas é claro não poderíamos voar até Nova Iorque sem as nossas andorinhas da Bordallo Pinheiro.

A Vida Portuguesa sempre celebrou o artesanato tradicional através de uma abordagem moderna. Como acredita que esta visão ressoa com o público internacional, especialmente num mercado tão competitivo como o americano?

Os nossos produtos revelam a enorme sofisticação, virtude e engenho das nossas mãos e do nosso pensamento, e, embora representem características distintivas da nossa identidade e cultura, guardam em si predicados universais, e uma fortíssima capacidade de se relacionar com outras culturas aparentemente tão distantes. Não é por nada que muitos destes produtos existem há mais de 100 anos e perdurem num mundo tão globalizado, e o público internacional reconhece-lhe os méritos. É na sua singularidade e no reconhecimento da sua qualidade que está grande parte do encanto e valor.

Que impacto espera que esta colaboração com a MoMA Design Store tenha no futuro da marca e na forma como o design português é percebido globalmente?

Nascemos a acreditar que os produtos  portugueses têm futuro e passados 18 anos de existência este reconhecimento vem confirmar que tínhamos razão. Decerto que esta colaboração com a MoMA Design Store suscitará não só mais curiosidade em geral por Portugal, mas colocará o país numa rota de turismo mais relacionado com a cultura e as artes, contribuindo também para posicionar o fabrico e design nacional num patamar de reconhecimento mais cosmopolita.

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