A sua marca é feliz?

M.ª João Vieira Pinto
Directora de Redacção Marketeer

O que é que nos faz pessoas felizes? Não, não é o dinheiro ou o emprego, a casa ou o carro. O que nos faz verdadeiramente felizes são as relações. Com os filhos, os pais, os amigos com que contamos e não dispensamos, os contactos e colegas de trabalho que nos alimentam os dias e nos enriquecem a vida. Isso mesmo confirma um estudo da Universidade de Harvard, desenvolvido ao longo de 78 anos. O Estudo sobre o Desenvolvimento Adulto iniciou-se em 1938, analisando 700 rapazes – entre estudantes da universidade e moradores de bairros pobres de Boston.

O trabalho acompanhou-os durante toda a vida, monitorizando o seu estado mental, físico e emocional, e continua agora com mais de 1000 homens e mulheres, filhos dos participantes originais. E a conclusão principal é tão-só essa: a qualidade dos relacionamentos.

São várias e variadas as relações que temos ao longo da vida. Em teias e meadas que nos amortecem quedas e nos elevam. É assim connosco. Mas é assim, também, com as marcas e empresas. Porque há empresas mais felizes construídas por colaboradores felizes que asseguram marcas com propósito. Numa altura em que vivemos em rede e em várias redes, é o propósito ou o sentido maior que faz a diferença.

Isso mesmo diz Martin Lindstrom. O consultor dinamarquês, que já ajudou marcas como a Lego a dar a volta, veio a Lisboa e, em conversa com a Marketeer, voltou a defender que as marcas precisam de ter um propósito! E isto, advoga, «implica mudar toda a cultura organizacional, fazer com que o foco deixe de estar centrado apenas no lucro, mas também em ajudar a sociedade. As empresas, que não estão a fazê-lo neste momento, não conseguirão atrair os melhores talentos e correm o risco de tornar-se um player de commodities». Praticamente o mesmo assegura, também, Tim Leberecht. O consultor e fundador da The Business Romantic Society é responsável por conferências e talks em todo o mundo, onde defende a humanização das marcas. Argumenta Tim que estamos a mudar de uma era inteligente para uma nova era romântica, na qual apenas «organizações confortáveis e com emoção irão prosperar». A tecnologia digital permitiu-nos aumentar a eficiência, mas Tim acredita que, no futuro, «as empresas que forem ricas em imaginação e inteligência emocional é que terão uma vantagem injusta».

Por isso convidámos Tim Leberecht para a Conferência da Marketeer, este ano. Para perceber se, no meio da Inteligência Artificial e da robotização, de ecrãs e multitasks, de apps, chats, blogs e vlogs, ainda há espaço para relações. Humanas, com sentido. E que continuem a manter e tratar as marcas assim.

Assegurando um propósito!

E a sua marca, é feliz?

Editorial publicado na revista Marketeer n.º 267 de Outubro de 2018.

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