À procura de Diana era afinal um golpe publicitário

A história de Ricardo Soares, que procurava uma misteriosa rapariga por quem se tinha apaixonado na manifestação de 15 de Setembro em Lisboa, ganhou repercussão nos meios de comunicação social e gerou o movimento “À procura de Diana” no Facebook. A iniciativa não passou, no entanto, de uma acção publicitária da Cacharel, o que está a motivar um coro de protestos nas redes sociais.

O anúncio foi feito pela própria marca de perfumes na página do Facebook do movimento “À procura de Diana”, que conta com quase 29 mil fãs. «O movimento de romantismo da Cacharel trouxe emoção através da força de Ricardo que tudo fez para encontrar a sua Diana. Durante uma semana a magia desta história preencheu cada coração dando um novo fôlego e uma inspiração para as nossas vidas», anuncia a Cacharel, acrescentando que o movimento nas redes sociais foi inspirado no novo perfume da marca, o Catch Me. «Todos nós temos uma Diana ou um Ricardo dentro de nós!», conclui a marca.

Na história que foi veiculada em vários órgãos de comunicação social, incluindo numa reportagem da TVI, Ricardo Soares, 24 anos, conta que avistou uma rapariga «muito bela» numa esquina do Bairro Alto, quando ambos participavam na manifestação de 15 de Setembro. «Nesse momento a manifestação passou-me ao lado, só existia aquela mulher loira à minha frente», recorda Ricardo Soares à TVI. Segundo o próprio, a rapariga começou a afastar-se do local onde se encontrava, mas, já ao longe, «deu-me a entender com os lábios que disse apanha-me» – a marca promoveu o perfume Catch Me (“Apanha-me”) com um anúncio protagonizado por uma actriz chamada Diana Moldovan.

Ricardo apanhou a deixa e seguiu-a até ao jardim do Príncipe Real, onde acabariam por se beijar. No entanto, após essa noite, perdeu o contacto com a rapariga, sabendo apenas o seu primeiro nome, Diana, e que iria regressar para Paris, onde residia, no próximo dia 14. Até lá, Ricardo continuaria à sua procura pelas ruas da capital.

Pouco depois do anúncio da Cacharel, foi criada no Facebook a página “Movimento Anti-Cacharel Portugal”», que conta já com mais de 550 fãs. A página “destina-se a protestar contra a campanha vergonhosa feita pela marca de perfumes Cacharel em Portugal” e assume como objectivo “ter mais ‘likes’ que a página oficial” da marca, segundo os seus fundadores.

Veja o anúncio da Cacharel ao perfume Catch Me.

Iniciativa semelhante da Nokia investigada no Brasil

No mercado brasileiro, uma acção publicitária da Nokia para promover o smartphone Pure View 808, está, desde Julho passado, a ser investigada pelo Procon-SP, órgão de defesa do consumidor, e pelo Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária).

Em causa está o vídeo viral “Perdi meu amor na balada” que contava, nas redes sociais, a história de «amor à primeira vista» entre Daniel Alcântara, o suposto autor do vídeo, e uma rapariga que tinha conhecido numa saída à noite, chamada Fernanda. Daniel teria perdido uma folha de papel com o contacto de Fernanda, e tentava, através do vídeo, encontrar alguém que a conhecesse.

A acção contou com mais dois vídeos e só ao terceiro é revelado que Daniel consegue encontrar Fernanda graças ao Nokia Pure View 808. Juntos, os três vídeos tiveram mais de um milhão de visualizações em apenas uma semana. Houve também um movimento no Facebook e a colocação de cartazes em diferentes pontos de São Paulo. De acordo com a Exame brasileira, a campanha foi desenvolvida pela agência Na Jaca.

As autoridades brasileiras procuram agora apurar se a campanha violou o código de autorregulamentação publicitária, que no artigo 9º determina que todas as campanhas publicitárias devem ser claramente identificadas como tal.

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