A opinião de Sandra Alvarez (PHD): Era uma vez… um marketeer!
Por Sandra Alvarez, directora-geral da PHD
Fazendo uma rápida procura no Google por “Vivemos na era…”, as primeiras três respostas que surgem são “… digital”, “… da tecnologia”, “… do conhecimento e da informação”. Se esta é uma janela para o que é o nosso presente, como será o nosso futuro? As três pesquisas sugeridas são alternativas bastante adequadas para descrever o mundo em que vivemos: um contexto caracterizado pelas transformações digitais e tecnológicas experimentais. Uma realidade pautada pela volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade. Podemos não saber o que o futuro nos reserva, mas é relativamente seguro assumir que será mais imprevisível.
Marketing, por definição, é a área que se dedica à criação, comunicação e entrega de valor acrescentado para satisfazer as necessidades do consumidor. Essa criação de valor, no seio da complexidade que é o mercado onde o marketeer opera, é uma actividade exigente, especialmente quando motivada pela disrupção constante dos avanços tecnológicos, como a pesquisa no Google indicou. Realidades como o Metaverso, onde assistimos a uma transição do mundo físico para o virtual, desafiam os profissionais de comunicação a “desbravar” território e deixar as primeiras pegadas e orientações do marketing nesses universos. Tal como com o aparecimento da internet e dos Social Media e o advento do marketing digital, surge agora o marketing “metaversal”.
Os avanços tecnológicos obrigam a que os marketeers se reinventem e, com eles, reinventem a indústria do marketing. Criar tendências não é tão fácil quanto seguir as velhas normas, mas perdemos mais tempo a reagir quando somos confrontados com situações inesperadas, do que a gerir uma situação expectável. Dos hábitos de consumo a técnicas para envolver o público, é urgente que os marketeers repensem o marketing do futuro para que se possam munir das ferramentas necessárias para o enfrentar. É o ir para além da adaptação e adoptar uma atitude proactiva, ao invés de uma reactiva.
Vivemos realidades permeáveis. Podemos pensar o contexto onde nos inserimos como um sistema aberto que depende de uma troca de inputs e outputs com o ambiente. Próprio da natureza de uma sociedade global que se desenvolve a um ritmo cada vez mais acelerado. Os novos padrões de consumo, a complexidade do mercado e a constante inovação de produtos e serviços obrigam a que um marketeer se posicione como um agente de mudança.
A tecnologia não evoluiu ao ponto de termos bolas de cristal que nos indiquem o que o futuro nos espera, mas não podemos ficar de braços cruzados à espera de sermos apanhados de surpresa. É imperativo que os marketeers se desprendam do costume, tradição e conformidade para que, desta forma, sejam verdadeiramente funcionais e não só mais um funcionário. E para aqueles que se deixam ficar para trás, então… era uma vez um marketeer!
Artigo publicado na revista Marketeer n.º 317 de Dezembro de 2022