A importância do work-life balance na saúde mental

Por Sónia Lage Lourenço, CEO e co-Founder do Portal da Queixa by Consumers Trust

Nos últimos anos, a saúde mental tornou-se um tópico de extrema relevância e de maior abordagem e intervenção em ambiente de trabalho. Um inquérito realizado pelo Laboratório Português dos Ambientes de Trabalho Saudáveis revela que 50,6% dos trabalhadores em Portugal estão em elevado risco de burnout.

No mês que assinala o dia Mundial da Saúde Mental, Outubro, é importante destacar algumas das medidas laborais que podem ajudar a promover a saúde mental dos colaboradores, procurando alcançar o equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal e combater, assim, o aumento de casos de quiet quitting e burnout.

A pandemia global foi o catalisador de uma nova abordagem às organizações e aos modelos de trabalho, especialmente em países como o nosso. O conceito de Work-Life Balance tem vindo a ser amplamente discutido e as mudanças observadas nos últimos tempos, incluindo um novo despertar das organizações na promoção da saúde mental e do bem-estar dos seus trabalhadores, levam-nos a perceber a importância deste equilíbrio. Em países europeus com modelos de trabalho mais flexíveis e carga horária reduzida, a relação entre a produtividade e o bem-estar dos trabalhadores está mais do que comprovada, sem a necessidade de horas extras ou revisões salariais devido à falta de rendimento.

Flexibilidade do modelo de trabalho

Empresas tecnológicas e digitais vanguardistas já o anunciavam antes da pandemia: o teletrabalho, regimes laborais híbridos, mais flexíveis e um equilíbrio entre a vida profissional e pessoal são essenciais para o bem-estar mental das equipas. O que começou como uma imposição devido ao confinamento, rapidamente se tornou numa realidade em muitas organizações. Um modelo que veio beneficiar tanto os colaboradores, quanto a produtividade das empresas. Segundo aferiu o mesmo inquérito (do Laboratório Português dos Ambientes de Trabalho Saudáveis), o regime de trabalho híbrido está associado a um melhor ambiente de trabalho e é o que mais protege a saúde mental dos profissionais, amenizando estados de exaustão e colapso.

Combater o quiet quitting

O quiet quitting é um fenómeno silencioso no qual trabalhadores desmotivados fazem o mínimo dos mínimos em resposta à frustração, à falta de reconhecimento e às relações tóxicas com as chefias. Aqui, é onde o Work-Life Balance entra em acção, fornecendo uma resposta equilibrada e saudável a padrões ultrapassados que apenas fomentam a frustração e a falta de produtividade.

Para mim, no trabalho de liderança de pessoas, sempre foi claro que a equipa é a verdadeira razão do sucesso de um projecto. Esse foi, aliás, o primeiro objectivo que abracei quando assumi o cargo de CEO do Portal da Queixa: acarinhar o bem mais valioso de uma empresa: as pessoas.

Promover o bem-estar no trabalho, a motivação, a flexibilidade e o espaço necessário para a readaptação ou reinvenção dos próprios colaboradores foram apostas certas.

A partir dessa perspectiva de ambiente saudável, procuramos promover o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal dos colaboradores assente num modelo de trabalho totalmente flexível e remoto. Em 2021, implementámos a sexta-feira de tarde livre, uma medida simples, mas que acreditamos ser valiosa para a saúde mental de todos!

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