A guerra do Big Mac: inflação leva fast food a batalha de preços

A inflação perturbou o consumo, reduzindo-o, e isso levou a que as principais cadeias de restaurantes de fast food lançassem promoções para fazer face à menor procura.

Comprar hambúrgueres já não é tão acessível. Nos Estados Unidos, o país-rei da fast food, os consumidores têm vindo a afastar-se da comida rápida porque deixou de compensar. Esta situação desencadeou uma guerra entre as maiores cadeias do sector e lança um alerta sobre a economia.

Agora que a situação se acalmou após a onda inflacionista dos últimos anos, as grandes marcas anunciam que as suas margens estão sob forte pressão, numa guerra em que ninguém parece querer recuar. A razão é uma tendência que se instalou: os clientes deixaram de frequentar os estabelecimentos de fast food, considerando que já não são acessíveis. Agora, os gigantes do sector lançam uma guerra de ofertas.

A McDonalds, por exemplo, alargou as promoções de 5 dólares a quatro artigos. A Wendy’s respondeu com uma campanha agressiva de pequeno-almoço a três dólares e o Chili’s Burger introduziu um hambúrguer de 11 dólares em Julho (o preço mais baixo era de 13 dólares) com o slogan “duas vezes mais carne do que um Big Mac”.

De acordo com o último inquérito da LendingTree, 78% dos consumidores consideram que a fast food se tornou um luxo. Por outro lado, o último relatório da Alvarez & Marshal revela que, para fazer face à inflação, os cidadãos norte-americanos (de todos os níveis de rendimento) procuraram refúgio na redução das despesas com alimentos de conveniência. Especificamente, o consumo terá caído 14% no primeiro semestre de 2024. Os consumidores têm estado constantemente preocupados com a inflação ao longo do último ano.

Na verdade, é nas próprias empresas que esta tendência, que conduziu à guerra de preços no sector, é mais visível. A McDonalds explicou, durante os resultados do primeiro trimestre, que as pressões económicas estão a fazer com que os consumidores frequentem menos os seus restaurantes. «No final do dia, esperamos que os clientes continuem a sentir o impacto da economia e de um custo de vida mais elevado, pelo menos durante os próximos trimestres, neste cenário muito competitivo», afirmou Joe Erlinger, presidente da McDonald’s, nos EUA.

«O tráfego do sector diminuiu nos principais mercados, como os Estados Unidos, a Austrália, o Canadá e a Alemanha», declarou Chris Kempczinski, director executivo da McDonald’s. É por isso que a empresa passou de 2,31 mil milhões de dólares, há um ano, para 2,02 mil milhões. No entanto, a empresa surpreendeu o mundo com um número totalmente histórico. Uma queda de 2% na receita.

Face a esta situação, a empresa anunciou que manteria os planos de menus baratos para evitar uma maior fuga de clientes. Embora não tenha feito qualquer anúncio oficial durante a apresentação dos seus resultados, a empresa por detrás do Big Mac enviou uma carta às cadeias americanas na qual prometia continuar a reforçar os “planos de preços acessíveis durante o resto do ano” e abria a porta a um período ainda mais longo.

Mas, para além da McDonald’s, a Domino’s anunciou, nos últimos resultados, que as suas receitas ficaram aquém das expectativas, não atingindo os mil milhões de dólares. Apesar de ter crescido 7%, a empresa já vinha de um forte crescimento e anunciou que prevê uma grande incerteza. De facto, a pizzaria sublinhou que não iria atingir o seu objectivo de novas lojas e de receitas.

A Yum Brands, a empresa por detrás da KFC, Taco Bell e Pizza Hut, também anunciou resultados históricos, mas de forma negativa. O império da comida rápida anunciou que as suas receitas diminuíram 2,9%, o primeiro declínio desde a pandemia. O seu principal restaurante, o KFC, teve quebras de 2%, mas a verdadeiro problema foi a Pizza Hut, com um declínio de 7%.

Toda esta sucessão de resultados decepcionantes tem-se reflectido em sérios problemas na bolsa de valores. Exemplo disso é a McDonalds que, até agora, em 2024 caiu 8%. A Domino’s, por seu lado, está a subir 2,9%, bem como a  Yum! Brands que registou uma subida de 4% este ano.

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