Circle: a agência das ideias redondas
Contra as ideias quadradas, mal-amanhadas ou confusas, contra os clichés e os lugares-comuns, nasceu a Circle, a nova agência a ganhar forma no ecossistema criativo nacional. Fundada pela dupla criativa André Torrado e Luís Wengorovius, posiciona-se como a agência das “ideias redondas”. E a explicação até é bem linear. «Nós gostamos de criar comunicação clara, que faça sentido para a marca e para o público a que ela se destina e, por isso, temos que ter ideias simples e originais.
Ou seja, ideias redondas, bem fechadas, sem arestas ou pontos indecifráveis. É para isso que as agências existem», esclarecem os sócios, que formam dupla criativa «há mais anos do que os dedos das mãos». Apresentada ao mercado em Abril, a Circle dedica-se às áreas de publicidade, design, digital, branding, activação e eventos. Nos poucos meses de actividade, já conquistou as contas de clientes como a Tabaqueira, a Associação Bandeira Azul da Europa – ABAE (veja caixa), o grupo imobiliário Libertas, a Adene – Agência para a Energia, a farmacêutica Biocodex, a imobiliária Habita, a fabricante de contadores eléctricos Janz, a consultora Milestone e a associação Pulmonale.
André Torrado (que já passou pelas agências Markimage, Euro RSCG, John Ryan, Addmore e Adsoul) e Luís Wengorovius (ex-BBDO, Saatchi & Saatchi, John Ryan, Addmore e Adsoul) são o cérebro criativo da Circle, acumulando décadas de experiência no mundo da publicidade. Mas, porque dois não formam um círculo, na génese e na estrutura accionista da Circle estão também Jorge Azevedo, Renato Póvoas e Francisco Reis, sócios da agência de comunicação Guess What.
Cinco sócios com backgrounds distintos, mas complementares, que fazem da Circle uma agência criativa com capacidade para responder de uma forma transversal às necessidades de comunicação dos seus clientes. «O nome Circle surgiu desta oferta verdadeiramente 360º. Se for esse o desejo e a necessidade dos nossos clientes, conseguimos oferecer-lhes todas as ferramentas da comunicação, incluindo Relações Públicas, numa proposta integrada e coerente.
Na maior parte dos casos, a propalada oferta 360º fica-se pelos 270º ou 280º. Falta sempre qualquer coisa… e essa qualquer coisa costuma ser a parte das Relações Públicas. No nosso caso, não é assim. Juntamos as valências e as formas de pensar numa oferta global e circular, à volta dos clientes», garantem André Torrado e Luís Wengorovius.
Oferta 360º
Foi há cerca de 10 anos que André Torrado e Luís Wengorovius falaram, pela primeira vez, acerca da possibilidade de criarem a sua própria agência de publicidade. Um sonho antigo que, por diversas razões, foi sendo adiado, mas que agora vê a luz do dia. «Os porquês são vários e uns mais originais que outros. A principal razão é porque queríamos fazer as coisas à nossa maneira.
Já passámos por agências e métodos de trabalho suficientes para perceber o que queremos pôr em prática», explicam. A junção dos restantes três sócios, vindos do mundo das RP, foi também determinante para que o projecto andasse para a frente, permitindo criar uma oferta “dois em um”, que representa uma vantagem competitiva. Funcionando numa lógica de parceria, a Circle e a Guess What mantêm-se como duas empresas independentes, mas podem partilhar sinergias ao nível de serviço e clientes.
«A parceria começa na composição da sociedade – a Guess What é sócia da Circle – e continua no trabalho do dia-a-dia. Há projectos que trabalhamos conjuntamente e há oportunidades que uma das empresas identifica ou cria para a outra, e vice-versa. Somos um todo coeso que sabe que o sucesso de um é o sucesso do outro. Por isso, sempre que se justificar para os clientes, oferecemos-lhes as nossas soluções complementares como um todo.
Mas é algo que surge naturalmente, nada é forçado», ressalvam os sócios. Quanto à participação conjunta em concursos, a lógica é a mesma: sempre que se justificar – e já aconteceu – avançam. Na prática, quando existe um projecto em comum às duas empresas, as reuniões de brainstorming integram pessoas da área das RP, publicidade, design ou até digital. Assim, garante-se que o conceito que de lá sai funciona para as diferentes áreas, nomeadamente «para as RP, que têm de ter entre mãos uma ideia mediatizável».
Além disso, a Circle conta com uma rede fixa de freelancers, das mais variadas áreas, que trabalham com a agência em projectos específicos, sempre que necessário. «É aquilo a que cientificamente chamamos de Estratégia Acordeão. Crescemos quando é preciso e decrescemos quando assim se justifica», referem os fundadores.
Comunicação com plateia
Além da irmandade com a Guess What, a Circle quer também marcar a diferença no mercado pelo seu posicionamento, assente no conceito de “comunicação com plateia”. Assim, sem rodas nem rodeios. E o que é que isso significa? Significa criar comunicação «sempre clara, original e estrategicamente suportada. Os nossos objectivos são simples: fazer boa comunicação, ou seja, colocar as marcas e instituições a “dialogar” com o seu público, através de mensagens claras e originais, que ajudem muitos a tomar decisões e a mudar comportamentos», explicam André Torrado e Luís Wengorovius.
E se a comunicação só faz sentido com plateia, isso implica «ir ao encontro das pessoas». Para uma agência criativa, isto traduz-se em criar campanhas adaptadas aos diferentes meios de comunicação e abranger o máximo de áreas de especialidade possível. «Por isso, o digital é uma das áreas onde esperamos ter uma forte presença. Também somos e queremos continuar a ser fortes na criação de campanhas integradas. Gostamos de trabalhar as marcas dos pés à cabeça e com pés e cabeça. O universo do branding e as activações também são disciplinas que tratamos por tu», asseguram.
Quanto ao plano de negócios, a Circle estima facturar 200 mil euros no final do ano, 300 mil euros no próximo e 500 mil em 2021. Entre os trabalhos mais recentes da Circle encontra-se uma campanha para a farmacêutica Merck, que queria associar o seu probiótico UL-250 ao período do Verão, lembrando que quem vai de férias fica sujeito à mudança de hábitos na alimentação e que, pelo sim pelo não, convém levar uma caixa de UL-250.
«A solução por nós encontrada, e vencedora do concurso, foi fazer do próprio produto um elemento central do conceito. Levámos à letra a ideia de “equilíbrio da flora intestinal” e colocámos um casal de turistas portugueses equilibrados sobre uma embalagem de UL- -250», descreve a dupla criativa. A Circle foi também a agência responsável pelo naming e branding do Hotel Luster Supreme, um quatro estrelas superior que vai abrir em Lisboa no início do próximo ano.
«A nossa proposta foi ao encontro da qualidade e glamour que este espaço quer passar para os seus clientes. Luster, que quer dizer brilho/ /esplendor, foi a denominação encontrada. Tem todos os significados desejados e ainda é uma palavra curta e de fácil memorização», explicam. A nível gráfico, a opção recaiu numa tipografia original, em tom cobre para aludir ao requinte do hotel.
Edição de Agosto de 2019 da revista Marketeer.