Web Summit: como vai a relação entre publishers e redes sociais?
As redes sociais estão ou não a matar as plataformas noticiosas? Foi esta questão que deu mote ao debate que opôs Blaise Zerega, editor in chief do VentureBeat, e Gregory Gittrich, chief content officer do Mashable. Cada um dos responsáveis teve seis minutos para apresentar os seus argumentos contra e a favor, respectivamente, numa sessão realizada no último dia do Web Summit, em Lisboa.
Blaise Zerega foi o primeiro a ter a palavra e optou por se refeir exclusivamente ao Facebook, deixando de parte as restantes redes sociais. Segundo o orador, a criação de Mark Zuckerberg é um diabo pronto a oferecer um presente envenenado aos publishers, sob a forma de Instant Articles: ao disponiblizar a tecnologia, espaço e canal necessários para a partilha de notícias, facilitando a gestão de recursos dos jornais e sites, consegue aliciar sem que os meios de informação se apercebam desde logo das consequências negativas a caminho.
Para Blaise Zerega são três os principais problemas que advêm da utilização de Instant Articles. O primeiro está relacionado com o facto de os interesses do Facebook não serem os mesmos que os do publisher, sendo que a rede social está preocupada em satisfazer os seus próprios interesses. O editor in chief do VentureBeat acredita que os publishers serão o próximo Zynga, a empresa que criou o jogo FarmVille mas que viu o seu produto ser reconhecido como o jogo do Facebook.
O segundo problema reside em o Facebook ser uma plataforma social e não de media, o que significa que as notícias estão inseridas num local mais pobre em termos informativos – os consumidores não podem fazer pesquisas e encontrar notícias de última hora em determinado jornal. Adicionalmente, todos os dados captados sobre os leitores ficam guardados no Facebook e o tráfego gerado é também do Facebook, roubando visitas aos sites dos meios de informação.
Por fim, o Facebook pega na marca VentureBeat, The Guardian ou The New York Times e transforma-a em Facebook: as marcas únicas de cada publisher são apropriadas pela rede social.
Perante todos estes argumentos, Gregory Gittrich defende que o problema na teoria de Blaise Zerega está precisamente em considerar apenas o Facebook. Qualquer publisher que esteja associado apenas a uma rede social irá depender dela para se manter vivo, especialmente se falarmos de uma marca que tenha crescido alicerçada nessa plataforma de social media. Por outro lado, marcas fortes, que saibam quem são e aquilo que querem fazer, podem usar as redes sociais como amplificadores e formas de chegar a novas e maiores audiências, tendo atenção que em cada canal cabem tipos de conteúdos diferentes.