Lisboa recebe contentores recheados de design
O Terreiro do Paço, em Lisboa, vai ser invadido por uma aldeia de contentores que, no seu interior, têm apenas produtos de design portugueses. A segunda edição do The Pitch Market Lisboa está marcada para entre os próximos dias 22 e 25 e, este ano, terá o dobro do espaço – e também marcas.
Para esta edição, o evento conta com a co-organização da Câmara Municipal de Lisboa, o que facilitou vários aspectos da preparação do mesmo, como explica Tiago da Costa Miranda, responsável pela iniciativa, à Marketeer. Mas as novidades não se ficam por aqui, o The Pitch Market Lisboa ouviu o público e acrescentou uma programação cultural paralela. Tudo com entrada livre.
O Pitch Market é o único mercado urbano com co-organização da Câmara Municipal de Lisboa. Como surgiu esta oportunidade? E que implicações/vantagens tem?
De facto, foi uma grande surpresa para nós quando, durante uma reunião com a Câmara Municipal de Lisboa para alinhar aspectos logísticos, surgiu esta oportunidade. Para nós, é sem dúvida um orgulho contar com a co-organização da Câmara Municipal de Lisboa, por ser uma prova exterior à organização de que estamos a fazer um bom trabalho e, acima de tudo, algo de positivo para a cidade e para o design em Portugal.
Depois, existiu um feliz encontro de interesses pelo facto de a Câmara pretender dar palco a algumas startups da cidade, dado que um dos nossos propósitos é exactamente apoiar as indústrias criativas portuguesas.
Podermos ter esta colaboração tão estreita com a Câmara Municipal de Lisboa, logo na segunda edição de um evento único em todo o País e em toda a Europa, só é possível graças a uma coragem em arriscar em novos formatos e uma vontade imensa em apostar em inovação que o presidente e o vice-presidente da Câmara, Fernando Medina e Duarte Cordeiro, têm. Nem sempre encontramos do lado político esta disponibilidade… mas desta vez encontrámos e foi uma boa surpresa.
Ao nível prático, não o podemos negar, o processo burocrático e logístico é bastante facilitado, o que nos tira um enorme peso – porque montar uma aldeia de contentores marítimos, com electricidade, Wi-Fi e todo um conjunto de logísticas associadas, na principal praça da cidade, nada tem de leve, em nenhum sentido!
Em termos de implicações, pois há uma que é inegável e directa: ter um parceiro de organização como a Câmara de Lisboa traz, obviamente, uma maior responsabilidade. Tudo é escrutinado até ao ínfimo detalhe e a responsabilidade perante todas as regras e regulamentos, burocracias e departamentos torna-se infinitamente maior. Mas é algo que já no ano passado sentimos, quando fizemos a proposta arrojada de montar uma aldeia de contentores pop-up no Terreiro do Paço. Por isso, o trabalho é o mesmo, só a responsabilidade aumentou. Mas essa, nós aceitamos e assumimos!
Qual o feedback recebido na primeira edição, tanto por parte das marcas como do público?
Felizmente, só temos aspectos positivos a recordar da primeira edição. Quando fizemos o balanço junto das marcas ficámos totalmente surpreendidos com dois aspectos: o primeiro foi o valor médio de vendas, à volta dos dois mil euros nos quatro dias (o que para um mercado urbano, segundo as próprias marcas, é um valor muito elevado… e tendo em conta que foi a nossa primeira edição e que estamos a vender produtos de design para casa, algo que os portugueses consomem pouco, ainda é mais impressionante); o segundo foi a explícita vontade das marcas de regressar este ano para um evento maior em escala e em diversidade.
Outra das surpresas foi o facto de várias marcas fazerem também negócios na vertente B2B. Ora, sendo nós um mercado urbano, o nosso objectivo era apenas aproximar o design made in e by Portugal (como gosto de dizer) do público e não só cumprimos esse objectivo (como se comprova pelo nível de vendas), como também o ultrapassámos. Foram conseguidas representações internacionais, foram assinadas encomendas para hotéis e restaurantes… e, segundo soubemos, o impacto de negócio nas marcas foi muito além dos quatro dias do evento. Houve mesmo uma marca que conseguiu uma encomenda grande já em Maio deste ano por causa da sua presença no evento do ano passado.
Quanto ao público, tivemos uma recepção impressionante. Para isto, muito contribuiu a excelente receptividade que tivemos junto dos media. Foi verdadeiramente impressionante a diversidade de meios em que saímos e a qualidade da cobertura feita. Desde meios de negócios até generalistas ou de especializados nas mais variadas áreas, o evento teve um retorno de media que ultrapassou as melhores previsões. E foi por isto que tivemos dias em que havia filas para entrar nos contentores, verem os objectos das marcas e comprarem. A afluência foi excelente, muitas pessoas vieram ter connosco a dar os parabéns pela iniciativa, tanto portugueses como estrangeiros.
Mas da parte do público foram feitas duas críticas: queriam um evento maior e com mais actividades paralelas. Ora, como bons ouvintes, cá estamos com o dobro da dimensão e uma agenda cultural paralela, recheada de eventos. Vamos ter talks com criativos de renome, uma exposição, sunsets com DJ’s. Tudo nacional e de acesso gratuito.
A edição deste ano vai ser mais e melhor e o evento será, assim, mais consolidado. E se no ano passado a afluência já foi muito acima das expectativas, este ano esperamos ultrapassar os cerca de 120 mil visitantes do ano passado.
Quais as novidades em relação à edição anterior?
Nesta edição, vamos construir uma aldeia de contentores marítimos no Terreiro do Paço com 29 contentores (em vez dos 17 do ano passado), o que significa um aumento considerável de marcas de design – vamos passar de 10 para 22. Com o aumento para mais do dobro das marcas, passamos a ter também marcas de Trás-os-Montes e dos Açores, para além da região Centro, Porto, Lisboa e Alentejo, que já tínhamos na edição anterior. Outra das novidades é que não só conseguimos aumentar os patrocinadores, como conseguimos que estes contribuam activamente para o evento, com uma participação ligada ao design, conseguindo assim uma maior simbiose com a filosofia do evento.
Outra das grandes novidades deste ano é a nossa zona de street food. Tal como no design, também aqui só teremos marcas nacionais.
Além da co-organização da Câmara Municipal, o que diferencia o Pitch Market dos restantes mercados que têm surgido em Lisboa?
Temos muitas diferenças. Mas talvez a principal seja o facto de nos termos posicionado como um evento. Sim, somos um mercado urbano, mas com características ao nível da qualidade, da produção, da organização e da estrutura física (ou do modelo espacial), bem mais complexas que nos aproximam de eventos estruturais da cidade, como os festivais de música, de cinema ou eventos como a ModaLisboa ou a Experimenta.
Porque a moda dos mercados urbanos assim o propiciou e propicia, nós demos um passo à frente e, em vez de sermos um conjunto de bancas, construímos uma aldeia de contentores marítimos na principal praça do País. Mais: em vez de oferecermos um conjunto de bancas às marcas e a quem nos visita, conseguimos ter um conjunto pop-up de marcas de design de produto para casa e decoração (e não de moda, o que é outro elemento diferenciador), todas elas portuguesas. Quantas vezes as pessoas vêem produtos de decoração portugueses, nas revistas ou online, e não sabem onde os comprar? Pois é exactamente por isto que no The Pitch Market Lisboa encontram esses mesmos produtos. As PMEs nacionais, ou mesmo os designers independentes, têm aqui uma excelente oportunidade para potenciarem e crescerem o seu negócio.
Claro que isto só é possível porque somos uma equipa a trabalhar há vários meses (na realidade alguns elementos trabalham o ano todo) em vertentes como o sponsoring, a procura de marcas e a comunicação – desde as plataformas online, aos suportes offline que temos (como o catálogo, que é outro elemento diferenciador) à assessoria mediática.
É exactamente por isto que houve possibilidade de tornarmos um mercado urbano num evento de maior dimensão e com uma produção que é atractiva para sponsors (e que permite pagar este evento, pois as PMEs e os jovens empreendedores não pagam sequer o custo do seu espaço, quanto mais tudo o resto… Mas assim é que deve ser, pois é assim que apoiamos também o desenvolvimento do mundo do design de produto de casa made in e by Portugal).
E isto é o nosso grande elemento diferenciador: o The Pitch Market Lisboa é um evento com qualidade e projecção nacional que atrai não só negócio para as marcas de design de produto para casa, ajudando-as a crescer e a desenvolverem-se, como dá grande visibilidade a nível nacional aos sponsors, servindo de plataforma de activação da sua relação com os seus clientes finais.
Digamos que o respeito que ganhámos na Câmara Municipal de Lisboa, como a proposta de coorganização o demonstrou, também o estamos a ganhar junto das marcas de design e das grandes marcas patrocinadoras. Ninguém, até nós surgirmos, tinha pensado em patrocinar um mercado urbano, e nesta edição (e depois do sucesso da edição anterior), quando as marcas pensam em patrocinar um evento na cidade de Lisboa, já pensam no The Pitch Market Lisboa como o evento ideal para se destacarem e se associarem a valores de inovação, originalidade e qualidade!
Texto de Filipa Almeida