«NPS é uma oportunidade para o Porto mostrar o que tem de melhor»

O Nos Mini Primavera Sound, um evento a pensar nas famílias e nas crianças, terá entrada gratuita e realizar-se-á no Parque da Cidade proporcionando uma experiência de actividades ligadas à música.

Texto de Maria João Lima

O Nos Primavera Sound (NPS) apresentou na sexta-feira, dia 13 de Fevereiro, o cartaz completo da sua quarta edição que, uma vez mais, contará com quatro palcos (Nos, Super Bock, ATP e Pitchfork). Entre os nomes que poderão ser vistos e ouvidos de 4 a 6 de Junho no Parque da Cidade, no Porto, estão Patti Smith, Caribou, Interpol, Belle & Sebastian, Viet Cong, Ride e Shellac (veja a lista completa no final deste artigo). O passe geral para o Nos Primavera Sound 2015 pode ser adquirido pelo preço promocional de 90€ até 25 de Fevereiro.

Novidade este ano é a realização, duas semanas antes do Nos Primavera Sound, de um evento a pensar nas famílias e nas crianças. O Nos Mini Primavera Sound terá entrada gratuita e realizar-se-á também no Parque da Cidade proporcionando uma experiência de actividades ligadas à música, explicou durante a apresentação José Barreiro, da Pic-Nic (empresa que organiza o Nos Primavera Sound, no Porto).

Pedro Moreira da Silva, responsável de marca e de comunicação da Nos, explicou à Marketeer quais as principais preocupações da marca Nos – naming sponsor do evento desde a sua primeira edição, mas anteriormente com a marca Optimus – no que respeita ao evento que se realiza no Parque da Cidade do Porto.

Pedro Moreira da Silva

A marca Nos está presente neste evento de uma maneira um pouco diferente dos outros eventos. Porquê?

A forma como a marca está presente aqui passa por tentar respeitar em absoluto o que é este festival. Este festival nasceu connosco na altura na Optimus e era para ser um festival de alguma maneira diferente. Um festival que tinha a ideia de olhar para a frente e ver aquilo que um dia os festivais vão estar a olhar. Passámos uma fase nos festivais em que bastava ter bandas e cobrar bilhetes, mas o produto foi-se sofisticando. O Nos Primavera Sound era uma ideia de sofisticar esse produto. Existe um público lato, uma imensa minoria, espalhada pelo mundo, que anda à procura de música em festivais. Tenta fugir de entretenimentos laterais. Tínhamos um sítio impressionante que é o Parque da Cidade, tínhamos o Porto, tínhamos a falta de um festival onde a cidade se pudesse agarrar e o Porto nesse aspecto é super titânio, agarra-se às coisas boas e onde as pessoas se reconhecem e gostam. Repare que hoje [sexta-feira] tivemos aqui uma apresentação de line-up, não há banda nenhuma para tocar, e tivemos mais de 500 pessoas a assistir. Foi esse tridente sob o qual construímos este evento. A música, o respeito pelos concertos e quem gosta de música, o Parque da Cidade – as pessoas estão num sítio único, não vamos fazer barulho (retirámos os spots publicitários dos intervalos para deixar silêncio depois dos concertos e as pessoas poderem usufruir do Parque). É por isso que as pessoas que vão ao Festival depois vêm sempre dizer “aquilo é que é uma coisa diferente”. Muitas delas não conhecem banda nenhuma. É o produto em si, festival, e não o line-up que o compõe.

Este ano e dentro desse espírito temos a ideia de que o festival pode ser mais do que um festival de música, pode ser um momento que ocupa um espaço cultural e de atenção da cidade e umaforma da cidade comunicar com o exterior. Mais de metade das pessoas que vão ao festival não são sequer portuguesas. E há uma grande percentagem de pessoas de Lisboa no festival. As pessoas do Porto acabam por ser uma minoria e portanto é uma grande oportunidade para o Porto mostrar o que tem de melhor. As coisas são conexas mas não são só música, há por exemplo o vinho, a gastronomia, designers – quem fazia a identidade do festival do Porto a certa altura começou a fazer para Barcelona e para outros sítios. Tentar que o festival seja uma entidade cultural porque é de todos. Estamos sempre a tentar construir coisas à volta do festival que tenham a ver com este espírito.

Daí o  Nos Mini Primavera Sound?

Sim. Este ano vamos fazer o Nos Mini Primavera Sound que é uma versão do festival, durante um dia, no Parque da Cidade também, aberto ao público, onde vamos ter um conteúdo Primavera mas pensado para as crianças. Estamos a falar de um conteúdo que poderia estar a tocar no festival. O espírito de rock, mas para os miúdos.

Quando haverá cartaz?

Não sei ao certo ainda, mas creio que dentro de um mês. Aqui entra quem quer. Vamos fazer uma decoração que tenha a ver com o espírito do festival para quebrar o estigma de que tudo o que não é conhecido “não é para mim”. Isso é uma ideia errada.

O cartaz de todas as edições do Primavera Sound teve sempre coisas que são para toda a gente. Há coisas de pop, de rock… este ano vamos ter uma orquestra de música sinfónica e barroca. O que há é uma ideia de qualidade e a ideia de trazer coisas que naquele momento tenham interesse.

O momento Nos Mini Primavera Sound é também uma forma de quebrar esse estigma e certo medo que as pessoas têm. É para vir toda a gente, é por isso que é gratuito e ao domingo, para as famílias poderem vir.

Não vai ser uma feira de marcas?

Não! Não tem marcas. Esse é um esforço muito grande que nós temos desde o primeiro evento. Na primeira edição arriscámos e quisemos fazer uma coisa descafeinada de marcas. Eu também não quero estragar o Parque. Há um logotipo, há uma presença elegante que é quase informativa e não está a massacrar as pessoas. Obviamente que havia marcas que estraram depois e estavam formatadas para aquilo que era um festival de música. Portanto o esforço de levá-las a compreender foi grande. Mas tem sido conseguido. Quem entra no festival continua a dizer que isto é um festival diferente. E passa também pela questão do ruído visual.  O primeiro princípio da Nos neste festival é não estragar e depois fazer com que os outros também não estraguem.

O público deste festival é bem diferente do público de um Nos Alive…

Os produtos são diferentes. A média do público do Primavera é mais velha. Mas as médias às vezes enganam. No ano passado tivemos um artista de hip hop que atraia essencialmente miúdos. Depois tivemos o Caetano que atraia graúdos. Se tivéssemos que usar medidas estatísticas diria que o público do Nos Primavera Sound tem um desvio padrão maior. É super heterogéneo. E não apenas na idade. É heterogéneo na aparência, na lógica… O segredo dos catalães que programam o line-up é, na minha opinião, que eles entendem profundamente as tribos. Nós vivemos muitas vezes só com as referências dos grandes nomes, mas na verdade, a música evoluiu muito, os públicos evoluíram muito e há um conjunto de tribos. E eles sabem o que é que interessa a essas tribos. Por isso é que nós vimos aqui um nome de uma banda de que eu nunca ouvi falar na vida e desata tudo a gritar [o público que assistiu à revelação do line-up na Câmara do Porto]. Essa tribo estava aí e entende aquilo. Aquilo é a banda que eles querem ver. Aqui [no NPS] há uma diversidade muito maior ao passo que o Nos Alive é um produto diferente. É um produto de maior escala, um festival muito maior, um dos festivais que do ponto de vista de grandes nomes e grandes bandas mainstreem, é um dos maiores festivais da Europa. Às vezes não temos bem essa noção, mas podemos comparar o line-up do Nos Alive com o do Glastonbury e não é nenhuma vergonha. É um festival de referência para os músicos e bandas, é um festival de grande escala. O NPS não é um festival de tão grande escala. Tem cerca de metade da lotação daquilo que é o Nos Alive. São produtos diferentes.

No ano passado o Nos Primavera Sound chegou aos 76 mil espectadores durante os três dias. Quais as expectativas para 2015?

Não há um número mágico. Gosto que não haja porque este festival vive muito também do conforto, do metro quadrado por habitante dentro do Parque. Espaço para a toalha, para as pessoas não andarem acotoveladas, poderem estar tranquilas a ver e ouvir música. Às vezes isso quase se perde em alguns festivais porque as pessoas estão apertadas, cai a cerveja… Este é um festival para ouvir música e portanto nem o promotor nem nós vemos com bons olhos ter uma pessoa no cartaz que meta 50 mil pessoas num dia no Parque. Isso é estragar este produto. Este produto é diferente. Acho que ele vai crescer um bocadinho, sem grandes dúvidas e há vários motivos, desde a notoriedade à reputação. Há uma repetição de pessoas. O número de bilhetes sem ser ainda conhecido o cartaz estava na casa dos milhares. Sem um único nome anunciado! Isso mostra a confiança no produto festival, independentemente dos artistas.

A marca vai continuar a activar dentro do recinto?

Sim. Todas as activações que melhorem a experiência das pessoas no recinto. Não vamos fazer entretenimento lateral, não vamos fazer barulho (até porque há música). Acho que a melhor activação que tivemos no ano passado foi a distribuição de 40 mil capas de chuva. Foi um grande investimento da marca, apesar de não ter chovido um minuto. A toalha de piquenique que nasce de um saco que se desdobra é já um clássico. Vão ser coisas que tenham a ver com esta vivência. Continuamos a trabalhar com um cenógrafo, com um arquitecto… há um esforço de manter o produto alinhado.

Line-up do festival

O line-up do festival pode ser visto aqui num filme com produção do Canal 180 que convidou 10 ilustradores com idades entre os 20 e os 25 anos para ajudarem a dar vida ao filme.

Programação por dias

Quinta-feira, dia 4 de Junho: Bruno Pernadas, Caribou, FKA twigs, Interpol, The Juan MacLean (live), Mac DeMarco, Mikal Cronin, Patti Smith acoustic/spoken

Sexta-feira, dia 5 de Junho: Antony and the Johnsons, Ariel Pink, Banda do Mar, Belle & Sebastian, Electric Wizard, Giant Sand, José González JUNGLE, Marc Piñol, Movement, Pallbearer, Patti Smith & Band perform Horses, The Replacements, Run The Jewels, Spiritualized, Sun Kil Moon, Twerps, Viet Cong, Yasmine Hamdan, Younghusband

Sábado, dia 6 de Junho: Babes In Toyland, Baxter Dury, Damien Rice, Dan Deacon, Death Cab For Cutie, Einstürzende Neubauten, Ex Hex, Foxygen, HEALTH, Kevin Morby, The KVB, Manel Cruz, The New Pornographers, Ought, Pharmakon, Ride, Roman Flügel, Shellac, The Thurston Moore Band, Underworld dubnobasswithmyheadman live, Xylouris White

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