«Portugal não está na moda. Portugal está no mapa!»
Se Adolfo Mesquita Nunes, secretário de Estado do Turismo, aparecer numa acção de promoção «desconfiem, porque estarei à procura de votos e não de turistas». Adolfo Mesquita Nunes, keynote speaker da 6.ª Conferência Marketeer, apostou, na apresentação de abertura do evento, em fazer uma distinção entre as campanhas do passado, baseadas em eventos, e a estratégia discreta dos últimos três anos que, defende, deu a Portugal uma notoriedade sólida no mundo.
Portugal está a experienciar um momento positivo no que toca ao turismo, relembra Adolfo Mesquita Nunes. O secretário de Estado aponta o aumento de 10% no número de hóspedes nacionais e estrangeiros e nas dormidas face ao ano passado e o crescimento a nível geral “acima da média europeia” no sector como sinais positivos. «São 28 milhões de euros por dia que os turistas deixam em Portugal, mais de um milhão de euros por hora», sublinha.
Já são quatro as grandes regiões de turismo no País, segundo o secretário de Estado. O destaque já não vai só para o Algarve e a Madeira. A cidade de Lisboa e o Porto/região Norte ganharam preponderância, com quotas acima dos 10%.
E porquê este crescimento no turismo, que se nota especialmente nas ruas das duas maiores cidades do País, depois de, considera o responsável, «uma década de estagnação»? A resposta avançada por Adolfo Mesquita Nunes reside em quatro factores: os «destinos diversificados» que Portugal oferece, o dinamismo das empresas – «sem as empresas, os resultados não tinham sido possíveis» – um parque hoteleiro «de qualidade» e um esforço na promoção. Relativamente a esta última, o responsável do Executivo explicou a estratégia levada a cabo nos últimos três anos, que passou por uma «despolitização da promoção» do País.
Isto significa uma recusa de acções específicas no tempo, como eventos internacionais, em prol de uma estratégia que privilegie «o conhecimento técnico que não pode depender dos “achismos” de um secretário de Estado», defendeu.
Iniciou-se uma política de captação de rotas em colaboração com a ANA que deu origem a mais 25 ligações regulares face a 2013. Em vez de anúncios, apostou-se na sedução de jornalistas internacionais, convidados a visitar o País – em 2014, foram efectuadas 307 viagens de jornalistas a convite do Turismo de Portugal. O investimento nos meios digitais foi reforçado, quando em 2012, apenas «2% do orçamento do Turismo de Portugal estava no online».
«É preciso chegar aos turistas na fase em que sonham, planeiam e partilham a viagem», mesmo àqueles «que não estão à procura de Portugal numa primeira abordagem», constatou o secretário de Estado.
A intervenção do secretário de Estado terminou com um “ataque” à proposta de taxas sobre as dormidas e as entradas no Orçamento da Câmara Municipal de Lisboa para 2015, uma proposta de tributação que o Governo não defende.
Texto de Pedro Carreira Garcia
Foto de Paulo Alexandrino