Comércio de luxo: 83 novas aberturas nas melhores ruas da Europa. Avenida da Liberdade é um dos destinos de eleição

O mercado imobiliário europeu de retalho de luxo enfrenta um período de transição, mas continua a demonstrar resiliência, segundo o relatório European Luxury Retail 2025 da Cushman & Wakefield. Em 2024, foram inauguradas 83 novas lojas de luxo nas principais ruas comerciais de 16 cidades europeias, distribuídas por 12 países. Apesar de representar uma redução face às 107 aberturas em 2023, o setor manteve uma atividade significativa, com destaque para as marcas de moda e acessórios, que lideraram com 41 inaugurações, e para as marcas de joalharia e relojoaria, que registaram 26 novas lojas, superando as 21 do ano anterior.

As grandes casas de luxo, como LVMH, Richemont e Kering, foram responsáveis por mais de um terço das novas aberturas em 2024. A LVMH destacou-se com 15 inaugurações, consolidando a sua liderança no setor. Este movimento reflete uma estratégia consolidada de investimento em pontos de venda físicos para reforçar o vínculo com os consumidores, apesar do ambiente económico desafiante.

A Avenida da Liberdade continuou a atrair novas marcas de luxo em 2024, com um total de cinco novas aberturas. Em dezembro, a marca de moda italiana Paul & Shark abriu uma loja de 190 m² no edifício Liberdade 242, e em maio, a marca de design de mobiliário italiano Molteni&C inaugurou a sua primeira flagship em Lisboa (Liberdade 254), com cerca de 400 m² distribuídos por dois pisos.

As marcas de relojoaria também estiveram ativas na Avenida da Liberdade ao longo de 2024. Em setembro, a Patek Philippe (em parceria com a David Rosas) abriu a sua primeira boutique no edifício Liberdade 12. Com cerca de 200 m², esta loja acolhe um bar e uma sala VIP privada. Em dezembro, a IWC Schaffhausen, em parceria com o Grupo Tempus, abriu também a sua primeira boutique em Portugal no nº 117 da Avenida, integrando igualmente um bar e obras da artista portuguesa Camila Nogueira.

Após uma extensa renovação, a Cartier reabriu a sua principal loja em Lisboa, no nº 240, e a loja do antigo edifício do Diário de Notícias (Liberdade 266) foi recentemente arrendada a uma marca a divulgar brevemente, com abertura prevista para este ano.

Segundo Maria José Almeida, especialista em retalho de luxo na Cushman & Wakefield Portugal: “A Avenida da Liberdade é o destino por excelência das marcas de luxo internacionais, e o facto de estar no prime CBD – onde se localizam as sedes das grandes empresas e hotéis de 5 estrelas – cria o habitat perfeito para estas marcas. Alguns edifícios têm boas fachadas e áreas que vão ao encontro dos requisitos das marcas, mas o grande desafio continua a ser o número de unidades disponíveis.”

Ou seja, a maior avenida da capital portuguesa oferece o contexto ideal para as grandes marcas, conjugando localização central com infraestruturas de excelência e uma taxa de desocupação extremamente baixa de apenas 2%. Esta procura contínua tem impulsionado o aumento das rendas, que cresceram mais de 9%, desde o final de 2023.

A nível europeu, a elevada ocupação das principais artérias comerciais limita a disponibilidade de novos espaços, com 17 das 20 ruas analisadas pela Cushman & Wakefield a registarem menos de 5% de desocupação e seis delas sem qualquer espaço disponível. Esta escassez, aliada à preferência por localizações estratégicas, fez com que as rendas nas ruas de luxo aumentassem 3,6% em 2024. A Via Montenapoleone, em Milão, emergiu como o destino de retalho mais caro do mundo, consolidando-se como um exemplo desta tendência.

A Cushman & Wakefield prevê que as rendas de luxo na Europa continuem a crescer entre 1% e 3% ao ano até 2028, impulsionadas pela forte procura e pela escassez de imóveis adequados. Apesar dos desafios, como a redução de lançamentos de novos produtos devido a constrangimentos na cadeia de abastecimento, as lojas físicas permanecem cruciais para a experiência do consumidor de luxo. Como afirma Rob Travers, Diretor de Retalho EMEA da Cushman & Wakefield, “as lojas são  vistas como o ‘universo da marca’, proporcionando experiências personalizadas que fortalecem a ligação entre marcas e consumidores”.