Não têm rosto, atraem milhões de seguidores e conquistam silenciosamente as redes sociais: Saiba quem são

Os influenciadores mais bem-sucedidos colocam as suas vidas no centro das atenções – e os seus rostos em todo o seu feed de redes sociais. São incansáveis ​​na autopromoção. Mas um novo tipo de criador está a derrubar o modelo tradicional de sucesso da Internet. Conheça influenciadores sem rosto, que atraem milhões de seguidores e conquistam silenciosamente as redes sociais, transformando o seu anonimato em ganhos comerciais.

A sua estética costuma ser calmante, minimalista e doméstica. Mãos com unhas brilhantes e bem cuidadas seguram cafés gelados; figuras indefinidas descansam em quartos aconchegantes. Algumas contas podem mostrar vislumbres fugazes do perfil de um influenciador. Mas todos escondem as suas identidades tanto quanto possível.

No TikTok, cerca de 200.000 posts estão marcados como #Faceless; têm um total combinado de 1,1 mil milhões de visualizações. Grupos do Facebook como “Girls Gone Faceless” têm mais de 100.000 membros. Os aspirantes a câmaras tímidas podem até fazer cursos para se tornarem Instagrammers anónimos. “Os criadores sem rosto têm os mesmos seguidores dedicados que os influenciadores tradicionais”, diz Julia Markowitz, da Emerald Woods Management, uma agência de influenciadores. “A única diferença é que os seus seguidores são fascinados pelo seu estilo de vida, não pela sua vida específica.”

A Internet tem um historial de anonimato, diz Brooke Erin Duffy, académica da Universidade de Cornell. No início, isto significava bloggers anónimos, pseudónimos de mensagens instantâneas e contas de memes. No entanto, as redes sociais e a cultura dos influenciadores sempre enfatizaram a identidade pessoal.

Mas os telespectadores estão agora em busca desses influenciadores invisíveis. A remoção dos marcadores de identidade tornou a influência sem rosto um espaço mais inclusivo, porque o conteúdo é neutro. Isto significa muitas vezes que é mais fácil relacionar-se, porque o público pode imaginar-se ali.

Duas coisas mudaram para dar origem à nova tendência sem rosto. Um deles foi o sucesso dos “vloggers silenciosos” anónimos da Ásia, cujos vídeos cinematográficos da vida quotidiana enquanto estavam presos em casa durante a pandemia se tornaram virais. A segunda era o desejo das pessoas de ganhar dinheiro como influenciadores sem dedicarem a vida inteira a isso. Os influenciadores sem rosto surgiram quando “a rapariga corporativa da Geração Z queria ganhar dinheiro no horário das nove às cinco, sem o esforço de se preparar para a câmara”, diz Fallon Lowery, gestor de talentos para influenciadores.

Os influenciadores sem rosto também foram atraídos para a existência incógnita para evitar alguns dos assédios e comentários odiosos com que os influenciadores reconhecíveis são atacados. “A maior vantagem tem sido a liberdade que proporciona”, diz Victoria Ortega, que dá pelo nome de Elysian Living e tem cerca de 6 milhões de seguidores no Instagram, TikTok e YouTube. (Ela publica sobre limpezas profundas no forno e até sobre a sua rotina de cuidados com a pele, mas sem nunca mostrar o rosto por inteiro.)

Marcas, incluindo a Adobe e a Amazon, tomaram nota do apelo. “Temos assistido a um grande aumento de colaborações de marcas com criadores sem rosto”, diz Karim Nasri, da Digital Streamers, uma agência de marketing influenciadora. Tais acordos são mais comuns com linhas de produtos de consumo, incluindo tecnologia e organização doméstica, porque permitem que os artigos – em vez de as pessoas os mostrarem – ocupem o centro das atenções.

Os influenciadores sem rosto podem estar a prosperar hoje, mas não estão imunes a pressões. Alguns questionam-se se é mais provável que sejam substituídos por contas que utilizam inteligência artificial para criar conteúdo barato. A tecnologia é agora boa o suficiente para que os influenciadores virtuais sejam fiáveis, eliminando a necessidade de pessoas reais. Influenciadores sem personalidades famosas e cenários únicos da vida real podem ser facilmente gerados pela IA.

Existe também o risco de imitação por outros influenciadores. “Pode ser um desafio diferenciar-me, uma vez que não há identidade física associada, por isso é importante para mim adicionar sempre um toque pessoal”, como um tom lúdico nas suas legendas, diz Ortega. Mas não há garantia de sucesso. Afinal, a maior concorrência dos influenciadores sem rosto não são os outros criadores, mas sim o algoritmo de recomendação – o influenciador invisível mais importante de todos.