Hélio Bernardino, diretor da Elite Lisbon, cria Chabers Shoes: “Uma marca unissexo. Abrangente e versátil. Sem preocupações de género”

 O nome Hélio Bernardino é associado à direção criativa da Chabers Shoes, uma marca de calçado que, em pouco tempo, conquistou fãs por todo o lado com os seus modelos de sapatos inéditos. Mas quem é o homem que está por trás do design da marca e do conceito de “sapato descontraído, mas elegante”? A maioria conhece-o por ser o diretor da agência de modelos Elite Lisbon. Hélio é, aliás, uma figura de destaque no mundo da moda nacional, mas revela que, para ele, o design sempre foi a sua grande paixão.

 

Na entrevista exclusiva à Marketeer, Hélio partilha a sua visão sobre o sucesso da Chabers, a fusão de estilos que define os modelos da marca e o futuro  que se avizinha. Por isso, prepare-se para conhecer o designer que, entre a moda, os lápis e os papéis, continua a desenhar um futuro de calçado com a mesma paixão com que rabisca a própria vida.

Quais são os principais elementos que definem o estilo e a identidade visual da Chabers Shoes?

A marca Chabers Shoes foi criada com duas preocupações, design e qualidade. Mas dentro destas preocupações era importante um factor que a diferenciasse das demais marcas presentes no mercado e suprisse também uma necessidade. A conjugação no mesmo sapato de um estilo clássico com um toque desportivo, veio preencher a necessidade das pessoas que não gostam de usar sapatos clássicos mas que o têm de fazer ou não gostam de andar de ténis mas privilegiam o conforto de um sapato mais desportivo.

Como foi pensada a combinação entre os estilos clássico e desportivo nestes modelos?

Depois de identificada a necessidade e o caminho a seguir, o resto foi criatividade. E a ideia surgiu de forma simples, conjugar um design mais clássico e elegante no sapato propriamente dito com uma sola mais desportiva e confortável.

Qual a importância das solas coloridas e diferentes nas criações da Chabers Shoes, e como isso reflete a identidade da marca?

Esse é, sem dúvida, o factor mais diferenciador. Visualmente, ter uma sola transparente com uma cor no seu interior, acaba por ser muito apelativo. E esteticamente, sem duvida, que são muito bonitos. Tecnicamente, foi muito difícil. Levámos meses a resolver os problemas de ter uma sola transparente que mostra tudo o que uma sola normal não mostra. Um sapato normal tem linhas, tem costuras, tem cola, que permite juntar a sola ao sapato, mas nós não vimos nada porque tudo fica escondido pela própria sola. Quando se tem uma sola transparente todos esses elementos de ligação tem também de ser bonitos e com acabamentos irrepreensíveis. Porque simplesmente está tudo à vista.

Não sei se no futuro continuaremos a ter esta solução estética que tem sido bastante elogiada, mas para já, e nos modelos que já estão prontos para serem lançados vamos manter esta identidade.

De que forma os modelos unissexo contribuem para a versatilidade e o apelo abrangente da marca?

Desde as primeiras conversas que essa foi uma decisão unânime na empresa. Ter uma marca unissexo. Abrangente e versátil. Sem preocupações de género. Qualquer pessoa vai sentir-se confortável com uns Chabers.

O conceito de “sapato descontraído, mas elegante” foi integrado no design e nos materiais utilizados?

Os materiais utilizados são de grande qualidade e importantíssimos para o aspecto elegante de cada modelo. O design descontraído vem mais da sola transparente que é muito confortável e da cor escolhida para o seu interior, que lhes dá um toque despretensioso e até mesmo divertido.

Na sua opinião, sendo uma marca tão recente, a que razões atribuem este sucesso e interesse pelo vosso calçado e até mesmo pela filosofia da marca?

Estamos convencidos que o sucesso e a adesão que estamos a ter vem desse “design descontraído mas elegante”. E depois, pelo que nos têm transmitido, pela qualidade que tem surpreendido as pessoas quando os recebem em casa. Há clientes que já nos compraram os 3 modelos lançados inicialmente. Já recebemos mails a perguntar quando saem os novos modelos e a perguntar se podem reservar a edição numerada e limitada que iremos lançar em breve.

Penso que há pessoas a identificarem-se com uma certa imagem despretensiosa e simples, mas elegante ao mesmo tempo. E temos tido surpresas muito boas. Inicialmente identificámos a faixa etária dos 20 aos 40 anos mas surpreendentemente estamos a ter muitas vendas a clientes teenagers que nos identificam nas nossas redes sociais e que estão a conjugar os nossos sapatos com streetwear.

Outra das surpresas tem sido os destino do nosso calçado. Achámos que os nossos clientes iriam ser maioritariamente portugueses, mas na verdade Portugal está neste momento em 5º lugar no ranking de vendas. Em primeiro vem Espanha e depois França, Alemanha e Suíça.

As campanhas fotográficas atrevidas e arrojadas estão a contribuir para esse sucesso?

Na verdade, sim. Estou muito orgulhoso da campanha de lançamento mas acho que ainda gosto mais da campanha que vai sair agora. É muito sexy. São campanhas muito inspiradas nas fotos de moda que eram feitas nos anos 90. Sinto que as pessoas estão a gostar. Até mesmo de algumas imagens consideradas mais provocadoras.

Qual é a história por trás do nome da marca?

Chabers é a junção dos apelidos dos fundadores da marca. Chagas e Bernardino.

O João e o José Chagas são irmãos. São meus amigos há muitos anos. Criaram esta empresa de produção de calçado que tem produzido para marcas internacionais. Quando surgiu a ideia de fundarmos uma marca própria desafiaram-me para assumir a direção criativa.

Como a Chabers Shoes planeia manter a identidade artesanal e, ao mesmo tempo, expandir para novos mercados como Alemanha, Espanha, França e Suíça?

É exatamente essa identidade artesanal que os grandes mercados admiram e as pessoas exigentes cada vez mais consomem. O mercado português é internacionalmente reconhecido pela qualidade. A nossa unidade produtiva e parceira de negócio é a Marcapex, uma fábrica com cerca de 25 anos de experiência que emprega grandes profissionais.

Nós não vamos abrir mão dessa dessa identidade artesanal, da qual nos orgulhamos e esperemos que os nossos clientes também se orgulhem, porque cada par de sapatos acabam por ser únicos.

O que se segue?

Estamos neste momento a lançar mais 3 modelos. Os 3 primeiros modelos lançados em Novembro tinham a sola transparente com o interior vermelho. Desta vez vamos lançar com o interior da sola em azul. Dois dos modelos seguem a mesma linha mas com opção de côr e o outro é o primeiro de uma coleção capsula que utiliza linhas mais arrojadas e materiais mais luxuosos. No início de Abril lançaremos mais 3 modelos. E em Maio vamos lançar uma coleção limitada e numerada com apenas 135 unidades, para a qual desafiámos um reconhecido grafiter e artista plástico. É um projecto muito especial que nos está a entusiasmar muito.

Vamos continuar a apostar muito em campanhas de marketing apelativas e sexys e tentar conquistar a confiança e o interesse de novos mercados a nível internacional.

As vendas vão continuar a ser exclusivas no vosso site?

Para já sim. Só mesmo em www.chabersshoes.com

Esta não é a primeira vez que o Hélio desenha um artigo. Já assinou peças de mobiliário. O design, está definitivamente, no caminho a seguir?

Quando era jovem na minha cabeça só existia a hipótese de ser arquiteto mas a própria vida empurrou-me para a moda, área em que trabalho há 33 anos. Ser diretor de uma agencia de modelos, atores e influencers com a dimensão da Elite Lisbon acaba por me abrir outros horizontes e permitiu-me, curiosamente, encontrar-me com o design. O primeiro convite foi para desenhar pranchas de surf. Apesar desse projeto não ter saído do papel deu-me a confiança para aceitar o convite para desenhar algumas peças de mobiliário. E agora os sapatos, que é um projeto que me está a entusiasmar muito.

Não tem explicação a felicidade que sinto quando encontro alguém com uns Chabers calçados. Paralelamente à Elite Lisbon, este é o caminho que quero seguir.

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