GLS: Estratégias para um futuro de baixo carbono

A GLS tem vindo a implementar medidas ambiciosas para reduzir a intensidade de carbono por encomenda entregue em Portugal. Em entrevista à Marketeer, Mafalda Machado, Team Leader Projects, OHS & Environmental da empresa, explica que a GLS pretende que, até 2030, a frota corporativa seja integralmente eléctrica, enquanto, até 2035, todos os novos veículos de distribuição serão de zero ou baixas emissões. «O nosso objectivo é reduzir em 90% as emissões de CO2 até 2045, nos escopos 1, 2 e 3, compensando os 10% restantes por meio de investimentos em projectos certificados de protecção climática», explicou.

Entre as iniciativas em destaque está a electrificação da frota de última milha, com o uso de veículos eléctricos, a adopção de electricidade verde, obtida através de contratos com Garantia de origem certificada, e a aposta na instalação de painéis solares para autoconsumo. Além disso, na GLS Portugal compensamos as emissões de carbono geradas pelo transporte dos nossos envios, pelas nossas instalações e pelas nossas deslocações de trabalho, investindo em projectos de protecção da floresta e energias renováveis no Peru, Brasil e Índia.

Ao mesmo tempo estão a ser desenvolvidas microagências urbanas focadas em áreas de alta densidade de entregas e curtas distâncias, com recurso a meios de distribuição zero emissões – isto significa meios que, durante a operação, não gerem nenhuma emissão (por exemplo, carrinhas eléctricas, bicicletas ou distribuição a pé). Este desenvolvimento pretende complementar a rede actual e reduzir deslocações em vazio e tem já um teste piloto planeado para 2025. Segundo Mafalda Machado, a expansão da rede agencial já resultou na redução de mais de 250 viaturas em circulação no território nacional, contribuindo para «uma economia substancial de deslocações e emissões associadas».

Outra aposta forte da GLS é a optimização das rotas de entrega como parte da sua estratégia para reduzir a distância percorrida e, consequentemente, as emissões de carbono. Segundo Mafalda Machado, a empresa utiliza tecnologias avançadas de optimização de rotas desenvolvidas internamente. Estas ferramentas permitem não só melhorar as rotas diárias dos motoristas, mas também analisar tendências de distribuição e propor alternativas que aumentam a eficiência. Este trabalho contribui significativamente para uma gestão mais eficaz das operações e para a redução do impacto ambiental associado às entregas.

Outro pilar estratégico da GLS é o investimento em infra-estruturas de carregamento para veículos eléctricos nos seus centros de distribuição. Mafalda Machado sublinha que «este investimento é essencial para garantir uma operação sustentável e viável, apoiando a transição para uma frota eléctrica e contribuindo para a redução dos custos logísticos a longo prazo», afirmou.

A GLS Portugal está a explorar o uso de combustíveis renováveis, como os biocombustíveis, como parte do seu compromisso com a redução de emissões. Mafalda Machado explicou que esta tecnologia é uma alternativa viável para percursos onde a electrificação total da frota ainda não é possível. «Os biocombustíveis apresentam um elevado potencial de redução de emissões, mas é fundamental garantir a origem dos materiais usados na sua produção», alerta. A empresa considera biocombustíveis provenientes de matérias-primas, como o biodiesel, e de resíduos, como o HVO, lembrando que o potencial de redução de emissões varia conforme o tipo. Contudo, a adopção dessa solução implica alguns desafios, como os elevados custos, a escassez de estações de abastecimento específicas e a necessidade de assegurar o uso exclusivo de biocombustíveis nos motores.

Fora dos grandes centros urbanos, a implementação de soluções de transporte sustentável encontra obstáculos adicionais. A limitação de infra-estruturas de carregamento e a menor densidade populacional aumentam os custos operacionais, devido à dispersão das rotas. Para mitigar estas dificuldades, a GLS tem investido no fortalecimento da sua rede de Parcel Shops e soluções OOH (Out of Home). Desde 2008, a empresa tem vindo a expandir esta rede, que, em 2024, cresceu mais de 50%, totalizando mais de 1000 pontos. Para 2025, a empresa planeia ultrapassar as 2000 Parcel Shops e avançar com a introdução de Parcel Lockers, adaptando-se à crescente procura por soluções de entrega alternativas.

Nos seus centros de distribuição, a GLS está igualmente a implementar medidas para optimizar o consumo energético. Entre as iniciativas destacam-se a utilização de iluminação LED, a instalação de painéis solares fotovoltaicos e a monitorização contínua do consumo de energia.

A GLS integra critérios de sustentabilidade na escolha dos seus fornecedores e parceiros, assegurando que estes se alinham com os compromissos da empresa em promover práticas ambientais responsáveis. Mafalda Machado explica que a GLS dá prioridade a fornecedores que demonstram um claro compromisso com a sustentabilidade, destacando requisitos como a implementação de sistemas de gestão ambiental certificados, a oferta de formação ambiental aos colaboradores e a adopção de medidas eficazes de controlo ambiental.

A GLS incentiva os seus parceiros a adoptar práticas mais sustentáveis. Um exemplo é a parceria com fornecedores de veículos eléctricos, que oferece condições vantajosas para a aquisição. «Estas parcerias visam apoiar a transição para tecnologias mais limpas, contribuindo para a redução das emissões e para a minimização do impacto ambiental das operações », afirma Mafalda Machado. Esta abordagem reforça o compromisso da GLS em fomentar uma cadeia de valor mais sustentável e alinhada com os objectivos climáticos globais.

Os programas Climate Protect e ThinkSocial são iniciativas globais da GLS, que estabelecem directrizes comuns em todos os mercados onde a empresa opera, mas com adaptações às realidades locais. Em Portugal, a estratégia reflecte as particularidades do mercado, como a ampla rede pública de carregamento de veículos eléctricos, que é mais acessível do que em muitos outros países, e a abertura dos portugueses para experimentar novas tecnologias.

No âmbito do programa ThinkSocial, a GLS também procura minimizar os impactos sociais da sua actividade e promover o bem-estar das comunidades onde está presente.

Em Portugal, a GLS define como prioridade assegurar que o seu crescimento seja acompanhado por um compromisso sólido com a responsabilidade social. A empresa promove a integração social e a igualdade de oportunidades em áreas menos densamente povoadas. Este enfoque, segundo Mafalda Machado, contribui para o desenvolvimento económico local, reduz o desemprego e descentraliza os postos de trabalho das zonas urbanas. A saúde e a segurança dos colaboradores são também pilares da actuação da GLS. Além disso, a empresa investe na formação contínua dos seus colaboradores, independentemente da idade.

A GLS está a explorar modelos de negócio mais circulares e colaborativos, focados em reduzir o impacto ambiental e melhorar a experiência do cliente. Mafalda Machado refere que a introdução de novos serviços OOH (Out of Home) permite reduzir as falhas nas entregas, evitando as tentativas adicionais e minimizando as emissões associadas ao transporte. «Com este modelo, os destinatários podem levantar as encomendas nos horários mais convenientes para eles, contribuindo para uma operação mais eficiente e sustentável», explicou.

Além disso, a aposta nas Parcel Shops reflecte um compromisso com a economia local. Estes pontos de entrega e recolha não só simplificam a logística das encomendas, como também beneficiam os negócios locais, incentivando os consumidores a realizar compras nas lojas ao levantar os seus pedidos.

Segundo Mafalda Machado, este modelo mais circular e colaborativo permite à GLS optimizar a sua eficiência operacional, enquanto reforça o seu impacto positivo nas comunidades locais e na sustentabilidade logística.

Este artigo faz parte do Caderno Especial “Sustentabilidade e responsabilidade social”, publicado na edição de Dezembro (n.º 341) da Marketeer.

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