Bluesky: a nova rede social liderada por uma mulher que ameaça rivalizar com o X de Elon Musk

A Bluesky, uma nova rede social com o espírito original do antigo Twitter, está a crescer a olhos vistos e sob o comando de uma engenheira de software, de 33 anos, chamada Jay Graber. Inicialmente, em 2019, foi desenvolvida como um projeto dentro do Twitter, inspirado na visão do cofundador da rede social do famoso passarinho azul, Jack Dorsey, de criar uma rede social “descentralizada”.

A ideia era criar um protocolo aberto que permitisse redes sociais mais personalizadas, dando aos utilizadores mais controlo sobre suas identidades e experiências online. Mas, em 2021, Jay Graber insistiu numa mudança estratégica para que a Bluesky se tornasse uma corporação independente, desvinculando-se do Twitter. O objetivo era manter a missão do projeto independentemente de mudanças na estrutura corporativa da rede social.

“Se o capitão mudar ou se essa estrutura for embora, eu perderia o suporte institucional para a Bluesky, e eu queria realmente que este projeto existisse”, indicou ao The Verge em março.

A estratégia parece ter resultado. Pelo menos é isso que demonstram os números: “A Bluesky tem agora mais de 20 milhões de utilizadores”, disse a engenheira de software numa publicação na rede social da qual é CEO.

“Adicionamos mais de um milhão de utilizadores por dia nos últimos dias”, apontou Graber destando de seguida algumas das curiosidades desta rede social que, indicou, libertou o pássaro azul “de uma plataforma fechada para voar no ecossistema aberto de Bluesky”.

E com o crescimento exponencial, esta poderá tornar-se uma concorrente do X, de Elon Musk, uma vez que se tem verificado um êxoda da plataforma do magnata.

Foi precisamente o desencanto dos utilizadores desta nova era do antigo Twitter – hoje X – que poderá ter influenciado no crescimento da plataforma. A par disso, a Bluesky coloca-se no mercado como uma alternativa ao X, Facebook e Threads e é já um fenómeno nas lojas de aplicações da Apple e do Google como a app gratuita mais descarregada.

No início de 2023, liderado por um grupo de especialistas em tecnologia, surgiu um protótipo de rede social que não tinha grandes aspirações. Por isso o seu lançamento, acedido por convite, não foi tão eloquente e passou quase despercebido no ambiente de Silicon Valley. Tudo para poder controlar de perto o seu crescimento. No entanto, toda a crise que X vive desde que Musk assumiu serviu de propulsor para o seu crescimento exponencial.

De acordo com o jornal New York Times, a ascensão foi de tal forma explosiva que a empresa foi forçada a crescer praticamente da noite para o dia. O êxodo do X foi intensificou-se ainda mais com a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais norte-americanas de 5 de novembro, segundo notou a agência EFE.

Mas quem é a mulher que promete tornar-se uma dor de cabeça para o CEO da Tesla?
Lantian “Jay” Graber, é uma engenheira de software americana de 33 anos que ocupa o cargo de CEO da Bluesky desde 2021. Nasceu em 1991 em Tulsa, Oklahoma, EUA, filha de mãe chinesa e pai suíço. Num perfil publicado pela revista Forbes, Graber explicou que a mãe a chamou de Lantian porque queria “tivesse liberdade ilimitada” e “as oportunidades que ela [a mãe] não teve”.
A CEO da Bluesky matriculou-se na Universidade da Pensilvânia em 2009 e tirou o bacharelato em Ciência, Tecnologia e Sociedade. No último ano de formação conseguiu uma bolsa de estudos para cofundar um programa de banco de tempo para estudantes.

A história profissional de Graber começa em 2015, quando começou a trabalhar como engenheira de software na SkuChain em Mountain View, Califórnia. Seguiu-se um trabalho numa fábrica em Moses Lake, Washington, onde soldou equipamentos de mineração de bitcoin e, em 2016, começou a trabalhar como júnior developer da criptomoeda Zcash. Em 2019, fundou o site de planeamento de eventos Happening, Inc, e, em agosto de 2021, tornou-se a primeira CEO da Bluesky.

Antes de trabalhar na Bluesky, Graber destacou-se no movimento da web “descentralizada” e publicou pesquisas sobre redes sociais descentralizadas. Mediante esse caminho, acabaria por ser convidada a participar emdiscussões sobre a criação de um protocolo descentralizado para redes sociais.

“Eu era uma das especialistas que eles trouxeram para essa pequena sala de discussão com um grupo de pessoas que pareciam saber do que estavam a falar”, disse Graber ao The Verge.

Impressionado com a visão da jovem, o Twitter acabou por a escolher para liderar o projeto que hoje ameaça rivalizar com o X de Elon Musk.

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