Jornalistas do grupo Trust in News apelam ao apoio dos investidores

Os trabalhadores da Trust in News (TIN) apelaram hoje ao apoio de toda a sociedade, incluindo de potenciais investidores, a ajudar a preservar os títulos de informação relevantes e a garantir os postos de trabalho.

“A TIN, que detém 16 títulos, entre os quais a Visão, Exame, Exame Informática, Jornal de Letras, Caras, Activa, TV Mais, viu o seu Processo Especial de Revitalização (PER) ser reprovado em 05 de novembro, tendo em 12 de novembro a administração liderada por Luís Delgado anunciado a sua intenção de apresentar um plano de insolvência, requerendo já a convocação de uma assembleia de credores para apresentação e fundamentação de um plano de recuperação.

Hoje, “os trabalhadores da Trust in News, reunidos em plenário, apelam ao apoio de toda sociedade, incluindo de potenciais investidores dispostos a ajudar, a preservar títulos de informação relevantes e a garantir os postos de trabalho”, lê-se no comunicado dos órgãos representativos dos trabalhadores a que Lusa teve acesso.

Os trabalhadores da TIN “não vão baixar os braços e decidiram tornar pública a sua luta face ao imobilismo da administração, ao aumento da dívida, ao perpetuar dos salários em atraso, ao chumbo do PER e à iminente insolvência” e “apesar da sua dedicação e profissionalismo (…) veem cada vez mais ameaçadas marcas históricas do jornalismo português, pilares da democracia”, referem.

Assim, os trabalhadores da TIN “decidiram, por unanimidade, apelar aos leitores, aos anunciantes e a potenciais investidores que ajudem a manter os títulos jornalísticos” do grupo “e a salvar os postos de trabalho”.

Também solicitam ao acionista e administrador da TIN, Luís Delgado, “o pagamento da totalidade dos salários e subsídios em atraso (alguns salários de setembro, salários de outubro, subsídios de férias, cinco subsídios de alimentação e outras remunerações) e a partilha, com caráter de urgência, de toda a informação disponível sobre o projeto de recuperação da empresa que pretende apresentar aos credores, no seguimento do pedido de insolvência por recuperação”.

Decidiram “ainda agendar ações de protesto para sensibilizar a sociedade civil e o poder político para as dificuldades que enfrentam todos os dias e para a importância de salvar todos os títulos”.

Sublinham que “nunca baixaram os braços, em quando os salários chegaram atrasados, mês após mês, desde novembro de 2023, enquanto os subsídios de alimentação e de férias não chegaram” e até “mesmo quando viram dezenas de camaradas, colegas e amigos saírem, desgastados pela incerteza e pela ansiedade que uma situação destas provoca”.

“Nem quando as revistas perderam os diretores ou ficaram reduzidas a apenas um jornalista, nem quando perderam acesso a ferramentas de trabalho essenciais, nem quando as condições de trabalho se deterioraram”, bem como “nunca baixaram os braços (…) quando foram deixados sem informações claras sobre o rumo da empresa”, prosseguem.

Os trabalhadores das revistas e publicações Visão, Exame, Exame Informática, Jornal de Letras, Visão História, Caras, Activa, Courrier Internacional, TV Mais, Visão Júnior, Telenovelas, Caras Decoração, Visão Saúde, Visão Biografia, A Nossa Prima, Volt e Holofote “não vão baixar os braços, vão continuar a lutar pelos seus postos de trabalho e pelas revistas que representam”, asseveram.

E acrescentam: “Os trabalhadores da TiN continuam comprometidos e inteiramente focados na missão de informar, com rigor e isenção, e na procura de soluções de futuro para estas publicações”.

O comunicado é assinado pela Comissão de Trabalhadores da Trust in News, os delegados sindicais da Visão, o delegado sindical do Jornal de Letras, os conselhos de redação da Visão, Caras e Activa.

O PER da Trust in News foi reprovado em 05 de novembro, com os votos da Autoridade Tributária (AT) e da Segurança Social, depois de a administração ter informado os trabalhadores de que tal iria acontecer.

“O plano da devedora”, a TIN, “encontra-se reprovado”, lê-se na informação enviada ao tribunal pelo administrador judicial provisório, em 05 de novembro, que detalha que o ‘chumbo’ resultou dos votos dos “credores cujos créditos correspondem a 61,16% do total dos créditos reconhecidos, correspondendo a 68,03% dos votos emitidos (apurando-se a abstenção em 10,10% do total)”.

Os créditos reconhecidos ascendiam a quase 33 milhões de euros (32.940.709,87 euros) e votaram contra cerca de 20 milhões de euros (20.148.007,16 euros).

Entre os credores que votaram contra o plano de revitalização estão a Autoridade Tributária e Aduaneira (AT), com um total de créditos reconhecidos de 8.125.545,20 euros, e o Instituto da Segurança Social (ISS), com 8.979.252,35 euros.”

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