Compras de Natal: O que procuram os clientes e o que as marcas precisam de antecipar
Por João Saramago Tavares, general manager da Topbrands
As últimas décadas têm-nos mostrado que a época natalícia é, para o consumidor, o auge das celebrações e do consumo, com ofertas e trocas de presentes entre família e amigos. Mas, para empresas de vários sectores, o Natal começa muito antes das luzes coloridas que se acendem nas montras. Preparar esta época envolve planeamento, estratégias de inovação e a adaptação às tendências de mercado, com meses (quase um ano) de antecedência para responder à procura e às expectativas que vão ditar o sucesso. Em 2024, podemos afirmar que o foco está na sustentabilidade, na personalização das ofertas e no avanço do e-commerce, enquanto 2025 pode já começar a ser preparado, com algumas pistas observadas, fruto de uma recente viagem à Ásia.
Sustentabilidade. Decisiva na escolha do consumidor?
É verdade que os consumidores estão cada vez mais atentos ao impacto ambiental dos seus hábitos de consumo, especialmente durante o período de Natal. De acordo com um estudo da Deloitte, 65% dos consumidores planeia fazer compras mais sustentáveis este ano, e muitos estão dispostos a pagar mais por produtos que respeitem o meio ambiente. Para empresas e fornecedores, isso significa que a adopção de práticas sustentáveis precisa de ser planeada com antecedência, integrando a sustentabilidade em toda a cadeia de produção, desde a selecção de materiais até à logística.
Na Ásia, destaca-se o papel crescente da China, que, embora historicamente associada à produção em massa e à utilização intensiva de recursos, está a investir fortemente em políticas de economia circular e inovação sustentável. O país tem implementado regulamentos rigorosos para a gestão de resíduos, incentivando as empresas a desenvolverem produtos recicláveis e a repensarem as suas cadeias de produção. Este esforço é visível no aumento do uso de energias renováveis e na mobilidade eléctrica, com a China a representar mais de 60% da capacidade mundial de energia solar e eólica em 2023, segundo a Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA).
Para as empresas europeias, essas mudanças representam uma oportunidade de parceria com fornecedores que partilhem essa visão de futuro mais sustentável, preparando o terreno para um Natal mais consciente e em linha com as expectativas dos consumidores.
Personalização. Uma tendência que envolve toda a cadeia de produção
A personalização é uma das maiores tendências em 2024 e o consumidor moderno valoriza ofertas que reflictam o seu estilo pessoal e as suas preferências. De acordo com a McKinsey, 71% dos consumidores espera interacções personalizadas com as marcas e 76% está disposto a considerar apenas marcas que ofereçam uma experiência personalizada. Para os retalhistas e fornecedores, adaptar os produtos a este nível de personalização implica uma preparação avançada do ponto de vista logístico e tecnológico.
É uma tendência que requer uma coordenação com meses de antecedência para definir linhas de produtos que permitam um grau de personalização sem comprometer a eficiência. Na prática, significa estabelecer parcerias com fornecedores e ajustar as infra-estruturas, de modo a suportar a produção em série de produtos personalizados. Com o ritmo de mudança acelerado, é essencial que as empresas preparem já as suas infra-estruturas logísticas e tecnológicas para responderem à crescente procura por customização no Natal do próximo ano.
O impacto do e-commerce num cliente que quer uma experiência cada vez mais integrada
Apesar de quatro anos passados desde o início da pandemia, não há dúvidas que foram anos que aceleraram as tendências de e-commerce, e a época natalícia é um dos momentos de maior impacto para os retalhistas que operam tanto no digital, como no ambiente físico. Em alguns países, a realidade aumentada e a inteligência artificial já são uma realidade para a criação de uma experiência de compra híbrida e envolvente.
A integração digital é agora essencial para retalhistas que procuram um serviço omnicanal fluído, desde a preparação do inventário até ao atendimento ao cliente. Trabalhar com fornecedores e parceiros tecnológicos capazes de suportar esta evolução é crucial para responder aos desafios da experiência de compra híbrida, garantindo que as operações estão alinhadas com as exigências do consumidor moderno, que espera uma interacção perfeita entre os canais digitais e físicos.
O Natal é mais do que uma mera época de consumo. É um momento que exige meses de preparação, inovação e compromisso de todos os envolvidos na cadeia de produção. A integração de sustentabilidade, personalização e e-commerce é uma oportunidade para as empresas se diferenciarem, e garantirem que o Natal do próximo ano venha a ser um sucesso.
Acredito que as empresas que investirem agora nestas três áreas venham a estar mais bem posicionadas para responderem (ou mesmo anteciparem) o consumidor de amanhã, criando experiências de compra envolventes. O Natal exige cada vez mais antecipação – e o futuro, como percebemos, começa muito antes das decorações de Natal que vemos nas lojas.