Como serão feitas as compras no futuro?
A forma como os consumidores vão gastar o seu dinheiro nos próximos anos foi abordada pela empresa de análise de tendências de moda e beleza WGSN durante uma apresentação no salão Maison & Objet, em França. O objectivo era fornecer directrizes a retalhistas e marcas sobre a interacção com os clientes nos próximos anos.
Após a Covid-19 em que as compras foram centradas no essencial, os consumidores focam-se agora mais em experiências, sejam elas desportivas ou culturais.
O sucesso dos Jogos Olímpicos de Paris 2024 e a digressão europeia da cantora americana Taylor Swift exemplificam esta tendência. Um estudo da Eventbrite revela que 54% dos consumidores americanos prefere receber bilhetes para experiências em vez de presentes físicos.
Mesmo com o aumento geral do custo de vida, em 2023 os consumidores gastaram significativamente em entretenimento, tentando compensar o tempo perdido durante a pandemia.
Joe McDonnell, director de Insights da WGSN, destaca que, no ano passado, os consumidores americanos gastaram 85 mil milhões de euros em filmes e desporto, um aumento de 23% em relação a 2022. Este fenómeno representa uma oportunidade para os retalhistas.
De acordo com um estudo da McKinsey, até 2027, 40% dos lucros dos retalhistas virão de diversificações além do comércio físico, como a inclusão de cafés, bares e produtos de lazer ou alimentação. Mais do que meros locais de compras, as lojas são agora espaços de conexão com os consumidores.
Em Tóquio, a marca de lifestyle Muji inaugurou uma guest house equipada com os seus produtos. A marca britânica de beleza Lush colaborou com a produtora do filme “Asteroid City”, de Wes Anderson, para lançar uma gama de produtos temáticos, incluindo bombas de banho e sabonetes.
Além disso, é crucial promover uma compra consciente, educando os consumidores sobre gastos excessivos e implementando medidas de protecção contra compras múltiplas, não pagas ou encomendas repetidas. A WGSN destaca a procura crescente por produtos sustentáveis e a necessidade de orientar os clientes nesse sentido.
Outra tendência é a importância da pertença a uma comunidade nas decisões de compra. A WGSN cita a Kiki World, uma marca de beleza onde os usuários podem votar em novos produtos, co-criar colecções e ganhar pontos trocáveis por produtos.
Por fim, a era digital reforçou o desejo dos consumidores por bons negócios, evidenciado pela popularidade dos produtos mais baratos semelhantes aos de marca. Marcas e lojas são incentivadas a inovar para além do preço, desenvolvendo programas de recompensa ou subscrições.