Louis Vuitton acusada de roubar design de camisa tradicional da Roménia

 

Riscas verticais pretas, folhos, pespontos nas mangas e linhas de animais, perfeitamente unidas com fio de ouro. Durante séculos esta camisa distinguiu a aldeia de Marginimea Sibiului, na Roménia.

Segundo a imprensa internacional, o Ministério da Cultura do país europeu emitiu uma declaração sobre a presença de obras semelhantes nas colecções de 2024 da casa Louis Vuitton, em França.

A chefe do ministério, Raluca Turcan, exigiu que a empresa reconhecesse que o traje tradicional inspirou diretamente as peças da coleção. Segundo Raluca Turcan, as peças de vestuário fazem parte da coleção Resort de Nicolas Ghesquiere e custam milhares de dólares.

Enquanto a indústria da moda é confrontada com estas acusações de apropriação cultural, os apelos para que as marcas de luxo reconheçam as inspirações dos seus designs têm crescido nos últimos anos.  Na Roménia, o grupo ativista “La Blusa Roumaine” (“A Blusa Romena”) pede, desde 2017, que confessem e “creditem” os locais de origem quando as suas roupas são semelhantes ou inspiradas nos trajes folclóricos romenos.

Na Roménia, muitas costureiras nem nunca tinham ouvido falar da Louis Vuitton. No entanto, quando viram na nova coleção “LV by The Coleção Piscina”, da marca francesa,  uma blusa de linho branco bordada com motivos pretos perceberam a semelhança com as suas peças tradicionais.

“Perto da nossa blusa, é feia”, disse Ioana Staniloiu, de 76 anos, referindo-se à peça criada pelo estilista Nicolas Ghesquiere, e anunciada no site da Louis Vuitton, como “arejada” e com “um visual fresco e boémio”.

A fundadora da “La Blusa Roumaine”, Andrea Tanasescu, acusa a empresa francesa de “violar os direitos culturais das comunidades”, e sublinhou que as pessoas se sentiram ofendidas pelo facto de um artigo tradicional, para ocasiões especiais, ser usado como roupa de praia.

Desde 2022, os tecidos com este estilo específico de bordado fazem parte da lista de património imaterial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura.

Em 2017, a estilista norte-americana Tory Burch alterou a descrição de uma das suas criações, um casaco romeno, depois de ter irritado milhares de pessoas ao comercializá-lo como um produto de inspiração africana.

A Louis Vuitton recusa-se a comentar, mas confirma que pediu desculpas à Roménia e já retirou a peça de vestuário do mercado.

Artigos relacionados