Marketplaces: Uma revolução na maneira como compramos e vendemos

Por José Augusto Silva, partner da Deloitte

A era do comércio centralizado chegou para ficar, e aqueles que souberem adaptar-se colherão os frutos da revolução digital.

Vivemos numa Era onde a conveniência é a palavra de ordem para os consumidores. Para apresentar uma resposta eficaz à procura incessante de uma experiência de compra simplificada e abrangente, vemos cada vez mais empresas a alargar as suas ofertas através da criação de Marketplaces. O objectivo é oferecer aos consumidores a tão desejada “one-stop shop”, conseguindo satisfazer todas as necessidades num único local.

Ao nível dos parceiros que alimentam a oferta do Marketplace, esta tendência representa uma oportunidade de entrar num novo canal de distribuição, diferente dos canais de distribuição próprios pelo facto de reduzir a necessidade de investimento (financeiro e humano) na operacionalização da venda, direccionando esses recursos apenas para o produto ou serviço vendido. Esta exposição a novos consumidores ou mercados aumenta a visibilidade dos produtos, o crescimento das vendas, e a consolidação da posição no mercado.

A adopção de Marketplaces tem, no entanto, gerado alguns desafios para as empresas que os operam. A dificuldade de readaptação das equipas internas para gerir um novo modelo de negócio (necessidade de qualificar as equipas para terem capacidades para operar um Marketplace), a dificuldade na gestão de parceiros ou a integração tecnológica e a implementação de sistemas adequados estão entre as principais barreiras.

Contudo, superar estes desafios não é apenas uma necessidade, mas também uma oportunidade para as empresas criarem vantagens competitivas. Desde logo, pelo acesso a uma audiência mais ampla ao expandir a oferta ao longo de toda a cadeia de valor, com a possibilidade de se destacar como um elemento central do ecossistema, cobrindo várias etapas do processo de produção e distribuição. A diversificação do portfólio de produtos ou serviços através de um Marketplace, vai permitir também atrair diferentes segmentos de clientes e explorar novos mercados e públicos-alvo, impulsionando o crescimento das receitas de forma sustentável.

Mas o impacto pode ser muito mais abrangente e duradouro, especialmente na criação de relações com os consumidores. Através da criação de programas de fidelidade e oferta de experiências personalizadas vai ser possível fortalecer relações, mas também obter feedback direto em mais pontos da jornada de compra, permitindo ajustes contínuos e melhorias na capacidade de personalização de ofertas com base em comportamentos de compra e preferências individuais.

A tendência de Marketplaces está a redefinir a maneira como fazemos negócios. Para as empresas dispostas a enfrentar os desafios, há uma extensa lista de oportunidades para se diferenciarem num mundo empresarial em constante evolução, sendo que é crucial seguir uma abordagem estruturada e centrada no valor para os clientes. Para iniciar esta jornada, é essencial que as empresas adoptem medidas que as permitam diferenciar-se num mercado cada vez mais concorrido. Critérios como uma análise criteriosa do Marketplace, analisando a forma de adicionar valor aos clientes ou lacunas no mercado, ou colaborações sólidas com parceiros para definir o modelo de negócios e detalhes operacionais são determinantes para garantir uma experiência coesa dos utilizadores.

Numa lógica interna, urge às empresas capacitarem as equipas internas (das empresas e dos parceiros) com as competências necessárias, oferecendo formação e preparando-as para os desafios específicos associados à gestão de um Marketplace. Desta forma será possível definir uma estratégia coesa, criando e optimizando conteúdos digitais, de modo a despertar e, não menos importante, reter a atenção dos consumidores.

Apesar de inicialmente associada a transacções para consumidores finais das ofertas, a tendência de Marketplaces está também numa rápida expansão para o mercado B2B. Com as empresas a reconhecerem a eficiência e praticidade em encontrar fornecedores, parceiros e soluções dentro de um ambiente centralizado, este novo paradigma oferece uma abordagem mais ágil e integrada para as transacções empresariais.

O lançamento de um novo Marketplace estabelece as bases para um crescimento sustentável e uma presença duradoura no mercado digital. A era do comércio centralizado chegou para ficar, e aqueles que souberem adaptar-se colherão os frutos da revolução digital.

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