Planta Livre: Directamente da Natureza

A história da Planta Livre começou em 2006. Na altura com 32 anos, Armindo Gonçalves e Augusto Gonçalves, de 30 anos, criaram uma empresa familiar que se dedicou à produção de plantas ornamentais através de viveiros próprios. «Nessa altura, identificámos uma oportunidade de negócio, mas também uma necessidade própria. Decidimos, então, verticalizar um negócio que desenvolvíamos há oito anos», começa por contextualizar Armindo Gonçalves, sócio gerente da Planta Livre.

Ao sentirem dificuldades em encontrar parceiros que fornecessem produtos variados, de qualidade e com prontidão para executarem as suas empreitadas, a Planta Livre nasceu com o objectivo de preencher uma lacuna identificada pelas empresas de jardinagem. «O que fizemos foi muito simples: começámos a produzir para consumo próprio e partilhávamos o produto com a nossa concorrência», complementa o mesmo responsável.

Daí ao sucesso foi um caminho muito curto e, como adianta Armindo Gonçalves, criaram «um negócio único, pois não havia, e ainda hoje não há, viveiro de plantas, para além da Planta Livre, que sirva as pessoas como elas querem e quando querem. Isso faz toda a diferença».

MISSÃO E VALORES

Com foco no mercado nacional e internacional, a Planta Livre produziu, durante o ano passado, mais de quatro milhões de unidades de plantas, com mais de 350 espécies diferentes. «O nosso principal propósito é servir os gostos e as necessidades dos consumidores de plantas, em geral, e os profissionais de paisagismo, em particular», partilha o sócio gerente, adiantando que a grande missão da empresa é o foco total nos objectivos e desafios dos clientes. «É por causa deles que a Planta Livre não se poupa a esforços para produzir tanta diversidade de plantas, ainda que isso se traduza numa enorme dificuldade », acrescenta.

Mas nem só de plantas é feito o portefólio da empresa que se divide entre Sintra e Cabeceiras de Basto. Além de plantas ornamentais – arbustos, árvores, aromáticas, suculentas ou tropicais, entre outras –, a Planta Livre está presente em vários sectores, como vestuário, jardinagem e acessórios, ampliando a sua área de actuação para tentar responder às necessidades dos seus clientes. Como reflecte Armindo Gonçalves, «tudo aquilo que somos é porque o cliente pediu. A evolução do nosso negócio não é mais do que uma aprendizagem diária, focada em leitura de sinais que os nossos clientes nos dão. Só assim conseguimos a assertividade que nos tem caracterizado nestes 18 anos de existência».

De acordo com o co-fundador do negócio, o aparecimento de variantes do negócio, como o projecto “Planta Livre for Home”, que se materializou na abertura de uma loja no “8 Marvila”, que está relacionado com o carinho e afecto com que muitos dos clientes os têm presenteado. «Não podíamos deixar de expandir o negócio para essa vertente mais emocional, que serve experiências e vivências únicas num espaço, também ele, único», defende.

A IMPORTÂNCIA DOS MERCADOS

Os portugueses são, para Armindo Gonçalves, um povo único no mundo, dado a afectos e a emoções. No entanto, e consequentemente, são dados a hábitos de consumo muito específicos e característicos de um país com pouca densidade populacional, o que comporta algum desafio para empresas como a Planta Livre. «Perceber a especificidade do consumidor português é não só uma arte, mas o mais elementar acto de inteligência, na perspectiva dos negócios», afirma o sócio gerente, acrescentando que da Holanda e de Espanha chegam todos os dias camiões de plantas oriundas de leilões e restos de produção, que mercados mais exigentes não consumiram. «Gosto da adversidade e desafio todos os dias a minha equipa para ser resiliente às dificuldades. As importações de que falo não servem o propósito do nosso consumidor. Servem apenas os objectivos de comerciantes intermediários e deixam de fora a vontade do consumidor ter o que quer e quando quer. A equipa da Planta Livre é incansável no detalhe de servir o que o cliente precisa e é isso que nos diferencia», complementa.

Como empresa portuguesa, a Planta Livre é considerada um viveiro muito respeitado no estrangeiro, nomeadamente em Espanha e Itália. «Ter um volume de negócios de mais de 10 milhões de euros e consegui-lo em apenas 18 anos é incrível. Mas manter a totalidade do capital nas mãos dos fundadores é ainda mais incrível e admirável, porque para se chegar a este patamar foi preciso um enorme investimento à custa de capitais próprios», admite Armindo Gonçalves.

Apesar de gostarem de produzir plantas para consumo interno, pois se assim não fosse teriam de importar tudo, a verdade é que se orgulham de entregar 35% do seu produto num raio inferior a 100 km do viveiro, 30% a menos de 300 km, exportando apenas 15%, por opção. «O nosso crescimento, que se pretende sustentável, é feito à custa da consolidação do negócio no mercado interno. Para nós, só faz sentido exportar, e vamos fazê-lo, a partir do momento em que somos líderes de mercado no âmbito nacional», adianta.

A pensar no mercado externo, a empresa fez grandes investimentos e acredita que os próximos anos serão de forte crescimento das exportações, deixando para trás o mais difícil. «Temos pela frente o mais fácil, na medida em que temos capacidade produtiva instalada, capacidade financeira e, acima de tudo, conhecimento para conquistar novos mercados.»

OLHOS POSTOS NO FUTURO

O principal desafio da Planta Livre nos próximos anos é o mesmo que encontrou nos últimos 18 anos: adequar o nível de investimento ao potencial de crescimento da empresa. «Não há retorno de curto prazo dos investimentos e, por isso, é necessário ter uma crença muito grande nos passos que são dados », reflecte o mesmo responsável.

Outro dos desafios que qualquer viveiro enfrenta, e a empresa Planta Livre não é excepção, é a gestão dos colaboradores. «Empregamos mais de 120 pessoas extraordinárias de 14 nacionalidades, dando espaço ao desenvolvimento humano, criando ambiente e condições de trabalho dignos e atraentes para as suas carreiras. Em Cabeceiras de Basto, temos uma equipa de 18 pessoas e muito nos orgulhamos por contribuir para evitar a desertificação de uma aldeia do interior, como é o caso. A gestão de pessoal, no nosso caso, não é um problema, é antes um sentimento forte de gratidão e forte empatia com toda a equipa “Planta Livre”.»

Sobre o funcionamento da empresa, o mesmo responsável ressalva a importância da tecnologia no dia-a-dia da empresa para o desenvolvimento e sustentabilidade do negócio. Com quadros de colaboradores repletos de pessoas da geração “Z”, é notório o domínio da tecnologia, adiantando, no entanto, que o mercado das plantas ainda está pouco receptivo ao e-Commerce. Não obstante, a Planta Livre tem uma loja online disponível há mais de três anos e os seus responsáveis estão atentos às tendências do mercado.

Para o futuro, a Planta Livre não pretende «planear rigorosamente nada». Armindo Gonçalves afirma que todos os anos foram feitos investimentos como forma de potenciar o crescimento, e foram estabelecidas relações de cordialidade com parceiros de negócios. A empresa acompanha de perto as tendências, como forma de estar na primeira linha de preferência dos clientes, e respeita, com humanismo, todos os colaboradores, adaptando-se aos seus anseios e expectativas.

Por outro lado, transportam a bandeira da sustentabilidade, não só porque produzem natureza, mas também porque respeitam o ambiente, ao abrigo do certificado europeu de sustentabilidade. «Preservamos recursos naturais, como o solo e a água, dando-lhes o uso adequado, do ponto de vista ambiental, e no que diz respeito à água temos em curso um investimento para armazenar mais de 70 mil metros cúbicos de água da chuva por ano. No passado, fizemos investimentos em painéis fotovoltaicos, o que nos permite uma autonomia de 40% do nosso consumo de energia.»

O plano é simples: «Mais do que planear, é agir e esperar que o futuro dê o retorno daquilo que semeamos.»

Este artigo faz parte do Caderno Especial “Empresas 100% Portuguesas”, publicado na edição de Abril (n.º 333) da Marketeer.

Artigos relacionados