Opinião de Sandra Alvarez (PHD): Work-life integration vs work-life balance: Qual o que lhe serve melhor?

Por Sandra Alvarez, directora-geral da PHD

Ambos ambicionam o bem-estar das pessoas, na relação entre o trabalho e a vida pessoal, mas enquanto o work-life balance defende uma separação clara, o work-life integration considera que o trabalho e vida pessoal não são opostos e que podem misturar-se ou tornar-se complementares. Este conceito assenta na ideia de que as pessoas podem e devem integrar as duas áreas da vida de forma mais fluida, o que pode significar, por exemplo, trabalhar fora do horário tradicional de trabalho e ter actividades pessoais no horário de trabalho.

São vários os factores que podem influenciar a preferência por uma ou outra forma de estar, como a personalidade e os valores pessoais, o tipo de trabalho, a profissão, a cultura organizacional, as fases da vida e até a situação financeira.

Alguns estudos recentes mostram que tendencialmente a geração Y e a geração Z têm uma maior preferência pelo work-life integration, ou seja, pela integração do trabalho e da vida pessoal, em vez de manterem um equilíbrio rígido entre as duas esferas. Um estudo da Universidade de Yale (2021) mostra que a geração Y e a geração Z valorizam a flexibilidade no trabalho e a capacidade de integrar o trabalho e a vida pessoal, pois acreditam que o trabalho deve ser uma extensão das suas vidas pessoais. Em Março de 2022 um estudo da McKinsey & Company mostrou que as duas gerações preferem um modelo de trabalho mais flexível e integrado com a vida pessoal, e afirmaram que o trabalho deve ser uma parte da vida, mas não a única que importa. A Cisco, em Novembro de 2021, mostrou que a geração Y e Z valorizam a flexibilidade no trabalho, incluindo a capacidade de trabalhar em horários e locais diferentes. Este estudo também revelou que estas gerações estão mais propensas a escolher empregos que ofereçam uma cultura de trabalho saudável.

Porém, isso não significa que todas as pessoas dessas gerações prefiram essa abordagem. Muitas podem mudar de opinião dependendo da sua situação pessoal e profissional num determinado momento.

E as empresas também ganham! As que apoiam o equilíbrio e/ou a integração entre trabalho e vida pessoal dos seus colaboradores podem ter benefícios: aumento da produtividade, retenção de talentos, redução do absentismo e a melhoria da imagem da empresa, como empregador. Sabe-se ainda que os colaboradores que podem integrar o trabalho com as outras áreas das suas vidas de forma mais fluida tendem a ter maior resiliência e capacidade de lidar com situações de stress. Isso pode ajudar a empresa a manter um ambiente de trabalho saudável e positivo.

Sendo dois conceitos opostos, o work-life balance procura manter uma clara separação entre trabalho e vida pessoal e o work-life integration incentiva a integração e o equilíbrio entre as duas áreas, têm um objectivo comum: o bem-estar das pessoas e alcançar um equilíbrio saudável entre trabalho e vida pessoal, dependendo das necessidades e preferências de cada uma. Qual o que lhe serve melhor?

Artigo publicado na revista Marketeer n.º 322 de Maio de 2023