Capgemini: O momento ideal para estar no metaverso é agora
Um espaço persistente, híbrido, em paralelo com o mundo real, com o propósito de combinar experiências digitais e físicas do dia-a-dia, de cada um de nós, seja em ambiente profissional ou pessoal, e claro, em qualquer lugar, a qualquer altura, num qualquer dispositivo. Como meio holístico, o metaverso permite, ao mesmo tempo, potenciar um conjunto de tecnologias, como realidade virtual, realidade aumentada, IA, IoT, Cibersegurança, Cloud, Edge Computing, e também componentes de Web3, suportados na descentralização – blockchain, DAO, DeFi, NFT, Cripto e Smart Contracts.
De acordo com Eduardo Ferreira, head of Innovation da Capgemini, «o metaverso pretende apelar a ligações mais emocionais com os consumidores, aumentar a criatividade e reinventar a experiência do cliente». Com esta visão, «a Capgemini vê-se como um parceiro dos seus clientes e, neste “novo mundo”, que é o metaverso, o nosso posicionamento é o de ser um enabler, alguém que está comprometido em testar algo novo». Mesmo sabendo que ainda existe muita incerteza e necessidade de experimentação.
Na estratégia da Capgemini, o metaverso faz parte dos Immersive Futures (Futuros Imersivos), que incluem igualmente a realidade aumentada, os digital twins, o multicanal e a descentralização (web3, blockchain, defi e tokens).
Além de equipas de investigação no Capgemini Research Institute, o Grupo Capgemini criou também um Metaverse Lab, que serve o propósito de ajudar os clientes a moldar e a executar as suas estratégias de metaverso.
Eduardo Ferreira afirma que «queremos estar entre os primeiros a ajudar os clientes a explorar as possibilidades do metaverso, identificar as oportunidades relevantes, educar sobre a tecnologia e implementá-la em vários casos de uso empresarial adaptados à sua realidade ou necessidade. Vemos o Metaverse Lab como tendo um papel importante na estruturação da visão do futuro e no início da entrega de experiências coordenadas, integradas e de envolvimento emocional».
Até à data, a Capgemini já explorou o metaverso em projectos internos e em parceria com diversos clientes. Internamente, foram desenvolvidas novas experiências de onboarding de novos colaboradores, formação e academias. Além disso, foram criados modelos de digital twins para a área de retalho e indústria.
No que diz respeito a projectos para clientes, a empresa destaca os Jogos Mundiais de Rugby (em 2021-22), os use cases da Tommy Hilfiger, Burberry e da Airbus, e a cidade de Seul, que pretende vir a ter uma cidade no metaverso.
AS VANTAGENS
Para a Capgemini, o metaverso traz vantagens para as empresas a vários níveis. Em primeiro ligar, é uma nova forma de brand engagement, ou seja, traz novas formas de posicionar as marcas e trabalhar os nativos digitais com feedback constante a em tempo real. Além disso, permite criar novos modelos de negócio (Business Impact) através de NFT, Freemium, parcerias e subscrições, ou ter novas fontes de receitas indirectas por via das vendas no mundo real e no virtual. Há ainda vantagens na área de Efficiency & Control, através da criação de réplicas do mundo real – modelos 3D que permitem ter uma previsão operacional e formação altamente especializada a custos mais reduzidos. Para Eduardo Ferreira, «agora é o momento ideal para uma empresa estar no metaverso. O custo de experimentar é relativamente baixo, visto que o custo do hardware é acessível e a experimentação é rápida». Assim, «as empresas interessadas em explorar devem ter uma abordagem estratégica ao metaverso, definindo uma abordagem de “experimentar e aprender”, explorando novos canais e touchpoints digitais».
As empresas devem, por isso, identificar e priorizar as iniciativas, ligar os resultados de marca a vendas e definir um roadmap para cada uma das iniciativas – desenhar uma estratégia digital (proactiva vs reactiva).
«Estudos indicam que o metaverso pode, até 2030, gerar receitas de vários milhares de milhões de euros. É melhor participar e ter uma palavra a dizer do que esperar e dizer que é um investimento arriscado», afirma Eduardo Ferreira.
Talvez por isso seja possível observar que, nos últimos tempos, são muitas as marcas que têm vindo a recorrer ao metaverso para experimentação de novos formatos de lançamento de produtos, eventos ou mesmo modelos de negócio. A Coca-Cola, por exemplo, apostou na criação de assets digitais coleccionáveis, com recurso a tecnologia (NFT), potenciando o seu lugar junto das gerações mais jovens e daqueles que pretendem estar sempre um passo à frente.
Para o head of Innovation da Capgemini, «as marcas estão à procura de aumentar as suas receitas e quota de mercado. Esse é o primeiro nível. Depois, no segundo nível, estão a trabalhar o brand equity – a percepção que o consumidor tem da sua marca, mais do que o produto ou serviço em si. Por fim, e no terceiro nível, a fazer o shapping do mercado, a procurar experiências diferenciadoras e a criação de ecossistemas. Nem todas as marcas conseguem operar nos três níveis referidos, mas o metaverso pode ser uma boa ferramenta para os dois últimos níveis».
PARCERIAS
A Capgemini, sendo uma empresa que opera globalmente, tem já estabelecido um conjunto de parcerias que inclui empresas como a Unity, a Microsoft, a PTC, NVIDIA, a Threekit e a Algorand. De acordo com Eduardo Ferreira, outras parcerias estão a ser avaliadas, «procurando sempre seguir o mote que temos para a inovação aplicada. Quando realizamos uma parceria para além do valor, ou do seu potencial, temos de a aplicar na prática. Por isso, futuras parcerias têm de seguir o que as acima mencionadas já conseguiram, ou seja, ser demonstráveis».
O metaverso promete ser transformador em várias áreas da sociedade, onde se destacam os serviços e sectores como o desporto e a cultura. No primeiro caso, existe a possibilidade de oferecer serviços de uma forma descentralizada, melhorando a experiência do utilizador e, ao mesmo tempo, a sua comodidade. «Por exemplo, e se quisesse tratar de algo nas Finanças, mas em vez de ter de ir fisicamente ao balcão, com deslocação até ao local físico, enfrentar filas e constrangimentos no trabalho, pudesse aceder remotamente, sem filas, quando e como lhe fosse mais conveniente?».
No desporto e na cultura, uma das aplicações é potenciar o acesso a quem não se consegue deslocar a um estádio, a um pavilhão, a um museu ou a uma galeria de arte. Isto, de uma forma imersiva, podendo, além de guardar uma recordação (via NFT), interagir com as próprias peças de arte.
O LADO SOCIAL
Eduardo Ferreira admite que um foco maior no digital pode, eventualmente, diminuir as interacções reais no mundo físico. Contudo, acredita que devemos olhar para o potencial positivo que o metaverso pode criar. «A nossa relação com os vizinhos, por exemplo, é em grande maioria das vezes circunstancial; cruzamento à porta da entrada, nos elevadores, ou nas reuniões de condóminos. E se pudéssemos melhorar a nossa experiência naquelas situações em que o digital pode ser diferenciador? No caso das reuniões de condóminos, possibilitar a quem não se pode deslocar uma forma de acesso mais próximo em vez de vídeoconferência, demonstrar as alterações e/ou obras que necessitam de ser feitas, potenciar o crescimento da comunidade e até do bairro. Se um prédio se consegue reunir via metaverso, por que não um bairro inteiro? Ligar o que até agora não era ligado, por vários motivos, parece-nos ser um impacto positivo no relacionamento entre as pessoas.»
No fundo, todos os avanços tecnológicos têm um cariz disruptor quando aparecem. A internet, os smartphones e a inteligência artificial, por exemplo, também tiveram o seu. Se o metaverso vai ser tão transformador como a internet, Eduardo Ferreira ainda não consegue garantir. «O metaverso está ainda numa fase exploratória. Aparenta ter características muito relevantes, como a ligação de várias gerações num só local, puxando os mais tradicionais e os nativos digitais e permitindo um nível de interacção que não tivemos até então. A minha recomendação é que sigamos de perto, de espírito aberto e sempre testando. Algumas experiências irão funcionar melhor que outras e a evolução é constante, todos os dias.»
Este artigo faz parte do Caderno Especial “O Mundo do Metaverso”, publicado na edição de Março (n.º 320) da Marketeer.